domingo, 1 de agosto de 2010

Nomes próprios e Poemas

Sabe, eu sempre acho que o nome próprio, essa primeira palavra que recebemos do mundo, fonte primeira de nossa identidade, é também a porta de entrada para a alfabetização. Junto com os textos todos, as histórias, os livros, eis que essa palavrinha insiste em querer ser escrita em desenhos, pertences, cartinhas salpicadas de letras... e lidas, para fazer-se reconhecido, identificar-se, dizer de cada um...
Dentre as tantas coisinhas que podemos fazer com os nomes próprios e, dentre essas, as que podemos fazer para pensar sobre letras e sons da língua, palavras e partes de palavras, adoro os anagramas, a decomposição e recomposição dos nomes, o passeio das letras, a poesia sapeca das letras se movendo nos nomes...
É Elias José quem faz o primeiro convite:
Há poesia no seu nome

“Se você falar o seu nome, poderei achar outros nomes dentro dele, só com as letras que ele traz. Com estas palavras e outras de ligação, posso escrever um poema engraçado como a cara de espanto que você está fazendo. Ficará bem musical, pois os sons são os mesmos das letras do seu nome. Parece que está duvidando, não é?
Imaginemos que o seu nome seja Argemiro. Você diz que detesta este nome, mas era o nome do seu avô paterno. O seu pai quis homenageá-lo à sua custa. Acho que depois dessa brincadeira, não vai achar que é um nome feio assim. É até simpático. Vamos ver quantos nomes há no seu nome:

ARGEMIRO! ARGEMIRO? ARGEMIRO, ARGEMIRO...

Olha que eu vejo um ar gostoso batendo no corpo, dento do seu nome. Vejo um mar imenso que vem em ondas, que batem na praia e nas pedras. Tem cheiro, som e gosto salgado. Pode ser tocado, sendo frio ou quente, dependendo do sol. Está meio frio agora, mas é bom senti-lo no corpo. Olha quanta água no seu nome! Há um rio em Argemiro. Rio de águas limpas que correm levando folhas, batendo em pedras, que gemem. É tão limpinho este rio que vejo cardumes de peixes. E vou pelo seu mar ou rio, Argemiro, e remo e rio. Giro o ramo que geme. E vou para Roma e miro e remiro e oro e rimo. De poesia, o nome Argemiro tem até rima. Mas cuidado! Você sabe o que significa ira e ela está quentinha no seu nome, pronta para destruir quem dela se aproxima. Mas esqueça as coisas negativas e goste muito da poesia que mora no seu nome, Argemiro.

E aí, você não se animou em descobrir a poesia do seu nome?”

Elias José, A Poesia pede passagem: um guia para leva a poesia às escolas. São Paulo: Paulus, 2003.

Pois, então, já tentaram?

Para encontrar outras palavras dentro de seu nome, vale também duplicar letras que o compõe, especialmente as vogais. Depois de brincar disso, professor, que tal tentar com as crianças? Pode ser no papel, mas é muito, muito legal com as letras móveis. Sugiro, como material, ter muitos kits de letras móveis, para atividades e jogos diversos, e um kit de nomes próprios, os nomes (o tal crachá, pode ser) em fichas grandes e os nomes em letras móveis. Gosto de letras grandes também. Cada um com seu nome, formado com letras móveis, podem tentar fazer seus rearranjos, desarrumar e rearrumar, trocar e deslocar e, então, encontrar palavras, adormecidas ou falantes, escondidas em seus nomes.

E com as palavras, que tal poesia?

E é Bartolomeu Campos de Queirós quem faz, aqui, o segundo convite. No seu Diário de Classe, em vez de nomes completos, presenças, ausências, frequência, notas, resultados, conteúdos, rendimentos, registros de aulas e de habilidades e dificuldades, ele traz poemas dos nomes...de A a Z...

Ele caça palavras dentro dos nomes e depois, ele as poesia.

