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quarta-feira, 18 de junho de 2014

Livros de ABC

...E volto às postagens com um post com novas dicas de livros de ABC, abecedários contemporâneos que se multiplicam enormemente, com novas roupagens.

Os abecedários, as cartas de ABC e os silabários foram utilizados para ensinar a ler e escrever nas escolas brasileiras até meados do século XX, com um foco no aprendizado das letras, da ordem alfabética e das sílabas. Os abecedários tinham, assim, primordialmente uma função pedagógica.

De outro lado, a tradição oral e alguns jogos também apresentam brincadeiras com as letras e a ordem alfabética, a exemplo da parlenda que acompanha a brincadeira de pular corda: "Suco gelado, cabelo arrepiado, qual a letra do seu namorado? A, B,C...Z” ou “Água gelada, com pão e marmelada, qual é a letra da sua namorada?”. Ainda que essas parlendas também possam ajudar a memorizar a ordem alfabética, sua função primordial é acompanhar a brincadeira. Nesse sentido podemos dizer que é comum o uso do alfabeto ter também funções lúdicas e poéticas.

Organizar conteúdos em forma de alfabeto, com estratégias diversas como listas de palavras, verbetes, repertório de determinada classe de objetos ou seres (como animais, que são campeões em termos de organização alfabética) tem sido uma prática bem comum em livros informativos e agora, também, em livros de literatura infantil.

Então, minha proposta é olharmos para esses novos abecedários com novos olhos, pois eles têm aparecido no domínio do livro para crianças que pouco a pouco se liberou do caráter pedagógico para investir no terreno do estético, da criação, da arte literária.

Assim, no decorrer do tempo, embora possa carregar ainda, de certa forma, sua marca de origem como manual de aprendizagem da leitura, os abecedários encontraram novos fôlegos, outras vias para se metamorfosear, entrar para a literatura e inscrever em cada uma das letras que usamos para escrever um convite à poesia, ao sonho, à criação, à surpresa, ao desvio, à beleza, enfim, à brincadeira com a linguagem. Como os gêneros de texto em geral, os abecedários também foram se transformando com o tempo, bem como são influenciados pela tendência contemporânea de esmaecimento das fronteiras genéricas.

Hoje, os abecedários, ou seja, livros organizados em forma de alfabeto, associando as letras a texto ou imagem, reaparecem e se multiplicam nessa nova forma poética, não com uma função primordialmente didática, mas sim literária. E com essa função estética, podem ainda ser fonte riquíssima de boas aprendizagens sobre os signos da escrita, de forma lúdica, gostosa e produtiva. Eles não têm necessariamente a função de ensinar as letras, o alfabeto, mas de brincar com elas, de usar o alfabeto como pretexto para pequenos textos literários, brincadeiras com a linguagem, motes para criações verbais e visuais. Mas também aproximam as crianças desses signos da escrita.

Afinal, para além da grafia das letras, elas evocam sons, e não podemos esquecer que a matéria sonora dos textos poéticos é também matéria riquíssima para a alfabetização, favorecendo a reflexão sobre as sonoridades da língua. Em matéria de poesia o letramento literário se imbrica ricamente com o processo específico de alfabetização.

Faz tempo que fiz dois posts sobre esse tipo de livro, um com indicação de abecedários poéticos ou outros livros de alfabeto, e outro apresentando o material intitulado Arquivo Alfabético Poético. E ainda teve um post introdutório sobre Abecedários.

Postei também alguns exemplos de atividades a partir de textos poéticos desses abecedários literários, aqui  e aqui. Isso para mostrar como podem possibilitar aprendizagens interessantes que articulam letramento literário, alfabetização e apropriação de vários aspectos da língua.

Bom, agora trago novas dicas de livros de alfabeto, alguns poéticos, com pequenos poemas ou enunciados poéticos para cada letra, outros com outras estratégias, mas interessantes de algum modo, afinal, os abecedários de hoje em dia constituem quase um gênero específico no âmbito da literatura infantil, com características lúdicas e estéticas, tanto em termos do texto, quanto da imagem.

Alguns abecedários parecidos com os antigos ainda se acham, em forma de dicionário ilustrado ou de alfabeto ilustrado, trazendo apenas algumas palavras começadas pelas letras a cada vez, sem um rearranjo poético, sem um trabalho sobre a linguagem, mas apenas como um repertório de palavras associadas às letras e a imagens que representam o que as palavras expressam. 

