quinta-feira, 9 de agosto de 2018

Trave o Trava-língua

O trava-língua é um gênero da tradição oral que por si só já é desafiante, pois compõe-se de verdadeiros desafios articulatórios, por suas combinações reiterativas de fonemas ou de fonemas e encontros consonantais. A brincadeira provoca a pronúncia, o mais rápido possível, de um texto curto, mas cheio de tropeços.

Utilizando aqui a distinção que faz Rêgo (2008), a partir de Bergson e Bakhtin, entre o rir de, do desvio que expõe ao ridículo, e o rir com, riso espirituoso, corporal e festivo que transgride, que celebra, que nos une por sermos falíveis como humanos e, sobretudo, em que os que riem se incluem no risível, me atreveria a dizer que, com os tropeços do trava-língua, o rir é um rir com. Como todos os jogadores estão “no mesmo barco” das atrapalhações articulatórias, a situação configura-se como um rir de, mas rindo com, riso coletivo sem peso e negatividade, pois todos estão cientes de que terão sua vez de arriscar e se embolar. Travar a língua é lei, e acertar, destravando-a na sucessão rápida da pronúncia das palavras, torna o jogador uma espécie de herói que vence a língua por todos! E nessa brincadeira, até os adultos erram, e na escola, inclusive os professores, aproximando todos em um mesmo time, para vencer os enroscos dos textos.

O trava-língua é, por sua natureza sonora e articulatória, um gênero muito privilegiado para explorar a consciência fonológica e, em especial, a consciência fonêmica. Também é muito produtivo para tornar salientes as sílabas complexas, quando as crianças já têm um certo domínio do funcionamento alfabético. Ainda que questionando o caráter consciente dos jogos de linguagem, Belintane (2013) também enfatiza a oralidade poética como um repertório altamente favorável à alfabetização, reconhecendo o papel dessas sonoridades nesse processo, e o trava-língua, em especial, nessa abordagem das sílabas complexas. 

A reflexão metalinguística, ou consciência fonológica, articulada ao próprio brincar de pronunciar esses textos, pode estar presente em forma de:

- exploração de fonemas vocálicos em assonância, como em “A Iara amarra a rara arara de Araraquara”, ainda com crianças que estão na fase bem inicial de fonetização da escrita. Isso porque chamam a atenção para os sons vocálicos – que soam – e sua representação gráfica, facilitada também, pelos nomes da letras, que coincidem com alguns dos fonemas que representam;

- exploração da consciência silábica, como a repetição da sílaba DI em “quando digo Digo, digo Digo, não digo Diogo...”, das sílabas CA e PA, em “quem a cara paca compra, paca cara pagará” - espécie de aliteração de sílabas;

- exploração das unidades fonológicas intrassilábicas (menores que a sílaba) – sejam elas os encontros consonantais, como /pr/, /tr/ e /gr/ (que correspondem ao ataque/onset da sílaba), em “um prato de trigo para três tigres tristes”, ou as unidades que criam as sílabas travadas, como o S em LUS e LIS, em “Luzia lustrava o lustre listrado” – e que se relacionam também com a consciência das sílabas complexas – note-se a diferença de som e grafia de LU e LUS;

- exploração das repetições de fonemas consonantais em aliteração - consciência de aliterações e fonemas, como o fonema /R/ em “o rato roeu a roupa do rei de Roma”, o /d/ em “quando digo Digo” ou dos fonemas /p/ e /k/ em “quem a paca cara compra, cara paca pagará”. Note-se que a consciência fonêmica não se restringe à capacidade artificial de isolar os fonemas de uma palavra ou segmentá-la em fonemas.

São muitos aspectos possíveis de se explorar nos diversos trava-línguas, seja só por brincar de pronunciar (atividade epilinguística, como define Gombert, em ARAUJO, 2017), seja brincando oralmente, mas analisando metalinguisticamente as dificuldades de pronúncia, seja analisando-as na relação com o texto escrito. Os trava-línguas são tão naturalmente relacionados ao aspecto articulatório da linguagem, que há quem os use como exercício de fala e de leitura – atores, locutores de rádio, fonoaudiólogos. Mas a cultura popular oferece esses exercícios articulatórios brincando!