Diz ele:

“Se olho para uma palavra, descubro, dentro dela, outras palavras. Assim, cada palavra contém muitas leituras e sentidos. O meu texto surge, algumas vezes, a partir de uma palavra que, ao me encantar, também me dirige. E vou descobrindo, desdobrando, criando relações entre as novas palavras que dela vão surgindo. Por isso digo sempre: é a palavra que me escreve. Leia a palavra janela, tentando encontrar as outras palavras que nela estão debruçadas. Aí, você compreenderá como foi fácil escrever este Diário de Classe”.

J A N E L A

. . . E L A

. A N E L .

J A N E . .

. A N E . .

. A N E L A

J A . . L A

E ele nem usa, nos poemas, todas as palavras que encontra... Dá até para fazer outros tantos poemas... Com Graça, ele fez graça e garça, falando da própria brincadeira de trocar letras. Deixou raça, rara e garra (duplicando o r nos dois casos) e outras de fora. Com Joseane, achou outros nomes dentro do nome. E com Luciana fez os dois, palavras e nomes. E assim vai...

GRAÇA

Se Graça trocar
de lugar as letras,
a garça voa.

E a menina,
sem graça,
fica sozinha.

.

JOSEANE

Jane ama José,

José casou com Ane.

Como nasceu Joseane?

E o que foi feito de Jeane?

.

LUCIANA

Lia na lua

recados

de Luci e Ana,

lembranças

de Lina e Lana

e saudades

de Luana.

Bartolomeu Campos de Queirós, Diário de Classe, São Paulo: Moderna, 1992.

Que tal, professores, tentar fazer pequenos poemas com as palavras que moram dentro dos nomes de seus alunos? Que tal eles ajudarem?

Pois bem... Sabe que muitos poetas se utilizaram desse recurso para fazer seus poemas? Encontram palavras dentro dos nomes ou dentro de outras palavras, duplicam letras para perseguir outras tantas e mudam uma letra, umazinha só, formando pares mínimos (lembram do post sobe pares mínimos?), que também formam sonoridades bem interessantes. Poema, vocês sabem, é um jogo com a linguagem, com os sons, com os sentidos articulados à sonoridade das palavras.

Querem ver um desses? É o Colar de Carolina, de Cecília Meireles.

Colar de Carolina
Cecília Meireles

Com seu colar de coral,
Carolina
corre por entre as colunas
da colina.
O colar de Carolina
colore o colo de cal,
torna corada a menina.

E o sol, vendo aquela cor
do colar de Carolina,
põe coroas de coral

nas colunas da colina.


CAROLINA: em Carolina tem coral, colar, cor, coroa, colo, cal, colina (e coluna, que com colina, faz um par mínimo!), todas palavras que Cecília colocou lá. E ainda tem colore e corre, que não se faz com a letra i, mas se faz com o som / i /, que quase aparece em Carolina (quem aparece é seu “irmão”, o fonema / ĩ /, um i nasal). CORADA também só acrescentou o D, as outras letras estão lá e a palavra ressoa em coral...

Bom, gente, e com letras, palavras, nomes e belos poemas, muitas outras tantas coisas podemos fazer. Dentre essas muitas, já pensaram em brincar de recitar um poema suprimindo algum fonema? É um jogo de reflexão fonológica de nível bem complexo, mas que dá para brincar. Precisa saber de cor ou ir dizendo após a leitura de cada verso...
Experimentem dizer ou ler o Colar de Carolina, ou qualquer outro poema repleto de aliterações e assonâncias, sem pronunciar algum fonema recorrente, como o fonema / k / do Colar de Carolina, por exemplo. Ou, no poema do nome Luciana, ler/recitar sem o fonema / l /, correspondente à letra L. Dá para dar bastante risada! E é sério!!!
Experimentem também brincar de suprimir, deslocar, acrescentar ou substituir letras/fonemas, finais ou iniciais, nos nomes das crianças. Ex. LARISSA: Arissa, Lariss, Tarissa, Barissa, Farissa, Clarissa, Larisse... Conheço quem já tenha feito o livro dos nomes, cheio de experiências desse tipo, feitas em sala, seja cada criança com o seu, seja um coletivo. Lindos!!!
Aliás, sobre poesia com o nome e as letras do nome, vai mais uma de Cecília, O Mosquito escreve. Aqui, são as letras do nome do inseto, m-o-s-q-u-i-t-o, que se revelam no poema. Dá para tentar fazer parecido com os nomes de pessoas. Melhor até que os já meio batidos acrósticos.

