sábado, 24 de abril de 2010

Trava-língua



Você conhece o trava-língua do digo Digo digo Diogo? É assim:
QUANDO DIGO DIGO
DIGO DIGO
NÃO DIGO DIOGO
QUANDO DIGO DIOGO
DIGO DIOGO
NÃO DIGO DIGO
Conseguiu dizer? Então tente mais rápido...e mais rápido...e mais rápido... E depois, tente com as crianças...
O trava-língua Digo Diogo deve ser bem explorado para que as crianças consigam dizê-lo cada vez mais agilmente, de cor.
Para ajudar a explorá-lo e a memorizá-lo, várias brincadeiras podem ser realizadas, como dizê-lo oras bem devagar, oras sussurrando, oras dizê-lo lentamente, ressaltando o verbo dizer conjugado (digo), oras enfatizando o nome (Digo). Interessante também é substituir os “digo” que não são verbos por nomes das crianças, para compreenderem melhor a estrutura do trava-língua e perceberem o jogo de palavras que provoca aquela sonoridade específica no trava-língua original (digo Digo):
Quando digo Maria
Digo Maria
Não digo João
Quando digo João
Digo João
Não digo Maria

Além de brincar de pronunciar cada vez melhor e mais rápido, pode ser proposta uma ordenação coletiva, ou em pequenos grupos, duplas, do texto fatiado em palavras ou versos. Além de se constituir em uma boa situação de leitura e de reflexão sobre a escrita, também ajuda na memorização.
As atividades propostas a partir de material estruturado tanto podem ser os fatiados, quanto outro jogo de fichas com palavras contrárias, usando o texto para fazer uma atividade oral com os contrários. O desafio será substituir as palavras DIGO e DIOGO por palavras contrárias e dizer o trava-língua, também atentando para a pronúncia clara e rápida. Para isso o trava-língua deve estar bem decorado.
Ex. Claro e escuro:
Quando digo claro
digo claro
não digo escuro
quando digo escuro
digo escuro não
digo claro
Alguns jeitos de brincar...
Cada criança ou dupla de crianças recebe um par de fichas contendo as palavras contrárias (CLARO/ESCURO) e tenta reconhecê-las. A professora diz os contrários que foram distribuídos e as crianças devem tentar dizer qual é o seu par. A professora deve ajudá-los nessa tarefa, de acordo com o nível de leitura do grupo e da dupla. Um outro modo de distribuir é dar apenas uma das palavras do par e pedir que achem a outra embaralhada na mesa ou no centro da roda.
Depois dessa atividade de exploração e tendo todas as palavras sido reconhecidas ou indicadas pela professora, começa-se a brincadeira.
A proposta é cada um dizer o trava-língua substituindo Digo e Diogo mostrando as duas palavras quando as enuncia. Pode ser um da dupla dizendo e o outro mostrando. Outra possibilidade é cada dupla mostrar o seu par e alguém do grupo reconhecendo as palavras, é escolhido para dizer o trava-língua, lendo-as. Ou, ao contrário, o trava-língua modificado é dito por alguém e quem tem o par em questão se identifica.
Uma outra variante é cada criança receber apenas uma das palavras do par e dizer o trava-língua usando sua ficha, mostrando-a, dizendo também o seu contrário. Quem tiver a palavra contrária deve então mostrá-la também.
A proposta, em todos os casos é sempre dizer o trava-língua substituindo pelas palavras contrárias a partir da leitura das fichas. Todos podem ajudar, pois o objetivo é tentar reconhecer as palavras usando estratégias diversas e os conhecimentos que se dispõe sobre o sistema.
Caso a turma seja muito heterogênea, cuidar para que os que têm domínio de leitura não respondam sempre pelos outros, dando, por exemplo, diferentes tarefas para eles (ex. os que leem pode ter a tarefa de dizer o trava-língua e os que não, de identificar e mostrar as palavras).
Depois da brincadeira, os que escrevem alfabeticamente, podem escrever as versões que mais gostaram ou inventar outras. Os que ainda não têm domínio de leitura e escrita autônomas, podem ordenar o fatiado em palavras, sendo cada vez preenchido com essas palavras (escritas em papel cortado em forma de fichas), formando-se, assim, novas versões do trava-língua. As crianças devem encontrar os pares correspondentes embaralhados.
Em termos do processo específico de alfabetização, essa atividade contribui para o uso dos conhecimentos que se dispõe sobre o sistema de escrita e o uso de estratégias de leitura na identificação das palavras, por um lado e, por outro, para a ampliação do repertório de “modelos estáveis”: palavras que funcionam como modelos de escrita convencional, que as crianças passam a reconhecer – toda ou em parte – constituindo em fonte de informação sobre o sistema de escrita e de comparação e confronto com as hipóteses infantis.
Tudo isso a partir de um texto da tradição oral, que traz brincadeira, desafio de pronúncia e de memória, bem como aprendizado do léxico. As palavras contrárias podem também ser usadas em contextos de produção coletiva ou individual de textos, construção de personagens e lugares de narrativas, suas características, descrição de objetos etc. Tendo o repertório de palavras disponíveis, as crianças podem consultar sua grafia para indicá-la à professora escriba ou consultar para escrever textos de próprio punho.
Seguem abaixo algumas sugestões de contrários para confeccionar as fichas, mas podem ser muitas outras as possibilidades, várias, podem até sair de contextos de histórias...
As minhas são impressas com letras de imprensa grande, cortadas e coladas em papel grosso, tipo duplex, do mesmo tamanho, e plastificadas. Ficam mais bonitas e duram bem mais! São todas brancas, mas é possível fazer também cada par de uma cor. Cria outras possibilidades, mas inviabiliza aquela sugestão de dar uma palavra para encontrar, dentre todas as outras, o seu par.
Ah! E quando digo brincar, digo brincar, não digo estudar!
Beijão,
Lica
largo/estreito
comprido/curto
mais/menos
perto/longe
bonito/feio
alto/baixo
forte/fraco
Muito/pouco
duro/mole
fino/grosso
triste/alegre
fundo/raso
grande/pequeno
cedo/tarde
leve/pesado
cheio/vazio
dentro/fora
aberto/fechado
...e inventem outros!!!
Esse kit e proposta foram elaborados a partir de uma ideia de brincadeira de Mary Arapiraca, minha fada madrinha, Emília muito sabida e inventadeira das palavras!