Antônio Henrique Weitzel, nos seus livros Folclore literário e linguístico e Folcterapias da fala, assim classifica os trava-línguas pelo grau de dificuldade articulatória:

- simples (predomínio de um fonema consonantal): “O pinto pia, a pia pinga. Quanto mais o pinto pia, mais a pia pinga..” (predomínio da bilabial /p/, associada a assonâncias);

- compostos (mais de um fonema e variado ponto de articulação): “é muito socó para um socó só coçar” (alveolar + velar /s/ + /k/). “O sabiá não sabia, que o sábio sabia, que o sabiá não sabia assobiar” (alveolar + bilabial /s/ + /b/). Note-se que o grau de dificuldade aí pode variar, em função da quantidade de fonemas consonantais e a combinação dos pontos de articulação;

- complexos (fonema consonantal + encontro consonantal, /l/, /tr/): “Luzia lustrava o lustre listrado, o lustre listrado luzia...”. Por vezes ficam bem complexos mesmo, com combinação de jogo de mais de um fonema com o encontro consonantal, como em “Pedro pregou um prego na porta preta” e “Caixa de graxa grossa de graça” /k/, /g/, /x/ e /s/ combinadas com /gr/.

É interessante notar, no entanto, que a classificação certamente serve de guia, mas nem sempre garante a complexidade dos jogos de palavras envolvidos nos trava-línguas. Em “Tecelão tece o tecido em sete sedas de Sião. Tem sido a seda tecida na sorte do tecelão”, por exemplo, há o predomínio de três fonemas consonantais (/s/, /d/ e /t/), configurando-o como um trava-língua composto. Entretanto, embora o foco da dificuldade sejam os fonemas consonantais, a ocorrência das assonâncias /e/, /a/, /i/, /ão/, alternadas na sucessão das palavras, também contribui para a dificuldade de pronúncia rápida e para os tropeços em sua enunciação.

A consciência fonêmica se desenvolve, primordialmente, em contato com a escrita alfabética. Os fonemas são unidades abstratas para quem não é alfabetizado, pois não existem na materialidade sonora, já que a fala é co-articulada, ou seja, pronunciamos os fonemas consonantais como uma unidade junto com os fonemas vocálicos, formando sílabas, unidade mínima da emissão sonora. Por isso são consoantes – soam com, com as vogais. É muito difícil e artificial isolar os fonemas na fala, impossível até, principalmente os oclusivos. Os fricativos ainda podem ser “esticados” e pronunciados quase que sem suas vogais correspondentes – como ao pronunciar /xxxxx/, /zzzzz/. Desse modo, é na análise do escrito que o fonema se torna observável como unidade menor que a sílaba, seja como unidade distintiva de duas palavras (GATO-RATO), formando pares mínimos, seja como invariante em diversas palavras, especialmente as iniciadas com um mesmo fonema (RATO-REI-ROUPA-RUA...). Ao ver as palavras escritas, os fonemas ganham contornos, pois se observa graficamente o que diferencia o som da palavra GATO do som da palavra RATO, ou o que tem de parecido e o que tem de diferente em RUA e RIO. O escrito fornece, assim, um modelo de análise do oral, um apoio para analisar a unidade fonêmica, sonora. Observar, na escrita, os jogos de palavras nos trava-línguas pode favorecer tanto a observação da sua invariância como sua natureza distintiva. E isso é fantástico!