Exemplo disso é o ABC Curumim já sabe ler (Bia Hetzel, Ed. Manati).

Outro exemplo é o  Meu primeiro Bichonário (Marco Hailer, Ed. Carochinha), que traz as letras inicias e a imagem do bicho, para adivinharmos que bicho é.

Nesse caso, aproxima-se de um livro brinquedo, livro visual, mais próximo dos manuais de ABC de antigamente, mas ainda assim bonitos e com uma proposta brincante.



Dito isto, então vamos lá às dicas de livros! Aos 16 livros indicados no post do Arquivo Alfabético Poético, somam-se mais esses... por enquanto... Não paro de descobri-los por aí...

Uns desses eu já tenho ou conheço faz tempo, mas não entraram no Arquivo Alfabético, outros fui encontrando de lá para cá. Alguns já tenho, outros estão na lista de desejos, mas já vi na livraria ou na mão de alguém, outros foram indicados, mas ainda não vi. Entretanto, as indicações são de livros bacanas, pois tem muitos outros por aí nesse estilo, mas sem a qualidade que penso que devem ter.

Uns desses livros exploram mais os sons das letras, outros as palavras iniciadas com cada uma delas, uns investem no formato das letras, outros usam as letras como iniciais de palavras que são apenas motes para o texto.

O livro Deu zebra no ABC, de Fernando Vilela (Pulo do Gato) vai emendando um animal no outros de forma divertida. 

Assista aqui a leitura dele e há também um vídeo bacana do autor contando como fez o livro. Tem um livro interessante que brinca com essa ideia de bicho chamando outro, mas não é livro de alfabeto...o que vai chamando o próximo bicho é uma parte de seu corpo e uma espécie de adivinha, ou ao menos de dica que é dada. Chama "Os bichos também sonham", é bem legal!

Dois livros maravilhosos são: o Alfabeto escalafobético (Claudio Fragata e Raquel Matsushita, Ed. Jujuba) e o ABC Doido (Ângela Lago, Ed. Melhoramentos). O Alfabeto escalafobético é fantástico, unindo imagem e grafia, sentido e letras. O ponto de partida das ilustrações é o próprio desenho da letra. Em muitas é o próprio desenho tipográfico que comanda a cena tanto nas ilustrações quanto no textinho que acompanha cada letra, mas nem sempre é o principal. Veja o da letra i...



Já o Alfabeto Doido é tão doido que começa pelo fim, pelo Z! Cada letra é apresentada a partir de uma espécie de adivinha, que brinca com as palavras, decompondo-as, recompondo-as, criando deliciosos enigmas. E virando a página, a resposta!


O que é, o que é?
Responda sem demora
O rouxinol tem dentro,
E a xícara...do lado de fora?
A letra X

Como começa pelo fim, é mais desafiante saber a letra seguinte no alfabeto de trás pra frente, que faz a gente ter que pensar um pouco para responder e para compreender o sentido da resposta. Por exemplo, podemos até conseguir responder a adivinha por saber que se trata da sequência alfabética e que, de trás pra frente, depois do V vem a letra U, mas pense que para entender a brincadeira, precisa de algo a mais, como nessa do U:

Pode gritar já, sem dó:
O que é que a assombração
Usa seis e de uma vez só?
A letra U (UUUUUU!)

Um de que gosto bastante é o ABC do trava-língua (Rosinha, Editora Do Brasil). Para cada letra versinhos que lembram trava-línguas populares, um para cada letra, cada letra aparecendo em aliteração (sons consoanantais) ou assonância (sons orais das vogais) provocando “travas” na língua e desafinado o leitor. Muitos desses pequenos textos vêm em forma de quadrinhas – outro gênero poético, de forma fixa, diferente do trava-língua, que pode ser mais livre. Mas nem sempre são quadrinhas. Vejam dois exemplos, com o R e com o A:

O rato Romualdo
Rói o rei, rói a rainha
Rói a roupa do Romeu
Rói as rendas da Rosinha.

A ararinha assanhada
Adora andar arrumada
Arruma a saia amassada
Alinha a blusa azulada
Amarra a rosa dourada
Arrasta a turma animada.

