Oi, oi,
Como prometido, eis o post do Lince “O que tem nesta venda?”. Esse é um post continuação do anterior, portanto, quem não o leu, é bom ler, tá? Gostaria principalmente de relembrar que os jogos e materiais propostos aqui a partir de livros de literatura são possibilidades de exploração de aspectos trazidos por eles – no caso deste, as rimas – que se propõem a ampliar a leitura dos livros e não sobressair-se a eles, ou empobrecê-los de sua natureza literária. Essa é uma compreensão fundamental dessa proposta metodológica. Os jogos favorecem durar na poesia, apropriar-se dela, expandir seus elementos, voltar a ela...
Mas vamos ao Lince.
Há duas possibilidades de organizar o Lince. Ou fazemos um tabuleiro com as pequenas figuras correspondentes às rimas coladas nele ou apresentamos essas pequenas figuras soltas, para que possam mudar de lugar a cada partida. Com as figuras coladas não há possibilidade de variação da posição das figuras de jogo para jogo, mas é um formato interessante, bonito, mais fácil de confeccionar e de manter. Com as cartelas separadas, não fixas no tabuleiro, permite-se que a cada partida estas sejam embaralhadas e não se memorize as posições onde se encontram. Entretanto, as cartelinhas dão mais trabalho de confeccionar e perdem com mais facilidade.
Kit Lince com as duas formas de jogo |
Cartelinhas soltas |
Com as figuras soltas, o jogo contém várias pequenas cartelas, com as figuras correspondentes às rimas do texto “O que tem nesta venda?” (fiz as minhas redondas, bem chatinhas de recortar, mas forma um todo mais interessante que quadradinhas). Essas cartelinhas devem ser embaralhadas, espalhadas, mas não muito separadas. O conjunto delas constitui o tabuleiro.
Seja com figuras fixas ou soltas, há duas possibilidades de jogo: Lince Fonológico ou Lince de Reconhecimento de palavras. Antes de jogar, no entanto, é preciso que os jogadores se familiarizem com as figuras do jogo, como saber o que as figuras representam, como compasso, cadarço, caqui, torrada (e não pão), bolacha (e não biscoito), ricota (e não queijo), sabonete (e não sabão), chá mate (e não chá ou xícara, para a figura da xícara de chá) e assim por diante. Para ajudar nisso podem ser usadas as cartas do Bingo ou do Baralho fonológico “O que tem nessa venda?”, que são maiores, notando, no entanto, que há no Lince, por vezes figuras diferentes, como dois tipos de bola, dois tipos de torta etc. Essa exploração é fundamental para que as chances de encontrar as figuras com rapidez sejam maiores. Retomar o livro também é importante nessa familiarização com as palavras presentes no jogo. Talvez seja interessante também jogar esses outros jogos, como o Bingo e o Baralho Fonológico, antes do Lince, para ajudar nessa familiarização (serão mostrados em breve!).
Lince Fonológico:
Joga-se entre dois a quatro jogadores, e mais um adulto ou criança que lê com autonomia, para sortear e ler as cartas indicando as rimas. Nesse formato, o jogo é de reflexão fonológica sobre a rima, unidade que está presente no livro fonte desse material.
No tabuleiro com as peças soltas, ao ouvirem a indicação lida sobre a rima (ex. “rima com anel”), todos os jogadores devem procurar as figuras correspondentes àquela rima no tabuleiro (todos buscam as figuras do “papel” e do “pastel” no tabuleiro, que são figuras do livro que rimam com anel).
Como tem mais de uma cartela com a mesma figura (tem duas coisas de cada) e figuras com rimas iguais (ex. papel e pastel), os jogadores podem encontrar várias cartelas - todas ou algumas delas - inclusive diferentes jogadores. Cada um guarda para si as cartelas que encontrar, mas só vale pegá-las naquela rodada. Depois que outra carta de indicação for lida, não se pode mais pegar as da carta anterior. Ganha quem tiver mais fichas ao final do jogo.