Entretanto, mesmo na oralidade apenas, os fonemas podem se tornar salientes, observáveis, em sua repetição, sua aliteração, nos trava-línguas (repetição de sons consonantais). As aliterações dos fonemas consonantais nos trava-línguas chamam a atenção para aquele fone que se repete e que trava a língua, embolando a pronúncia. Mesmo os fonemas oclusivos, bem mais difíceis de serem observados e pronunciados isoladamente, sem apoio da vogal, podem ser observados. Em “quando digo Digo, digo Digo, não digo Diogo”, esse /d/, /d/, /d/, que se repete não chama a nossa atenção por sua reiteração? E vendo-o escrito, não indica que esse som é representado pela letra D? Não é uma letra que, por sinal, tem um nome que dá pistas desse som? Pois então... é assim que a consciência fonêmica vai se desenvolvendo, em presença do escrito.

O jogo Trave o trava-língua é um jogo de trava-línguas para brincar e desenvolver a consciência fonológica. O jogo se constitui de cartelas com trava-línguas com níveis diferentes de desafio articulatório e, no verso, comandos para dizê-lo de outros jeitos, travando ainda mais essas fórmulas já bem cheias de pronúncias tortuosas. A ideia é brincar mais ainda com um texto que, em si, já é para brincar com a língua – por isso “Trave o trava-língua” – desafio em cima de desafio.


O jogo pode ser proposto para quem já sabe ler, pois, de todo modo, coloca-se novos desafios orais e de leitura. O jogador deve tentar dizer oralmente o texto com a modificação solicitada no comando, mas pode se apoiar no texto escrito. Mesmo para quem já lê, e lendo-o, há as sílabas complexas, há o jogo entre os tipos de articulação envolvidos, há vários aspectos que se configuram como desafios orais, de leitura e de análise linguística. 

Já aqueles que não sabem ler, mas que estão familiarizados com os trava-línguas, e os sabem de memória, terão novos desafios orais a partir dos comandos, que podem ser lidos pelo professor ou por algum colega. Mas não é fácil. O professor pode iniciar, exemplificar. Com as crianças ainda no processo inicial de fonetização da escrita, sem nenhum domínio do funcionamento alfabético, os trava-línguas com assonâncias (repetição de sons vocálicos), são mais indicados, tanto para brincar oralmente, quanto para observar na escrita. Mas brincar oralmente de tentar pronunciar, podem brincar também com os mais desafiantes.

Por trazer outros desafios de pronúncia a um gênero já desafiante nesse sentido, o jogo Trave o Trava-língua favorece, assim, a reflexão fonológica, fonêmica, sem e com presença da escrita, chamando a atenção para os sons menores que as sílabas. O apoio na escrita amplia essa reflexão, mas se pode também explorar o jogo oralmente – o desafio é até maior sem o apoio no texto. Mas para isso o jogador precisa saber o texto de memória.

O que está em jogo nos comandos são substituições ou subtrações de letras/fonemas, vocálicos e consonantais, substituições de palavras, ou dizê-lo ainda mais rápido, ou com algum complicador, dentre outras indicações, que mobilizam a reflexão fonológica, em especial a consciência fonêmica e de unidades intrassilábicas (como os encontro consonantais), bem como chamam a atenção para as sílabas complexas.


No versos da cartela, cada comando está marcado por um numeral, para jogar com um dado. Cada jogador escolhe ou sorteia uma cartela, lança o dado na sua vez, confere o numeral na face do dado, e lê/ouve o comando correspondente. Cada cartela tem 5 comandos, pode-se combinar que, caindo o 6, o jogador lança novamente o dado ou escolhe o comando, ou até pode trocar de cartela (combinar a regra antes do início do jogo). Se alguém não conseguir fazer, pode escolher outro comando ou cartela. O desafio do jogo é dizer o trava-língua, não há vencedores, o propósito é todos terem sua vez de tentar, de ser desafiado, de brincar, de acertar, de se embananar.

Como a cada jogada apenas um comando é lido, as cartelas devem ser usadas várias vezes no mesmo jogo. Alguns trava-línguas são mais fáceis, outros mais difíceis, alguns têm comandos mais complexos e outros mais simples. Em contexto escolar, professores podem fazer e distribuir as cartelas de acordo com o grau de dificuldade dos comandos e dos trava-línguas (conforme a classificação de Weitzel).