...

O Mosquito Escreve
Cecília Meireles
O mosquito pernilongo
trança as pernas, faz um M,
depois, treme, treme, treme,
faz um O bastante oblongo,
faz um S.

O mosquito sobe e desce.
Com artes que ninguém vê,
faz um Q,
faz um U, e faz um I.
Este mosquito
esquisito
cruza as patas, faz um T.
E aí,
se arredonda e faz outro O,
mais bonito.
Oh!
Já não é analfabeto,
esse inseto,
pois sabe escrever seu nome.
Mas depois vai procurar
alguém que possa picar,
pois escrever cansa,
não é, criança?
E ele está com muita fome.
Cecília Meireles, Ou isto ou aquilo, Rio de janeiro: Nova Fronteira, 1987.
Por hoje, é isso, em breve, novos posts sobre a sonoridade dos poemas, as rimas, aliterações e assonâncias que provocam sentido, ritmo, beleza aos poemas. E ensinam sobe esse gênero, suas características, além de favorecer muitas situações de reflexão fonológica, brincando e apreciando jóias da literatura. Se bem que em parlendas e trava-línguas tem outro tanto disso...só que em contextos mais nonsense, também ótimos para focar a atenção nos significantes e não no significados – ótimo exercício de reflexão fonológica. Chegaremos lá!
Fiquem ligados,
Lica

21 comentários:

  1. Oi, pró,
    Que nostalgia encontrar aqui um pouquinho daquelas provocações que você fazia em aula! Lembro-me dos poemas interessantes e engraçados que a nossa turma fez com os nomes de cada um. Eu li esse post como se rememorando sua aula sobre nomes próprios. Viu, gente, ela dá aula assim, botando a gente para brincar, criar, produzir textos, inventar... e pensar! Seu modelo de professora é mesmo o da professora de horizontologia, como ela mesma uma vez disse, lembrando a professora de Clara Luz, a fada que tinha ideias...
    Valeu, pró! Além das ideias rememoradas e registradas por escrito, adorei a motivação emocional desse post. Fiquei com saudades das aulas...
    Beijo grande,
    Cris

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  2. Oi, Cris,
    Eu também sinto saudades da sala de aula...de vocês dizendo que eu parecia dançar, de nossas discussões, produções e alegrias. Mas das birrinhas não sinto falta (rsrsrs).
    A professora de horizontologia é uma de minhas referências de como ser professora, sim, dentre outras, como Mary, Lícia Beltrão, por exemplo, também professoras de horizontologia.
    E em minhas memórias de menina, também a pró Vera e a pró Raimunda, do meu (na época) primário na Experimental. E Bisa também.
    O tempo que passei querendo ser professora quando eu crescesse, deve muito a elas ou ao que eu fiz delas em minha imaginação.
    Se me recordo bem, todas elas "dançavam".
    Tá vendo? Sua memória afetiva mobilizada, mobilizou a minha também. Só fui mais longe no tempo...E bote tempo nisso!
    Um beijo grande,
    Lica

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  3. Olá, Professora Liane!
    A escrita do nome próprio tem função social, onde irá identificar as pessoas, identificar aquilo que a ela pertence, fazendo-o simplesmente o seu existir em seu meio. O nome está presente nas primeiras manifestações da escrita do educando. Assim, podem adquirir, aos poucos, os conhecimentos essenciais que impulsionarão seu processo de alfabetização.
    Professora Liane, suas aulas são encantadoras, recheadas de muita criatividade. Continue assim nos encantando!!