Com as figuras coladas no tabuleiro, é preciso organizar um modo de registrar a contagem das figuras encontradas, por isso, nesse caso, o jogo com as cartelas soltas termina sendo mais simples em termos da contagem dos pontos.
Entretanto, ter marcadores como grãos de feijão ou botões, ou algo do gênero, resolve, ao se jogar com o tabuleiro fixo. Cada um que achar uma das cartelas, nesse caso, pega para si um marcador ou registra. Ganha quem tiver mais marcadores ou marcas ao final do jogo, já que a quantidade deles representa a quantidade de figuras que cada um encontrou. O Lince fonológico funciona de modo mais simples com as figuras soltas, não coladas, por isso mesmo. Mas nada impede de jogar registrando os pontos.
Lince de Reconhecimento das palavras:
O Lince aqui não é mais de consciência fonológica, mas de reconhecimento de palavras, ou seja, de leitura. Usam-se, em vez das cartelas com indicação de rimas, fichas com palavras escritas: as palavras correspondentes às figuras do jogo (os pares de rimas referidos no livro).
O primeiro que a ler e encontrar uma figura correspondente no tabuleiro do Lince, ganha para si a cartela (ou ganha para si a ficha com a palavra, caso o tabuleiro seja com as figuras coladas). Pelo fato de a ficha de palavras funcionar como controle de quem encontrou uma figura primeiro, o jogo do Lince de Reconhecimento de palavras serve bem para ser jogado com as figuras fixas no tabuleiro. Melhor até que com as cartelas soltas.
No segundo modo de jogar, cada jogador recebe (retira de um saquinho ou monte, sem ver) duas fichas com as palavras escritas correspondentes às figuras do tabuleiro. Depois de um sinal, devem tentar localizá-las rapidamente e pegar a cartela com a figura encontrada para si (ou pegar a palavra para si, caso as figuras sejam coladas no tabuleiro e devolver a que não encontrar). Quando o primeiro jogador localizar uma figura correspondente a cada uma de suas duas fichas de palavras (tem mais que uma figura de cada rima, mas basta encontrar uma), a rodada, então, deve parar, e os outros não mais podem procurar as figuras, devolvendo as palavras ao monte (ou saquinho), e embaralhando-as.
Cada jogador fica com as fichas das palavras (ou com as cartelas com as figuras) que conseguiu localizar e, então, retira duas novas fichas de palavras. E assim por diante...
Quando não mais houver palavras suficientes para distribuir duas para todos os jogadores, distribui-se uma. Quando não mais tiver para todos, termina-se o jogo. Ganha quem, no final da partida, estiver com mais cartelas ou fichas de palavras. Pelo fato de implicar o domínio de leitura das crianças, é preciso pensar nos agrupamentos para jogar, formando grupos com domínio semelhante de leitura, para uns não estarem sempre em desvantagem.
Observação: o número de palavras entregues pode variar a depender do domínio de leitura do grupo e do número de figuras do tabuleiro, pode ser três, em vez de duas, se houverem muitas, como no caso da turma ter feito uma atividade de produção de texto, ampliando os produtos da venda. Essas rimas advindas de atividades de produção textual e ampliação do texto poético podem ser incluídas no jogo, aumentando-se as figuras do tabuleiro e as fichas. Essa atividade de produção (indicada no post anterior) é bem interessante, não só para ampliar o trabalho com a sonoridade, com as rimas, mas para aumentar o desafio no jogo do Lince, seja o fonológico ou o de reconhecimento de palavras, já que o universo de figuras aumenta exigindo mais atenção e acuidade.
É isso, gente! Essa é a minha proposta de jogo a partir desse livro de Elias José. Como ele tem muitas rimas, dá margem também a outros jogos, que postarei em breve: o Bingo e o Baralho “O que tem nesta venda?” são uns deles. Assim, vocês podem ter algumas possibilidades de jogo para escolher as que lhes agradam mais ou para variar. Fica também a dica de estrutura de jogo, que pode ser adaptados a outros textos rimados.
Aguardem!
Lica