Você conhece o trava-língua do digo Digo digo Diogo? É assim:
QUANDO DIGO DIGO
DIGO DIGO
NÃO DIGO DIOGO
QUANDO DIGO DIOGO
DIGO DIOGO
NÃO DIGO DIGO
Conseguiu dizer? Então tente mais rápido...e mais rápido...e mais rápido... E depois, tente com as crianças...
O trava-língua Digo Diogo deve ser bem explorado para que as crianças consigam dizê-lo cada vez mais agilmente, de cor.
Para ajudar a explorá-lo e a memorizá-lo, várias brincadeiras podem ser realizadas, como dizê-lo oras bem devagar, oras sussurrando, oras dizê-lo lentamente, ressaltando o verbo dizer conjugado (digo), oras enfatizando o nome (Digo). Interessante também é substituir os “digo” que não são verbos por nomes das crianças, para compreenderem melhor a estrutura do trava-língua e perceberem o jogo de palavras que provoca aquela sonoridade específica no trava-língua original (digo Digo):
Quando digo Maria
Digo Maria
Não digo João
Quando digo João
Digo João
Não digo Maria
Além de brincar de pronunciar cada vez melhor e mais rápido, pode ser proposta uma ordenação coletiva, ou em pequenos grupos, duplas, do texto fatiado em palavras ou versos. Além de se constituir em uma boa situação de leitura e de reflexão sobre a escrita, também ajuda na memorização.
As atividades propostas a partir de material estruturado tanto podem ser os fatiados, quanto outro jogo de fichas com palavras contrárias, usando o texto para fazer uma atividade oral com os contrários. O desafio será substituir as palavras DIGO e DIOGO por palavras contrárias e dizer o trava-língua, também atentando para a pronúncia clara e rápida. Para isso o trava-língua deve estar bem decorado.
Ex. Claro e escuro:
Quando digo claro
digo claro
não digo escuro
quando digo escuro
digo escuro não
digo claro
Alguns jeitos de brincar...
Cada criança ou dupla de crianças recebe um par de fichas contendo as palavras contrárias (CLARO/ESCURO) e tenta reconhecê-las. A professora diz os contrários que foram distribuídos e as crianças devem tentar dizer qual é o seu par. A professora deve ajudá-los nessa tarefa, de acordo com o nível de leitura do grupo e da dupla. Um outro modo de distribuir é dar apenas uma das palavras do par e pedir que achem a outra embaralhada na mesa ou no centro da roda.
Depois dessa atividade de exploração e tendo todas as palavras sido reconhecidas ou indicadas pela professora, começa-se a brincadeira.
A proposta é cada um dizer o trava-língua substituindo Digo e Diogo mostrando as duas palavras quando as enuncia. Pode ser um da dupla dizendo e o outro mostrando. Outra possibilidade é cada dupla mostrar o seu par e alguém do grupo reconhecendo as palavras, é escolhido para dizer o trava-língua, lendo-as. Ou, ao contrário, o trava-língua modificado é dito por alguém e quem tem o par em questão se identifica.
Uma outra variante é cada criança receber apenas uma das palavras do par e dizer o trava-língua usando sua ficha, mostrando-a, dizendo também o seu contrário. Quem tiver a palavra contrária deve então mostrá-la também.
A proposta, em todos os casos é sempre dizer o trava-língua substituindo pelas palavras contrárias a partir da leitura das fichas. Todos podem ajudar, pois o objetivo é tentar reconhecer as palavras usando estratégias diversas e os conhecimentos que se dispõe sobre o sistema.
Caso a turma seja muito heterogênea, cuidar para que os que têm domínio de leitura não respondam sempre pelos outros, dando, por exemplo, diferentes tarefas para eles (ex. os que leem pode ter a tarefa de dizer o trava-língua e os que não, de identificar e mostrar as palavras).
Depois da brincadeira, os que escrevem alfabeticamente, podem escrever as versões que mais gostaram ou inventar outras. Os que ainda não têm domínio de leitura e escrita autônomas, podem ordenar o fatiado em palavras, sendo cada vez preenchido com essas palavras (escritas em papel cortado em forma de fichas), formando-se, assim, novas versões do trava-língua. As crianças devem encontrar os pares correspondentes embaralhados.
Em termos do processo específico de alfabetização, essa atividade contribui para o uso dos conhecimentos que se dispõe sobre o sistema de escrita e o uso de estratégias de leitura na identificação das palavras, por um lado e, por outro, para a ampliação do repertório de “modelos estáveis”: palavras que funcionam como modelos de escrita convencional, que as crianças passam a reconhecer – toda ou em parte – constituindo em fonte de informação sobre o sistema de escrita e de comparação e confronto com as hipóteses infantis.
Tudo isso a partir de um texto da tradição oral, que traz brincadeira, desafio de pronúncia e de memória, bem como aprendizado do léxico. As palavras contrárias podem também ser usadas em contextos de produção coletiva ou individual de textos, construção de personagens e lugares de narrativas, suas características, descrição de objetos etc. Tendo o repertório de palavras disponíveis, as crianças podem consultar sua grafia para indicá-la à professora escriba ou consultar para escrever textos de próprio punho.
Seguem abaixo algumas sugestões de contrários para confeccionar as fichas, mas podem ser muitas outras as possibilidades, várias, podem até sair de contextos de histórias...
As minhas são impressas com letras de imprensa grande, cortadas e coladas em papel grosso, tipo duplex, do mesmo tamanho, e plastificadas. Ficam mais bonitas e duram bem mais! São todas brancas, mas é possível fazer também cada par de uma cor. Cria outras possibilidades, mas inviabiliza aquela sugestão de dar uma palavra para encontrar, dentre todas as outras, o seu par.
Ah! E quando digo brincar, digo brincar, não digo estudar!
Beijão,
Lica
largo/estreito
comprido/curto
mais/menos
perto/longe
bonito/feio
alto/baixo
forte/fraco
Muito/pouco
duro/mole
fino/grosso
triste/alegre
fundo/raso
grande/pequeno
cedo/tarde
leve/pesado
cheio/vazio
dentro/fora
aberto/fechado
Esse kit e proposta foram elaborados a partir de uma ideia de brincadeira de Mary Arapiraca, minha fada madrinha, Emília muito sabida e inventadeira das palavras!