    MARILEIDE DOS SANTOS ANDRADE
    CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO-UFBA
    JEREMOABO-BA

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  4. Ó, Marileide!
    Fico tão feliz de ver que a minha entrega ao que faço chega em vocês e reverbera...Muito bom!
    O nome próprio é a primeira palavra que ganhamos de presente, frequentemente antes mesmo de nascer...é uma palavra, assim, muito significativa, como você ressalta.
    Para mim, além disso, o nome próprio é a entrada no mundo da alfabetização...
    Sendo uma palavra que aprendemos a reconhecer e escrever mesmo antes de compreender como funciona a notação alfabética e de saber decifrar o escrito, é fonte de muitas pesquisas linguísticas que, de fato relacionam-se a seu processo de alfabetização, como você também ressalta.
    Um grande abraço e até breve!
    Liane

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  5. Adorei a postagem pró, tenho aprendido tanto! Nunca havia pensado no nome próprio dando tamanha importância nesse processo de alfabetização. Hoje percebo que ele, assim como outras palavras estáveis tem uma função primordial na formação do repertório da criança, bem como na criação das primeiras hipóteses em relação a escrita. Estou cada dia mais encantada. Obrigada pelos ensinamentos.

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    1. Oi, Ana Paula!
      Fico muito, muito feliz de ouvir que vocês estão aprendendo tanto nas nossas aulas e estudos. Para mim isso tem um valor enorme!
      O nome próprio é uma palavra muito rica de possibilidades na alfabetização. Sabia que tem TCC só sobre isso? Pois tem!
      Bjo

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  6. Oi pró, essa aula sobre nome próprio foi muito interessante, levei para a turma do terceiro ano que tinha uma grande dificuldade de escrever com letra maiúscula o seu próprio nome foi um sucesso. Quero agradecer pelo aprendizado que adquirir em nossas aulas, pela sensibilidade e dedicação que a senhora tem em fazer com que aprendamos a alfabetizar de forma diferenciada, onde o que prevalece é a imaginação.
    Jamile EDCB85

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    1. Que bom Jamile. Podia falar mais de como adaptou esses encaminhamentos para uma turma de 3o ano, com esse perfil, não é?

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  7. Amo poesias, com meu nome então nem se fala.
    Essa proposta em utilizar o nome próprio como base para outra palavras e até para
    construção de poesias, é fantástico para se trabalhar com as crianças, como foi dito,o nosso nome é a primeira palavra que recebemos e que temos uma maior contato. Assim a ideia de utilizar essa palavra tão próxima da criança, torna a atividade muito mais prazerosa para ela.
    A exemplo do meu : MARIANA ( MARIA, ANA, MAR) e tantas outras possibilidades..

    EDCB85 - Alfabetização e Letramento
    Mariana Costa.

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    1. mariana,
      Sabia que há até livros inteirinhos e TCCs só sobre nomes próprios na apropriação da língua escrita? Eu mesma orientei dois trabalhos sobre isso!
      É uma delícia brincar com o nome!
      Abç,
      Liane

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  8. Liane,

    Passei um tempinho lendo as postagens e essa me pegou de jeito por conta de uma frase que traduz o meu dever de casa do momento. Quando fala sobre nome, sons e infinitas possibilidades provoca-nos assim: "Depois de brincar disso, professor, que tal tentar com as crianças?". Pois não há possibilidade de ser professora da Educação Infantil sem brincar. E para mim isto se estende para o Fundamental I, e é imprescindível para participar do processo de alfabetização dos nossos alunos. Primeiro a gente toma nota do nosso nome, e quando vê já reconfigura essa coisa de sermos nós e de quem somos no exercício da profissão. É mega importante partir do nome que é a nossa apresentação ao mundo, nossa singularidade. Recordei das lancheiras que carregavam o meu nome. O nome que se estampava nas toalhinhas e garfinhos. Lembro quando havia uma mochilinha igual a minha na minha turma. Mesma cor, modelo, tamanho, e carregava as mesmas atividades, exceto o nome. A alegria de pegar na estante após identificá-la como minha e não da Amanda foi tão glorioso que me lembro. Há poesia dentro e ao redor do nosso nome. Como havia me esquecido disso?

    Recordar é acordar.