10 comentários:

  1. Pró,
    Fiz com os meninos, foi muito engraçado!!!!!!
    Demos muitas risadas. Eles sugeriram outos contrários e foi uma farra só. Brincamos também de cada um com uma ficha achar a sua palavra contrária no bolo com todas as outras, de comparar as palavras, de trem de palavras (lembra o que você fez com a gente com os nomes próprios, pois é, fiz com essas palavras. Foi legal também). Eles já estão reconhecendo algumas delas.
    Agora estamos usando os contrários para ajudar a caracterizar os personagens e as coisas de uma história coletiva que estamos inventando.
    Obrigada, professora, por continuar nos inspirando e ensinando de longe!
    Beijo,
    Leila

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  2. Oi LIca,
    Disse foi coisa, além de Diogo!
    Parabéns....
    bjocas,
    Luiza.

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  3. Obrigada, Luiza!
    E às vezes digo coisa até demais, preocupada em explorar ao máximo as atividades, e passá-las adiante...
    Beijão,
    Lica

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  4. Oi, Leiloca,
    Vez que vi fazer com as crianças também foi muito divertido. Que bom isso, né? Pedagogia do riso!
    Que bom que deu certo fazer um trem com as palavras contrárias. Para quem não sabe, o trem de nomes próprios é uma atividade bacana com os crachás ou fichas com os nomes das crianças do grupo. Um nome é colocado no centro, como a locomotiva, e os outros devem ser colocados, um após o outro, a partir de algum critério que têm em comum, como mesma letra inicial, final, mesmo tamanho (número de letras), mesmo número de sílabas, partes parecidas (Ex. Mariana e Juliana), dentre outras possibilidades. É interessante deixar as crianças proporem seus próprios critérios e ir aproximando-os cada vez mais de critérios formais, que ressaltem aspectos gráficos ou fonológicos dos nomes. Cada nome deve guardar algum tipo de semelhança com o que antecede no trem, não com a locomotiva.
    Essa é uma atividade muito interessante, dentre outras, com nomes próprios e também com outro universo de palavras, como Leila fez.
    É isso!
    Continue mandando suas ideias, Leila!
    Beijos,
    Lica