Já o   Abecedário dos bichos (Klévisson Viana, Ed. Edelbra) é um abecedário em forma de cordel. Cada estrofe, que vem na forma métrica própria a esse gênero, traz um repertório de animais começados com a letra em questão. Por vezes, quando há muitos bichos iniciados com aquela letra, as estrofes trazem os nomes dos bichos organizados de forma sonoramente interessante, para conseguir o efeito da forma, da métrica e das sonoridades próprias ao cordel, e por vezes trazem pequenos textos sobre o animal ali referido. E tudo isso ilustrado por xilogravuras, técnica de gravação bem comum nos folhetos de cordel.

Aliás, bichos e alfabeto parecem que têm um longo namoro, pois sempre tem livros que os unem. 

Assim são também o ABC da Bicharada (Glaucia de Souz, Ed. Prumo), o Abc e outros bichos (Mario Bag, Ed. Ao Livro Técnico) e o Meu primeiro bichonário (Marco Antonio Almeida Hailer, Ed. Carochinha), que já citei aqui no post, fazendo coro com outros de bichos que já foram indicados antes (no post do Arquivo Poético Alfabético tem uma lista dos livros), como o Bichodário (Telma Guimarães, Ed. Escala) e o Bichionário (Nilson José Machado, Ed. Escrituras).

Esse de Mario Bag, o Abc e outros bichos, traz pequenas frases para cada letra, contendo palavras iniciadas pela letra em questão, além daquela referente ao animal representante daquela letra. Esse livro já está no Arquivo Alfabético Poético, mas não sei porque, acho que não entrou na lista dos livros no final do post. Então retomo-o aqui.


Já o ABC da bicharada traz uma quadrinha para cada animal, representante de cada letra. Para a letra B, o besouro:

No ouvido de uma flor
Um zumbido brilha ouro
Seja frio ou calor
Vem voando o BESOURO.

As quadrinhas exploram as rimas, o ritmo próprio a esse gênero e traz o nome do bicho em letras maiúsculas, o que pode favorecer as leituras e pseudoleituras das crianças. 

Além do Bichonário citado, do Marco Hailer tem também o Um mundo chamado alfabeto (Ed.Carochinha), em que cada letra traz um repertório de palavras, mas também pequenos textos poéticos geralmente textos da tradição oral como parlendas, cantigas e trava-línguas.





No ABC da criançada (Soraia Vasconcelos, Ed. Miguilin), a autora faz poemas com os nomes de crianças iniciados por cada letra do alfabeto. Geralmente são poemas mais longos, contendo outras palavras começadas pela letra em questão.

É um mote bacana para construir pequenos poemas com os nomes das crianças de uma turma e organizá-los em ordem alfabética. Aliás, as ilustrações são feitas por crianças!

Um abecedário diferente, que parece bem interessante, especialmente para nós aqui da Bahia (mas não apenas), é o Abecedário Afro de poesia (Silvio Costta, Ed. Paulus). O livro traz textos poeticamente trabalhados, embora não sejam poemas propriamente ditos, com um rico vocabulário, de A a Z, que descende da cultura africana. 

Traz palavras mais conhecidas, integradas ao nosso dia a dia, como bagunça e xingar, outras menos usadas fora de Estados com rica influência da cultura africana na linguagem, como a Bahia, e outras, ainda, menos conhecidas. No final há um glossário com os termos citados e suas significações. 

Além de conhecer mais a cultura africana, a origem de palavras que usamos e sua forte presença no nosso léxico, o leitor pode também ampliar seu vocabulário. Ainda não vi o livro, mas adianto um exemplo, com a letra A:

“A azoeira estava pronta: gente na casa que ninguém dava conta. Por sobre a toalha a enfeitar a mesa posta, o abará em porção, num grande tacho, pra saciar quem quisesse. E ainda, mais abaixo, recém-chegado da fervura numa travessa que dava gosto, o acarajé em fartura. Do lado oposto, pra acompanhar, reluzia quase dourada uma jarra carregada de aluá. Mas não se dê por saciado. Veja só o que vinha por lá: Num abadá todo florido, espalhando axé com sua presença, Dona Florença, a dona da festa, carregava o seu tesouro; o melhor angu que já veio de Angola. Antes da ceia, num ritual, o afoxé se antecipou. Feito um som que lembrou um sino, o agogô deu um aviso: a festa afro começou”.

Engraçadíssimo, como o nome já diz, é o Abecedário Hilário (Nani, Ed. Hedra). Cada letra gera um texto composto basicamente de palavras começadas pela letra em questão, quase como um trava-língua. O textinho da letra D, por exemplo:

Dado
Doado a
Dorival foi
Devolvido
Devido a
Dar o
Dois
Duas vezes.