O jogo é de consciência fonológica, mas a ideia é não perder o caráter de brincadeira. Assim, o professor pode avaliar as dificuldades e retomar em outros momentos, e deve sistematizar apenas depois os aspectos linguísticos, como a escrita de sílabas complexas, os “sons” das letras, a análise das unidades intrassilábicas que tornam a sílaba complexa (S em LUS de lustre, ou R de PRA em prato)... No entanto, no momento do jogo, ressaltar o que gera a dificuldade de pronúncia no trava-língua, analisar junto essas dificuldades e as “saídas” das crianças para conseguirem pronunciar, faz parte da dinâmica do jogo, e são bem vindas. Embora favoreçam reflexões e até mesmo a habilidade metalinguística de pensar sobre o que torna o texto difícil de se dizer, a brincadeira está preservada. E a ideia é essa, equilibrar a função lúdica e a função educativa, como ressalta Tizuko Kishimoto (2013), garantir a brincadeira, mas também as aprendizagens.

Gente, para finalizar, lembrando que jogos e materiais se constituem em recursos didáticos quando articulado aos objetivos de aprendizagem, a outras estratégias didáticas, outros materiais e repertórios, tudo isso envolvendo planejamento e contextualizado por uma concepção de alfabetização. Nesse sentido, indico que a literatura tem muitas brincadeiras semelhantes, como essas dicas aqui, bem ao gosto desse jogo:

O rato, o pato, o gato e o Nonato

O rato roeu a roupa do rei de Roma,
O pato poeu a poupa do pei de poma,
O gato goeu a foupa do guei de goma
E o Nonato noeu a noupa do nei de noma.

TRAVATROVA, da Ciça (Ed. Nova Fronteira)


Errata
O ato oeu a oupa do ei de oma.
O rato roeu a letra do meu poema!
O rato inventou outro idioma? 
Ê, rato,
     pra que tanta
errata?


Léo Cunha, LÍNGUA DE SOBRA, Ed. Cortez

E isso sem contar o vasto mundo dos textos poéticos da literatura infantil, que flertam com os trava-línguas. São muitos!
  E para saber mais sobre fonemas e sua abordagem na alfabetização, veja aqui em outra postagem do blog.

Referências

ARAUJO, Liane Castro de. Textos da tradição oral: reflexão fonológica e cultura lúdica infantil. (No prelo), 2018.

______. Reflexão fonológica em contextos lúdicos e letrados na Educação Infantil e no Ciclo de alfabetização. In: VIEIRA, Juliane Ferreira; YAMIN, Giana Amaral. Um olhar para a sala de aula: reflexões e práticas de linguagem. São Carlos: Pedro & João Editores, 2017, p. 11-49.

_______. Quem os desmafagafizar bom desmafagafizador será: textos da tradição oral na alfabetização. Salvador: EDUFBA, 2011. Disponível em: https://www.slideshare.net/Licaraujo/textos-da-tradio-oral-na-alfabetizao. 

BELINTANE, Claudemir. Oralidade e alfabetização: uma nova abordagem da alfabetização e do letramento. São Paulo: Cortez, 2013.

KISHIMOTO, Tizuko Morchida. O jogo e a educação infantil. In: KISHIMOTO, Tizuko Morchida. (Org.). Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. 7ª ed. Cortez: São Paulo, 2003, p. 13-43.

RÊGO, José Carlos. Lugares do riso na escola e no currículo. Presente! (Centro de Estudos e Assessoria Pedagógica), Salvador, p. 29 - 31, 31 mar. 2008.

WEITZEL, Antonio Henrique. Folclore literário e linguístico. Juiz de Fora: EDUFJF, 1995.