    EDCB85 - Alfabetização e Letramento
    Louise Pires Nobre

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    1. Que maravilha, Louise!!!
      É isso mesmo! Há poesia no nosso nome! Primeira palavra que ganhamos do mundo, e que vai nos acompanhar para sempre...
      O nome próprio remete 1) à identidade/diferença - nesse sentido mais amplo da constituição do sujeito - 2) à identificação nas práticas sociais (identificação de seus pertences, suas produções), que remete, por sua vez, ao letramento, pois ele circula em diversos gêneros textuais cotidianos, especialmente em forma de assinatura, 3)
      e remete, igualmente, à notação da língua, sendo fonte riquíssima de informação e pesquisa sobre letras, sons, parte das palavras, semelhanças e diferenças de segmentos sonoros e gráficos - o que garante uma boa porta de entrada para a alfabetização!
      E permite muita poesia!
      Recordar é acordar e passar novamente pelo coração RE-CORDAR.
      Vamos que vamos!
      Abraço
      Liane

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  9. O significado que o nome carrega é muito importante para que a criança a partir dessa referência, dessa base possa se desenvolver de forma a ampliar seu repertório.
    Por isso é importante usar a criatividade para desenvolver atividades que possam ampliar de forma progressiva as potencialidades das crianças.
    Cinthia Dias
    EDCB 85

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    1. Cinthia,
      Sim, o nome próprio é uma palavra muito significativa e, grafado, se torna uma fonte riquíssima de pesquisa sobre a língua para a criança...como temos visto nas aulas...
      Na aula de hoje, como em outras, falamos de Reginaldo, que tem esse nome grande, mas ele acha que escreve com 4 letras...
      Essas coisas vão os desafiando.

      Gostaria de ver você explanar mais sobre o tema. Sabia que já orientei dois TCCs sobre o tema? Pois é...dá pano pra manga!

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  10. O nosso nome é algo muito identitário, uns gostam do seu nome, outros aprendem a gostar e outros acham que vão morrer odiando o nome. No meu caso, quando era menor, eu não gostava do meu nome, e como é o nome do meu avô (no feminino) eu achava que era um nome de pessoas mais velhas. Enfim, eu adorava o nome da minha irmã - Roberta, e não gostava do meu. Entretanto, com o passar do tempo comecei a gostar do meu nome e hoje eu AMO o meu nome e não trocaria ele por nenhum outro nome.
    Isso é muito recorrente em crianças por isso, a importância desse repertório de atividades e poemas relacionados a tal temática. O livro de Elias José poderá ser um grande aliado.
    Obrigada pelos ensinamentos tão enriquecedores.
    Beijos
    ANTONIA FEIERABEND CALLAS
    EDCB85- 2018.1

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  11. FERNANDA OLIVEIRA RIBEIRO
    EDCB85 - DIURNO - 2019.2

    Oi pró! Hoje vim no blog em busca de alguma postagem que se remetesse ao nome próprio e à decomposição das palavras. Essa semana passei por uma situação de que, uma menina que faz ballet no mesmo lugar que eu, que está em fase de alfabetização (tem 6 anos) sabia escrever seu nome (MARIAna), mas se pedíssemos que escrevesse "Maria" ou "Ana" ela não conseguia. Isso é a prova viva de que ela foi ensinada a escrever o próprio nome de forma mecânica, sem as relações e reflexões que deveria ter!
    Reconheço a importância social que nosso nome tem, pois é a PRIMEIRA coisa que ganhamos desde que ainda estamos na barriga da nossa mãe! Porém vejo que, ao alfabetizar, precisamos fazer essas relações e mostrar as crianças que em um único nome, encontramos várias palavras e mostrar que a criança é capaz de escrever palavras com um pedacinho do seu nome!
    Gostei muito da postagem e das possibilidades que temos em poder fazer essas relações (através de poemas e poesias, decomposição).
    Beijinhos!