No Letra de forma (Laura Texeira, Ed. Hedra) a autora brinca com palavras e com a forma das letras... isso porque traz pequenos textos poéticos que fazem alguma referência, de modo mais direto ou indireto, às formas das letras, seu desenho. A ilustração, assim, completa muito o sentido, pois por vezes é na imagem que captamos a relação do traçado da letra com o que o texto diz. O G, por exemplo, mostra a letra de gravata borboleta carregando no seu traço horizontal um prato, e diz:

Adivinhe qual é
A profissão do G?
Ele serve uma comida muito gostosa.

Já o J, em forma de anzol, mergulha em um mar de letras e diz:

O que será que o J
Preparou para o janta?
Já sei! Sopa de letrinhas!

A Editora Edelbra apresenta três livros de alfabeto poéticos, da Gláucia de Souza, um com frutas, outro com flores e um com o tema do futebol. Não vi esse último ainda, mas o do pomar e do jardim são bem bacanas, dá vontade de ir pensando nomes de frutas e flores com todas as letras e fazendo novas quadrinhas para eles. São eles Um pomar de A a Z  e  Um jardim de A a Z



O do futebol é o Uma partida de A a Z...e tem como autor também o Marcelo Pizarro Noronha. É, futebol ainda é mais uma coisa de meninos...rsrsrs! 

Não conheço, não vi o texto, mas tirando pelos outros da coleção, talvez seja legal.


Um livro diferente é o Alfabeto Perigoso (Neil Gaiman, Ed. Rocco - Pequenos leitores). É um abecedário de terror! É um livro ilustrado, com a imagem meio sépia do ilustrador Gris Grimly. 


Duas crianças e sua gazela de estimação entram com um mapa em um mundo subterrâneo desconhecido, onde habitam monstros, fantasmas e outras criaturas estranhas. Cada letra traz estranhezas diferentes que criam a atmosfera subterrânea do livro. São assim 26 versos alfabéticos e tenebrosos a desvendar!

No mesmo tema, mas mais para engraçado, o Alfabeto assombrado (Flávia Muniz, Ed. Girassol), por sua vez, é mais simples, e traz quadrinhas inventadas para cada letra que são iniciais de seres ou coisas mais ou menos assombradas: caveiras, fantasma, vampiro, ogro, jiboia, King Kong... Simples, mas divertido. Vejam o E de esqueleto:


O esqueleto, quem diria,
não tem banheiro pra usar,
De menino, de menina?
Em qual ele deve entrar?

Da mesma autora tem o Números Assombrados, que traz uma espécie de tangolomango com os números de 10 a...(zero, será?). Indiquei este no segundo post do Tangolomango.

Outro estilo é o livro Alfabeto (Ed. GG - Espanha), que, na verdade, traz a arte da artista plástica e designer gráfica Sonia Delaunay acompanhada de cantigas e parlendas brasileiras. 

As letras do alfabeto dançam em um baile de cores vibrantes, um misto de livro alfabeto e livro de arte. Em cada língua que o livro foi traduzido, escolheram cantigas e parlendas próprias à cultura oral daquele país ou criadas por um autor. No original em francês, o livro traz textos escritos por Jacques Damase, que lembram parlendas, cada uma fazendo uma ligação com a letra em questão.

Um livro bem diferente, que traz o gênero anúncio de jornal (classificados), é o ABC Procura-se (Gwénola Carrère, Ed. Edelbra). A cada letra do alfabeto temos um nome próprio que é o nome do bicho – novamente animais! – que está a procura de alguma coisa. Por exemplo, na letra A, de Aline, uma tarântula, diz:

“Jovem tarântula solitária procura amigos. Adora jantar em boa companhia. Escrever para a Caixa postal n 456”.

No B, de Bruno, que é um bicho que não dá para saber qual é, diz: “Todas as quartas-feiras, espero vocês na minha casa para jantar. Cardápio surpresa!”

O interessante é que um vai se ligando ao outro por algum elemento do texto, Aline pode jantar com o Bruno, o Bruno puxa a Carol, que diz “Surpresa sou eu! Animadora profissional, alegro suas noites. De hoje em diante, TV desligada”. Aí o próximo puxa algo com TV, e alinhava com livros, o próximo puxa livros e fala numa fábrica de papel, que puxa uma funcionária de uma fábrica de papel. Assim, o alfabeto de bichos e anúncios vai sendo todo interligado. 