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  5. Tenho dificuldade com trava-língua vou precisar explorar bem para poder passar para as crianças e a memorizá-lo. Muito interessante as dicas de como podem ser realizados, como dizê-lo oras bem devagar, oras sussurrando, oras dizê-lo lentamente, ressaltando o verbo dizer conjugado, oras enfatizando o nome fazer com que elas compreendem melhor a estrutura do trava-língua e perceberem o jogo de palavras que provoca aquela sonoridade específica. Que existem alguns jeitos de brincar, de pronunciar cada vez melhor e mais rápido, que pode ser coletivo, ou em pequenos grupos, duplas, do texto fatiado em palavras ou versos. Constituindo uma boa situação de leitura, memorização e de reflexão sobre a escrita.

    Emilia Soraia - edcb85 – alfabetização e letramento –(segundas – noite)

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    1. Dizer trava-línguas é questão de familiaridade, treino, mas lembre-se que tropeçar na pronúncia faz parte da brincadeira! E as prós também tropeçam!
      Sds!

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  6. Francineide Reis. EDC, Alfabetização e Letramento (noturno)
    Ao brincar de trava-língua, a criança precisa internalizar gradual e sutilmente a consciência fonêmica, nem se dando conta de tal acontecimento. Quando essa etapa é superada, a consciência fonêmica , seja oral ou escrita, pode-se observar o que lhes trás dificuldade no momento da pronúncia, passa-se a reconhecer.
    Metalinguisticamente, a reflexão dos fonemas e sua composição na fala ou na escrita, não se tratando de memorizar, mas sim, de internalizar através dos aspectos cognitivos a formação das sílabas e palavras. Os jogos de palavras, devem direcionar para os fonemas e as trocas deles para a apreensão natural do conhecimento dos grafemas e fonemas, como as palavras com ||R||e ||P||.
    É uma brincadeira muito gostosa, a criança que aprende o trava-língua, já treinou bastante e já consegue pronunciar varias palavras corretamente, porém, não obrigatoriamente acertar todas as pronuncias, afinal todos nos temos nossas dificuldades com os benditos trava-línguas, não é?

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    1. A consciência fonêmica vem, em especial, a partir do contato com a escrita alfabética. É analisando as palavras escritas que o fonema ganha realidade para a criança e pode ser analisado oralmente.
      Mas os trava-línguas contribuem também para chamar a atenção para os fonemas oralmente, por sua aliteração. Seja nas brincadeiras epilinguísticas, seja já metalinguisticamente, chamando a atenção para esses sons que se repetem, seja analisando no texto escrito a grafia que expressa essas repetições sonoras aliteradas, os trava-línguas fazem a festa!
      Bom, e nessa brincadeira, "errar" faz parte, né?

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  7. Boa tarde, professora!
    Sempre gostei muito de trava-línguas e treinava muitos na infância. O desenvolvimento que permite é muito grande, na consciência fonêmica, na pronuncia de palavras. Entretanto, eu estava pensando sobre a utilização dos trava-línguas para crianças com alguma deficiência na oralização. É possível trabalhar com os trava-línguas, quais os benefícios para o desenvolvimento da consciência fonêmica e como é esse processo para essas crianças?

    Vitor Rafael Ribeiro
    EDCB85, Diurno, 2019.2

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    1. Sim, Vitor!!!
      Trava-línguas são usados por fonoaudiólogos para trabalhar a articulação dos sons da língua, bem como a dicção de cantores e atores...
      E ainda é de um jeito brincante!
      Agora, eu não tenho experiência com crianças com dificuldade de fala, não sei te dizer como é o processo...

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