______. Folcloreterapias da fala: breve estudo dos trava-línguas e da linguagem secreta. Juiz de fora: UFJF, 2002.

17 comentários:

  1. Poxa, Lica, que jogo interessante.
    Com certeza vai tirar muitas risadas das crianças...e dos adultos!
    Adoro trava-línguas, amei a proposta, e seu texto é muito explicativo.
    Você consegue tornar um conteúdo árido e complexo, como a consciência fonêmica, em uma brincadeira gostosa.
    Já havia gostado das sugestões no post sobre o par mínimo, com a brincadeira do pato poeu a poupa do pei de poma, e você ainda inventou de isso virar jogo.
    Muito legal!
    Abração,
    Patrícia (ex-aluna UJ)

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi, querida!
      Que bom que gostou!
      Sim, a ideia é essa mesmo, mostrar que consciência fonêmica não é um bicho de 7 cabeças e nem se resume a isolar fonemas artificialmente....e que pode ser desenvolvida brincando e refletindo sobre a língua em um contexto cultural, textual e brincante.
      Abração

      Excluir
  2. Aprender a ler vai além do domínio da alfabetização. Participar do processo de letramento é poder interpretar os símbolos apresentados pela grafia, dando sentido à escrita na medida em que ela é conceituada e representada. O trava-línguas é uma brincadeira bastante elucidativa neste sentido, pois desafia o participante a soletrar fonemas que exigem boa articulação para serem pronunciados. A repetição de fonemas, vogais e consoantes nas sentenças gramaticais exigem do leitor um exercício da língua portuguesa a partir dos sons.
    Um dos fatores interessantes que permeiam o brincar de trava-língua é seu caráter pedagógico, na medida em que sociabiliza os seus participantes a partir de risos coletivos e relativização do papel de vencedor. Isto porque esta atividade lúdica é difícil para qualquer pessoa - seja aluno ou professor – e a concretização do objetivo de falar corretamente as palavras torna-se um desejo coletivo, mesmo que seja alcançado por apenas uma pessoa.
    A consciência fonológica aliada ao saber poético é de grande valia para o enriquecimento oratório das pessoas. Trata-se de exercitar o que é adquirido com o estudo da linguagem a partir de um aparato que a complemente. Dando suporte a novas possibilidades linguísticas e ramificando o que é aprendido a partir da escrita e da leitura. O trava-línguas é um bom exemplo disso.

    UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
    FACULDADE DE EDUCAÇÃO
    DISCIPLINA: EDCB85 ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
    ESTUDANTE: SANDRA MACHADO DA SILVA
    PROFESSORA: LIANE CASTRO DE ARAÚJO
    TURNO: MATUTINO

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Sandra, eu também gosto demais dos trava-línguas, tanto por essa natureza lúdica, que provoca o riso coletivo, cúmplice, quanto por ser tão produtivo à alfabetização...
      Veremos mais sobre isso adiante!

      Excluir
  3. Quão bacana é o trava-línguas, faz com que um texto da tradição oral se torne uma brincadeira prazerosa para as crianças e também para os adultos, já que a "graça" do jogo consiste em dizer as palavras de forma rápida, e assim também analisamos e reafirmamos a importância do lúdico no processo de ensino e desenvolvimento linguístico. Pois, o mesmo propicia um ambiente favorável para que o aprendizado seja adquirido de maneira mais leve, fazendo com que a língua seja compreendida e vivenciada, no que se refere as possibilidades de "travamentos e destravamentos" da língua oral.

    DANIELE LIMA DE AMORIM - EDCB85

    ResponderExcluir
  4. Saudações !

    Como exposto no início do texto, o trava-língua sugere "rir de", mas terminamos "rir com", no exercício dos trava-línguas somos levado a brincar de forma leve e podendo aprender! Identifico-me com esta característica.
    Os exemplos clarearam bem a possibilidade de trabalhar a consciência fonológica através da exploração dos fonemas vocálicos em assonância, de consciência silábica ou das unidades fonológicas intrassilábicas entre outras.
    E a sugestão do jogo do “Trave o trava-língua” inspira aplicarmos no processo da alfabetização ou mesmo brincar nos momentos de lazer. Excelente! Obrigado !