A ideia é muito legal! Dá para fazer brincadeiras com classificados e até tentar fazer um ir puxando o outro também. Para ler todo e uma só vez, talvez seja muito, mesmo sendo textinhos pequenos. Mas lido aos poucos, restabelecendo os "links" a cada vez, explorando os anúncios, acho que promete alguns momentos de deleite. 

Por fim, o livro A turma do ABC (Fátima Miguez, Ed. Nova Fronteira), na verdade, não se organiza em ordem alfabética. Ele traz brincadeira com as palavras, especialmente a troca de letras ou apenas juntar várias palavras iniciadas com a mesma letra em uns versinhos. 
Dois exemplos:

Troco o L de lama
Pelo F de fama
O C logo reclama
Seu lugar na cama.

O Z de zoada
Faz muita zoeira
Prefiro o T de toada.
É som de primeira.

Outros tantos livros de alfabeto podemos encontrar em edições portuguesas. Chamo a atenção a três deles. Um tem o título idêntico ao do nosso abecedário poético de Elias José, referido no post sobre o Arquivo Alfabético... É O que se vê no abc (Dafne W. Rocha e Danuta Wojciechowska, Ed. Caminho).



Os outros são O Livro das Letras (António Mota e Elsa Fernandes, Ed. Gailivro) e O Hospital das Letras (José Jorge Letria, Portugália Editora). Outro do Letria já fazia parte do Arquivo Alfabético, O Alfabeto dos Bichos (mais bichos). O do Hospital traz textos como  A Otite do O e coisas do gênero. Interessante!


É isso, minha gente... são infinitas as possibilidades de brincar com esses livros, suas rimas, outras sonoridades, seus desafios, seus jogos de linguagem. Espero que tenham gostado das dicas... São modos belos de apresentar as letras, o alfabeto, junto à riqueza da linguagem e da literatura. Outros livros sempre poderão via a se juntar a esses. O acervo pesquisado já conta com mais de 30 livros de ABC!

Aliás, revendo os outros posts de abecedários, percebi que não apresentei todos os livros do Arquivo Alfabético, só alguns no post sobre livros de alfabeto, mas nem todos os que aparecem listados no post do Arquivo. Quem sabe retomo-os depois, para apresentar como fiz com esses aqui, não é?
E com certeza, há muitos outros e muitos que ainda vão chegar!
Abraço,
Lica

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Arquivo Alfabético Poético

Oi, minha gente,

Hoje eu vou postar sobre um material muito especial. Especial porque é um material que vem sendo feito há tempos. Porque é cheio de possibilidades.... nada está pronto de antemão..... Especial também porque é um material meio trabalhoso e dispendioso (mas pensaremos em adaptações). Mas, especialmente, porque foi o primeiro material todo pensado a quatro mãos. É o Arquivo Alfabético Poético. Esse é um dos kits de Arquivos Poéticos, junto com outros que venho pensando, como o de Sergio Capparelli, já postado aqui.

Tive essa ideia do Arquivo Alfabético desde que fiz um post sobre os abecedários poéticos, lembram? Está no link Abecedários Poéticos.  A ideia era fazer um arquivo, um fichário mesmo, com fichas separadoras, indicando as letras de A a Z. Só que seria um arquivo a partir de livros que trazem o alfabeto com poemas ou jogos de linguagem. Em cada parte, colocaríamos os poemas, de cada livro, dedicados àquela letra do alfabeto indicada na linguetinha do fichário. 

Veja na figura uma ideia do que é.

O Arquivo Alfabético não apresenta, nesse caso, atividades para esses textos/livros – ao menos não ainda, mas já temos planos de pensar em incluir sugestões – mas sim os próprios textos, com suas ilustrações. Vocês podem se perguntar “sim, mas se temos os livros, para que o arquivo?” – pergunta bem pertinente. Os livros são fundamentais. Mas pensamos que ter esse material em forma de fichas seria bem interessante, pois podemos manipulá-las independentemente, trabalhando com todos os textos de uma determinada letra, por exemplo, ou todos os textos de um mesmo autor/livro.  A ideia do fichário com esse tipo de texto de alfabeto vinha me perseguindo faz tempo...

