sexta-feira, 29 de outubro de 2010

E por falar em Maria-vai-com-as-outras...


Brincando, aprendendo e lanchando com Maria...


O livro Maria-Vai-com-as-Outras, de Sylvia Orthof, Ática, citado no post anterior, pode, por sinal, dar margem a muitos outros textos e atividades interessantes. Listas, frases feitas, receitas culinárias, por exemplo, são ótimos textos para trabalhar, de diversos modos, na alfabetização.
A feijoada e a salada de jiló, que aparecem na história, são peças chaves na mudança de Maria e dão a deixa para conversar sobre as comidas que as crianças gostam e as que detestam. Assim, a leitura do livro pode, por exemplo, provocar a produção de listas coletivas, como lista de comidas que o grupo gosta e lista das que não gosta (e como o gosto é relativo, uma mesma comida pode estar nas duas listas). E a partir delas, montar fichas para que cada um componha seu “cardápio” pessoal de preferências, que podem ser usadas também para fazer classificações quanto a serem alimentos doces ou salgados, almoço ou lanche, enfim, o que surgir no grupo. Pode inclusive usar as fichas para comparar as palavras quanto às características formais: letra inicial, final, tamanho, etc.
Outra proposta muito legal é o trabalho com frases fixas (expressões idiomáticas), com seus significados literais e figurados, como a frase “Maria-vai-com-as-outras”, dentre outras, usadas em situações específicas, com sentidos bem específicos. As frases feitas, fixas, são frases cujo sentido é global, não se reduzindo à soma dos sentidos das palavras que expressa. São muito frequentes na língua e amplamente utilizadas em diversas situações. Assim, frases como ficar com água na boca, ver com os olhos e lamber com a testa, dar nó em pingo d’água, marinheiro de primeira viagem, levantar com o pé esquerdo, meter os pés pelas mãos, dor de cotovelo, dar o braço a torcer, dar uma mãozinha, estar no mundo da lua, dar nó em pingo d’água, o gato comeu a língua, sem pé nem cabeça, tirar de letra, bater com o nariz na porta, comprar gato por lebre, dentre muitas e muitas outras, podem ser abordadas em seu significado literal e seu sentido figurado – que é o sentido real das frases.
Como os provérbios, ditos populares, trazem também esse interessante aspecto que é mostrar que o sentido dos textos nem sempre (e frequentemente não é mesmo...) está no que o texto diz literalmente, pois o que vale é o sentido particular da expressão como um todo. Esse é um aprendizado riquíssimo – muito bom para a alfabetização de adultos, pois os adultos já trazem em suas falas muitas dessas expressões – e as crianças podem ir, aos pouquinhos, se apropriando de algumas dessas ricas pérolas da língua. O livro Maria-vai-com-as-outras favorece essa discussão, pois além de Maria ser o nome da personagem, traz, na construção dos sentidos da história, o sentido dessa expressão idiomática. Trabalhando com algumas delas, pode depois fazer fichas para as crianças reconhecerem as expressões escritas, encontrando a que serve para ilustrar determinada situação expressa.
Outro gênero de texto que pode ser abordado a partir do livro é a receita culinária. Como a comida preferida da personagem tem um papel importante na história, podemos propor trabalhar as receitas de algumas comidas preferidas do grupo. Assim, as crianças podem observar as características das receitas, o que têm para que cumpram seus objetivos como texto, que coisas têm em comum, em que situações observamos pessoas se utilizando delas e para quê, enfim, conversas interessantes do ponto de vista do letramento. Receitas lacunadas para preencherem, quando bem pensadas, são atividades interessantes do ponto de vista da alfabetização. E se houver alguma receita que seja possível cozinhar na escola, que delícia!!!
Enfim, a história favorece a exploração de outros gêneros textuais, relacionados ao que é abordado na história, em atividades de alfabetização e letramento. Dei aqui a dica de algumas possibilidades.
Inté,
Lica

10 comentários:

  1. Lica

    O seu trabalho está espetacular. Parabéns!!!
    Saudades
    Marlem

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  2. Oi, Marlem, querida,
    Obrigada!
    Que bom saber que você anda por aqui...
    Saudades também,
    Beijos,
    Lica

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  3. Lica!
    Parabéns pelo blog, é encantador! Já passei por aqui antes, mas fiquei caladinha. Foi Marynha que me disse de seu blog.
    Eu queria fazer uma caixinha com um livro legal. Por exemplo, o Bom dia todas as cores foi um texto que contei muitas vezes pra minha filha, a Ana Ruth, seria bom recuperar essa experiência tão boa pra mim e pra ela, com outras possibilidades. Vou tentar fazer e te digo.
    Parabéns pelo trabalho, e pela oficina lá na nossa disciplina de Alfabetização. Mais uma vez, muito obrigada.

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  4. Obrigada Raquel,
    Como já te disse, gosto dessas oportunidades de fazer oficinas mais pontuais, ainda que rápidas, enquanto não retomo as mais longas...
    Tente mesmo! É muito gostoso fazer e ver feitas as caixinhas...
    E se precisar tirar alguma dúvida ou tiver outras ideias ao fazer a sua caixinha, escreva, viu?
    Beijos,
    Lica

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  5. Opa! Achei a inspiração para material com frases feitas e o melhor: tenho o livro da Maria!!!! Vou fazer um kit!!! Acho que viciei! Rsrsrsrsrsrs
    Beijos
    Ana

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  6. Rsrsrsrs!!!!
    Que ótimo vício, Ana, jogue duro!
    Bjs,
    Lica

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  7. Valeu! Nossa, como cortar papel faz bem pra mente!!! Todo mundo deve experimentar!
    Bjs,
    Ana

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  8. Melhor escolha do mundo foi comer uma feijoada. Viva Maria! :)
    O desenrolar é tão genial que nos alegra e nos faz pensar que uma expressão tão antiga pode abrigar inúmeras atividades!
    Pensei em: "Descascar o abacaxi", " Dar a volta por cima", "Com o rei na barriga", e outras que são engraçadas, mas ao mesmo tempo instigaria os adultos com as atividades de alfabetização. Com este livro e esta história eu penso nas crianças, mas ao entrar em contato com o universo das frases feitas eu acredito que a aproximação com os adultos seria encantadora.


    Louise
    EDCB85- 2018.2

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  9. Siiiiiiiiiiiiiiiiiim, Louise!
    Os provérbios e as frases feitas constituem um repertório maravilhoso para os adultos, que os usam frequentemente.
    Mas também fazem festa com as crianças, basta escolher alguns mais acessíveis. E muitos provérbios são moral de fábulas!

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