    Julio Fabrini
    EDC B85/UFBA/2018

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Esse jogo diverte até mesmo os adultos, Julio! E é excelente para desenvolver a consciência fonêmica brincando...

      Excluir
  5. Aprender brincando, aprender "errando" (risos) e aprender rindo. O trava-línguas além de brincadeira lúdica traz a possibilidade de trabalhar a consciência fonológica das crianças na alfabetização.

    Aline Ferreira Suzart - EDCB85

    ResponderExcluir
  6. Trabalhar com texto da tradição oral é bastante interessante principalmente o trava-lingua, pois, leva as crianças a se desafiarem, a memorizarem e ajudam a melhorar a pronuncia de algumas palavras. Os exemplos trazidos no jogo deixa explicita que podemos explorar a maneira de trabalhar com as crianças e adultos também. Trabalhado a consciência fonológica e a consciência fonêmica delas, dependendo do grau de dificuldade de cada uma, pois, tem os trava- língua mais fácil e os mais difíceis. Podemos trabalhar os mais fáceis com crianças que ainda estão no inicio da alfabetização, para que possam iniciar memorizando devagar e memorizando também as vogais, levando os mais difíceis para as que já estão lendo, memorizando e tentando pronunciar de forma mais rápida e completando com as consoantes.
    Tiátira Melo Moreira
    EDCB85

    ResponderExcluir
  7. Oi, Tiátira,
    É fato que há trava-línguas de diferentes graus de dificuldade de pronunciação, bem como uns podem chamar a atenção para os fonemas vocálicos (bons para ajudar na fonetização da escrita, com os menores) e outros - a maioria - para as unidades menores que as sílabas, inclusive os fones, tornando-se, assim, ótimos para tomarem consciência (os mais avançados) dos fonemas.
    Só faço a ressalva que a questão envolve muito mais do que memorização de vogais e consoantes... Trata-se de reflexão, de habilidades metalinguísticas...
    É isso!

    ResponderExcluir
  8. Bom tarde, professora!
    Muito esclarecedor a postagem, havia ficado com algumas dúvidas após ler a parte de trava-línguas no Folclore Literário e consegui entender aqui. O jogo é muito divertido e para quem já sabe ler é bem desafiador. Gostaria muito que a senhora fizesse uma postagem sobre o processo avaliativo nessas atividades e na alfabetização. Muitas vezes a atividade lúdica é criticada e precisamos ter embasamento para rebater. Portanto penso que a avaliação desse processo mostra os retorno dessas atividade no desenvolvimento das crianças.
    Abraços

    Vitor Rafael Ribeiro
    EDCB85, Diurno, 2019.2

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olha, Vitor,
      Estratégias lúdicas, quando são também estratégias didáticas, são como qualquer estratégia didática. Você precisa pensar em que objetivos de aprendizagem tem com a proposta e a avaliação incide sobre o alcance desses objetivos.
      Agora, o jogo não vale por si só, não ensina por si só, ele precisa estar articulado a uma ação didática, à organização da situação, a outras estratégias, para garantir a aprendizagem. Não se aprende assim, apenas com uma proposta, separada de uma rede de propostas, não é?
      Se você tem o objetivo de fazer as crianças avançarem na consciência de rimas, vai jogar jogos de rimas com e sem presença da escrita, vai brincar com parlendas e quadrinhas, vai jogar jogos orais, vai explorar poemas, enfim, vai lançar mão de várias estratégias que garantam a continuidade, a regularidade, a diversidade...E vai avaliar esse processo. Não é uma atividade isolada que se avalia, não é? Você pode avaliar como foram as interações no jogo, como a criança venceu os desafios e alcançou as soluções...Mas a aprendizagem, para ser avaliada, exige que o conhecimento seja mobilizado em outras situações - inclusive de não jogo.
      Os jogos são bacanas para iniciar uma exploração que deverá ser retomada com outras estratégias, e para consolidar aprendizagens mobilizadas em outras situações...
      É isso...