Pois bem, quando compartilhei essa ideia, ainda um esboço, com Ana Lúcia Antunes, minha amiga de longe e já parceira naquela essa altura, ela logo comprou a ideia e passamos a desenvolver juntas o projeto. Da ideia inicial foram surgindo outras, e também pequenas questões foram aparecendo. Primeiro selecionamos os livros – há muitos! – cada uma de nós conhecia um tanto, cada uma ia descobrindo novos, que cabiam no arquivo. Foi uma pesquisa muito bacana. 


Assim, nessa primeira versão do Arquivo, que pode crescer ainda, entraram 16  livros, de vários autores e editoras (ver lista dos livros abaixo, na nota do post). Temos ainda o ABC Doido, de Ângela Lago, que estamos avaliando se entrará nesse arquivo ou constituirá um kit próprio. No fichário, de cada livro, tem as fichas correspondentes a cada letra e a capa.

Exemplo da parte correspondente à letra A do Arquivo:


Tomamos conhecimento, em nossas pesquisas, de uns livros desse tipo muito legais, de Portugal, mas apenas um deles consta no arquivo, pois Ana conseguiu encontrá-lo. Os outros conseguiremos em outra oportunidade.

O projeto foi todo pensado e elaborado junto com Ana, desde a escolha e a digitalização (escaner) dos livros até a concepção do material – como seriam as fichas, o tamanho delas, como resolveríamos a inclusão das imagens em alguns livros, o jeitão das fichas separadoras, o aumento da fonte dos textos em alguns casos etc. Nos complementamos muito bem em todas essas etapas, Ana sempre experimentava tudo rapidinho e trazia ótimas ideias e soluções. Uma decisão muito importante, que vislumbrei desde o início, foi a de colocar cada livro/autor em fichas de uma mesma cor, assim poderíamos tanto usar o material pela letra que o texto homenageia (tipo todos os textos que falam da letra A), como usar todos os textos de um mesmo autor/livro, indicado pela cor da ficha em que esses textos são colados. Mais tarde veio a ideia do “flex”... Volto a ela, já já.

Com todo o material digitalizado, pronto para imprimir, Ana, no entanto, saiu na frente na produção efetiva do Arquivo – impressão, montagem, plastificação, confecção da caixa. Como estou muito ocupada e com as vistas meio comprometidas, adiei um pouco a confecção do meu. Assim, o que mostro aqui nas fotos para vocês é o Arquivo de Ana, que já está prontinho, pois ela queria começar o ano já usando com sua turma. Nada como uma boa motivação para pormos a mão na massa, né? 

Essa iniciativa de Ana foi muito importante para irmos testando e revendo algumas coisas do Arquivo, pois no fazer mesmo, com a mão na massa, apareceram muitas outras questões a serem resolvidas. Íamos discutindo as saídas, as possibilidades, experimentando e achando as soluções. Assim, Ana tem muitas dicas a dar sobre a confecção, e vai contribuir com isso num próximo post. Esse aqui é só para apresentar o material.

Para fazer a caixa do Arquivo mesmo, foi uma novela. Á medida que as fichas iam ficando prontas, é que íamos tendo a dimensão do tamanho da caixa que precisaríamos para guardá-las. E essa tal caixa ia aumentando, aumentando. Ana ia de lá mandando dizer quantos centímetros já mediam tantas fichas de livros prontas, e eu de cá tomando susto! Não tínhamos essa noção. Mas foi divertido nos surpreender com um tamanho jamais imaginado. Ou seja, íamos descobrindo como fazer o kit, fazendo-o. E descobrimos que era preciso mandar fazer a caixa sob medida, para ser forte e grande o suficiente, sem folgas desnecessárias nem apertos, pois o material era pesado também, quando plastificado na gráfica. Só foi possível descobrir isso com as fichas ficando prontas. Além disso, precisaria ficar esteticamente bem arrumadinho na caixa e com folga para manusear as fichas, procurar fichas pelo meio do arquivo, mexer os separadores para lá e para cá. O jeito que Ana pensou para a caixa é fantástico, bem como um arquivo mesmo, que ao abrir vemos as linguetinhas de fora. Mas demorou um pouco de acertarem fazer isso onde ela encomendou. A primeira caixa que ela mandou fazer ficou apertadinha, embora linda, vejam:



Ela ainda está buscando a caixa perfeita, pesquisando daqui, medindo dali, tomando susto se eu descubro mais um livro que pode virar ficha. A ideia é que fique mais folgadinha, como essa, ao lado, provisória. Ou seja, em breve, Ana nos dará a dica da caixa ideal e a novela terá, enfim, um fim. 