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    1. Oi, Fernanda.
      Sim, agora veja, saber o nome por reconhecimento global, visual, mesmo tendo aprendido de forma interessante, não é garantia de poder analisá-lo em pedaços menores. Saber de memória é o ponto de partida para então poder analisá-lo.
      Assim, não dá para dizer que foi uma aprendizagem necessariamente mecânica. O que dá para dizer é que, se ela continuar sem poder analisá-lo, ficando apenas nesse reconhecimento do todo, aí sim, há algo limitante em sua abordagem.
      Mas sobre o nome ser essa fonte de pesquisa e de decomposições e recomposições produtivas para a alfabetização, sim, é isso aí mesmo!
      E tem muitas, muitas formas de explorá-lo! Seja referente ao letramento, o nome nas diversas práticas de assinatura, de identificação dos sujeitos, seja para refletir sobre aspectos linguísticos da escrita, no processo específico de alfabetização.
      Que bom que gostou!

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  12. Desde muito cedo as crianças demonstram interesse pelas práticas socioculturais em que a escrita se manifesta. MARTINS (1991, p.43) vai dizer que “O conjunto de signos que forma o nome próprio, além de servir de marca formal designativa do indivíduo para os outros, para a sociedade, constitui-se como um referencial único para o sujeito: ele o vive como sendo ele mesmo.” Apresentando a importância que o nome próprio tem para a individualidade, a identidade e até a relação desse sujeito com a sociedade. Embora a construção da identidade dessa criança seja dinâmica o ato de nomear já é uma prática social e a criança como sujeito ativo e modificadora de seu meio deve estar envolvida nas práticas sociais. Além disso, o nome próprio tem características linguísticas que contribuem com o processo de apropriação da escrita. Se buscamos propor situações de escrita contextualizadas que levem a criança a refletir sobre a escrita, então partir de algo tão significativo e que a criança já se apropriou, o nome próprio, é muito importante. Já fiquei pensando em como criar poemas com o nome dos alunos com a participação deles.

    Danielle Queirós
    EDCB85 - 2019.2 (diurno)

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    1. O nome próprio é tão tão importante e tão rico, Danielle, que já virou TCC. Eu mesma já orientei dois TCCs nessa temática, cada um no seu recorte...
      Há muitas, muitas possibilidades de exploração, e constitui fonte de pesquisa para crianças em diversos níveis de leitura e escrita.

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  13. Isso que chamo de ALFALETRAR, proporcionar as crianças essas brincadeiras através das letras do seu nome, primeira palavrinha de identificação, eu ouço todos os dias: O S de Sarinha, o meu S, o A de Alice, mas a pro Alana também é A, tem 2 e por aí vai... Enriquecer a educação com rimas, poesia, com a construção de uma alfabetização significativa, lúdica, brincante, cantada, falada, protagonizada pelas crianças.
    Vou tentar um com meu nome:
    Eu sou Alice, mas as crianças me chamam de Aice, eu adoro, porque o A antes da palavra significa a ausência de algo, exemplo: AFÔNICO. No meu caso AICE, ICE significa gelo, então eu sou antigelo, visto que não sou fria, sou amorosa e calorosa. Mas também posso ser ECILA, CELIA, LECIA, ACELI, ELICA, nossa! várias coisas, além de formar outras coisas, até Alce cabe no meu nome e ainda sobra uma letra, cabe o pronome ELA e sobram 2, e ainda indica por onde ir: ALI.. aaah meu nome é fantástico ainda rima com tolice, tagarelice, cúmplice, hélice, e tantas outras, mas a mais legal é a que inventei para mim, meu adjetivo: ALICICES, mas acho que essa palavra já existe.

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    1. Isso aí, Alice - tudo ao mesmo tempo, integrado, alfabetização, letramento, literatura, brincadeira, cultura, arte!

      E dá pano pra manga de brincar... Também -ICE é um morfema (sufixo nominal) que confere uma qualidade a um substantivo: meigo - meiguice, tolo - tolice. Será que podemos brincar de AL-ICE, ser all + ice (já que você puxou o inglês, puxo também! rsrs). Uma "tudice" só essa moça, fazendo suas alicices!
      E ainda pode trocar letras (letra inicial, final, experimentar: Elice, Olice, Ulice, que parece Ulisses...e por aí vei). Dá também para brincar de par mínimo, achando palavras, ou outros nomes pela troca de uma só letra. Combinando embaralhar letra e par mínimo, Alice encontra Liane, basta trocas o C pelo N e desembaralhar diferente! Tanta brincadeira boa, né?

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