      Excluir
  9. Barbara de Jesus Santos – Alfabetização e letramento 2019.2 matutino

    Trazer textos da tradição oral para a alfabetização me fez entender algumas coisas que agora pode parecer simples, mas que eu não me dava conta e tem extrema importância. Primeiro, a importância desse gênero por si só, se a educação foi feita para apresentar um mundo que já existe aos recém-chegados como diz Arendt, a tradição oral tem que ser mais valorizada, pois vivemos numa sociedade que hipervaloriza a escrita, com isso, a desvalorização da cultura oral pode levar elementos culturais a se apagarem da memória da sociedade. Trabalhar com tradição oral é ligar sujeitos com suas histórias e as do que já passaram, é resistir a um apagamento de “minorias” que está posto em nossa sociedade. Segundo, só a pouco tempo me dei conta de como valer-se do que temos a partir de suas potencialidades. Falo isso lembrando de uma analise de questões que tive na matéria de Avaliação da Aprendizagem em que numa prova cujos textos eram parlendas e trava-línguas, não foi explorado nenhuma de suas potencialidades, ou seja, serviam apenas de exemplos de onde “pescar” palavras, quando na verdade poderia ter sido aproveitado as rimas que os textos trazem, as pausas que muitas vezes indicam as sílabas e outras características que as parlendas e trava-línguas possuem. Inclusive, quando a professora pediu que fosse proposta uma nova atividade avaliativa, eu pensei imediatamente neste jogo, onde podemos trabalhar consciências de vários aspectos com as potencialidades reais de os textos de tradição oral nos possibilitam. Obrigada por nos mostrar que alfabetização não se passa somente pela decodificação de códigos, é a construção e leitura de palavras para/com a construção e leitura do mundo.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Isso, Bárbara, muito bem!
      Muito bem por compreender que a potencialidade da tradição oral pode ser muito mais explorada e de forma que o texto seja contexto significativo e não pretexto para pensar sobre a língua. A matéria da poesia (principalmente as sonoridades, mas também os paralelismos, repetições, versificação...) é também matéria prima para a alfabetização - e se soubermos tomá-las de forma articulada é, ao mesmo tempo, abordar a cultura e a linguagem, a linguagem poética e o funcionamento fonológico da língua, o letramento e a alfabetização.
      Bacana isso, né? Não é fácil entender isso, por isso digo: muito bem!
      Muito bem também por articular conhecimentos de um componente com outro, utilizar o que viu aqui para analisar o que viu lá e vice-versa, o que mostra uma capacidade de ampliar muito suas aprendizagens.
      E, por fim, muito bem também por ampliar sua reflexão sobre os textos da tradição a essa dimensão cultural, que pode valorizar mais a cultura oral e suas infinitas imbricações com a cultura escrita.
      Muito bom seu comentário!

      Excluir
  10. Soraia Ribeiro dos Santos Silva22 de novembro de 2021 às 12:04

    Que post esclarecedor!
    Confesso que uma das maiores dificuldades que tive, ao iniciar os estudos sobre consciência fonológica, foi a de imaginar possibilidades de explorar essa capacidade de maneira não artificial. Em uma época de “graphogames”, trabalhar a consciência fonológica presente na natureza sonora dos textos da tradição oral, trata-se de uma proposta muito rica em termos de preservação da memória lúdica e de engrandecimento da cultura infantil. Inclusive, ater-se à natureza dos textos trabalhados é uma maneira muito inteligente de contextualizar os conteúdos da alfabetização sem esvaziar a proposta lúdica/simbólica ali presente, como as atividades aqui apresentadas revelam, de maneira muito didática!

    Bjs, pró! (EDCB85)

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Isso aí, Soraia!
      E sempre na continuidade da proposta brincante, sem usar os textos como pretexto, mas como contexto significativo, potente e lúdico!

      Excluir