Os vendedores de lojas, bem como nossos maridos, nos acham meio doidinhas... Rsrsrs!!! 

Com o material já sendo confeccionado por Ana, pensamos também em fazer as fichas separadoras “flex”. “Como é isso?” – perguntou Ana, achando que eu estava inventando coisa. Ah, nada mais é do que ter a ficha separadora de um lado com as letras do alfabeto, para separar no fichário o material por letras (todos os textos de cada letra do alfabeto) e, virando a ficha separadora, para separar por autor/livro, ter a linguetinha com a cor correspondente ao livro, a cor das fichas daquele autor. 


Vejam que, assim, podemos arrumar o fichário de dois jeitos diferentes, por letra ou por cor, a depender de como vamos usá-los com as crianças. E Ana deu corpo a essa ideia fazendo com muito esmero suas fichas separadoras. Plastificadas, as linguetinhas com as letras de um lado e a cor do outro ficaram um show!

Como eu disse no início, o Arquivo Alfabético Poético não indica, em si, as possibilidades de uso do material, mas elas são infinitas. Ana pretende postar, em algum momento, algumas sugestões ou atividades que desenvolver em sua turma. Eu também prometo fazê-lo de tempos em tempos. Mas cada um pode – e deve – explorar o Arquivo, bem como os livros a partir do qual é feito, de muitos jeitos. Só ler os textos já é bem bacana. Trabalhar as letras assim, no contexto de textos poéticos, certamente será uma delícia! Por outro lado, cada livro/kit de fichas poderá apresentar possibilidades diversas, por sua própria natureza, assim como cada textinho pode dar atividades interessantes independentemente de seu conjunto, como fiz uma sugestão no post que está no link O que se vê no R, a partir do poeminha de Elias José para a letra R, ou no link  O que se vê no Q, para a letra Q.

Bom, minha gente, por ora é isso, apenas para apresentar o material, o Arquivo... Ele está lindo assim, não acham? Mas é possível fazer adaptações para simplificar e baratear a confecção, para mais pessoas poderem experimentar fazer um Arquivo para o seu grupo, mesmo que não entrem todos os livros. Em breve postaremos mais sobre ele, com essas dicas.

Agradeço a Ana por compartilhar as fotos de seu Arquivo pronto com a gente, além, claro, pela parceria nesse projeto que agora é totalmente nosso, totalmente compartilhado. Vejam mais fotos no post de Ana, no link Álbum Arquivo Alfabético Poético. Não está lindo, colorido,  maravilhoso?!!!! Pois é... A gente chega lá! Eu chego lá!!!

Para ver uma das propostas que Ana fez a partir do Arquivo, veja no blog dela, aqui.

Ah, lembrem que, de qualquer modo, apenas a indicação dos livros usados no arquivo já é também uma boa sugestão para trabalhar com as crianças, heim? E, como sempre digo, ter os livros, manuseá-los, lê-los, é fundamental.

Espero que gostem,
Um abraço,
Lica

Lista dos Livros do Arquivo Alfabético Poético:
  1. Uma letra puxa a outra (José Paulo Paes). Companhia das Letrinhas 
  2. O que se vê no abecê (Elias José). Ed. Paulus
  3. As Letras (Lalau e Laurabeatriz). Ed. Amarilys
  4. Palavras, muitas palavras (Ruth Rocha)
  5. No Balancê do Abecê (Elias José). Ed. Paulus
  6. O Batalhão das Letras (Mario Quintana). Ed. Globo
  7. Bichodário (Telma Guimarães). Ed. Escala
  8. De Letra em Letra (Bartolomeu Campos de Queiroz). Ed. Moderna
  9. Alfabetário (José de Nicola). Ed. Moderna
  10. ABC quer brincar com você (José Santos). Ed. Companhia Editora Nacional
  11. ABC das Rimas (César Obeid). Ed. Salesiana
  12. Bichionário (Nilson José Machado). Ed. Escrituras
  13. Quem lê com pressa tropeça (O ABC do trava-língua). (Elias José). Ed. Lê/Casa de Livros.
  14. ABC e Numerais: pra brincar é bom demais. (Tatiana Belinky). Ed. Cortez
  15. Alfabeto dos bichos (José Jorge Letria). Ed. Oficina do Livro
  16. ABC (Tatiana Belinky). Ed. Elementar