TIPO DE ATIVIDADE: Leitura para todos e
escrita para os alunos que já consideram o princípio alfabético (mais ou menos
sistematicamente)
CONTEÚDOS:
- Gênero textual parlenda
- Estratégias de reconhecimento de palavras e
ajuste do falado ao escrito
- Consciência fonológica de rimas, com e sem
presença da escrita
- Escrita convencional/ortografia
OBJETIVOS:
- Aprender mais sobre o gênero parlenda e ampliar o repertório de parlendas para brincar
- Utilizar estratégias diversas de
reconhecimento de palavras
- Ajustar oral ao escrito para reconhecer
palavras sem saber ler
- Utilizar o conhecimento sobre o valor sonoro
das letras
- Refletir sobre as rimas sem e com presença da
escrita – consciência fonológica de rimas
- Pôr em jogo o que sabe para escrever
convencionalmente
AGRUPAMENTOS:
Coletivamente: reflexão fonológica
Duplas agrupadas por níveis semelhantes
de possibilidade de escrita e leitura
ORIENTAÇÕES
DIDÁTICAS:
(essas orientações podem ser
desenvolvidas gradativamente, ao longo de mais de uma aula)
Fazer um levantamento
dos conhecimentos prévios dos alunos sobre parlendas, os perguntando sobre quais eles
conhecem. Solicitar que os alunos falem algumas parlendas desafiando a turma a
repetir. Depois das trocas brincantes quanto às parlendas que conhecem, brincar
com algumas elas trocando as palavras rimadas, fazendo graça e abordando
oralmente a consciência fonológica de rimas: as crianças produzem as rimas a
partir das palavras trocadas em parlendas conhecidas. Além de muito divertido,
da graça com os nonsenses criados, trabalha-se aí a produção de rimas,
capacidade importante de consciência fonológica.
Ex.
“Hoje é quinta...pé
de .... (?)... (ex. cinta)”;
“Rei, capitão,
soldado, aprendiz...moço bonito do meu...(nariz)...
“Meio dia, Macaco entorta... Panela
no fogo, Barriga... (é ricota)”.
Depois desse momento,
pode-se escrever algumas das rimas no quadro e analisar as semelhanças sonoras
e gráficas entre os pares com segmentos rimados: quinta/cinta (rima
soante paroxítona), aprendiz/nariz (rima soante oxítona),
entorta/ricota (rima toante paroxítona)...
Após essa exploração
oral, a professora irá recitar uma parlenda de memória, para que os alunos
ouçam e repitam, podendo também escolher uma entre as que os alunos já
conhecem, como “Hoje é Domingo”. Certificar se os alunos sabem o texto de cor
e, se não sabem, brincar de repetir de várias formas, garantindo a memorização,
como dizer um verso e eles repetirem; depois dizer um verso e eles dizerem o
que vem depois...e assim, sucessivamente; dizer um verso aumentando ou
diminuindo a voz quando pronunciar as palavras rimadas etc.
Quando a maioria
tiver memorizado o texto, entregar uma cópia da parlenda trabalhada oralmente,
fazendo a leitura com o dedo, mostrando que o ritmo dos versos ajuda na
leitura, mesmo que eles ainda não saibam ler com autonomia. Depois, recolher os
textos e dar o mesmo texto com partes lacunadas, solicitando que os alunos
leiam juntamente com a professora, descobrindo as palavras que faltam.
Para
as duplas de crianças que ainda não leem com autonomia, entregar um banco de
palavras da parlenda (palavras desordenadas, não na ordem que aparecem no
texto). Dependendo das possibilidades das crianças, lacunar apenas uma palavra
por verso e, se precisar, ajudar dando dicas sobre letra inicial, letra final,
tamanho da palavra. Para as duplas de crianças com que já consideram o valor
sonoro das letras, entregar o banco de palavras da parlenda com outras palavras
parecidas misturadas, para aumentar o desafio, o grau de dificuldade.
Para
os alunos que já consideram o princípio alfabético, seja de forma sistemática
ou ainda assistemática (como os silábico-alfabéticos), entregar o texto
lacunado sem o banco de palavras, para que as escrevam refletindo sobre a
escrita das palavras, a ortografia.
No
final pedir para que as duplas confrontem suas respostas com outras duplas.
O mesmo procedimento pode ser feito com
outras parlendas, assim como com outros textos da tradição oral.
RECURSOS: Papel, lápis, texto lacunado, 2 tipos de banco de palavras
PARLENDA:
Hoje é domingo
Pé de cachimbo
Cachimbo é de barro
Bate no jarro
O jarro é de ouro
Bate no touro
O touro é valente
Machuca a gente
A gente é fraco
Cai no buraco
Buraco é fundo
Acabou-se o mundo
LACUNADO:
Hoje é _______
Pé de ________
__________ é de ______
Bate no ______
O _____ é de _____
Bate no touro
O touro é ________
__________ a gente
A gente é ______
Cai no _______
_______ é _______
Acabou-se o _______
As aulas podem seguir abordando novas
parlendas, com outros encaminhamentos, explorando tanto a consciência
fonológica quanto o reconhecimento de palavras, para que as crianças vão, aos
poucos ampliando o repertório de parlendas e aprendendo sobre suas características,
usos e tipos (letramento), avançando em suas capacidades de reconhecer palavras
por decifração e outras estratégias, articulando o nível textual (consideração
do contexto textual para a leitura), lexical (reconhecimento cada vez mais
automático das palavras) e sublexical (reconhecimento pela decifração, ampliando
a reflexão fonológica com vias a articular, gradativamente, fonemas e grafemas).
Outros textos da tradição também podem ser abordados nesse sentido. É fundamental que as crianças vão aprendendo sobre as características, os usos e funções das parlendas, seus diversos tipos, a partir do contato com várias parlendas, brincando com elas, usando-as para o que de fato são (para brincar, pular corda, bater as mãos, escolher quem vai jogar, brincar com as palavras etc...) e não numa aula teórica sobre essas características, usos e tipos. Essa sistematização pode vir depois, após se apropriarem desse gênero sem perder de vista suas funções brincantes e de gênero oral, que precisa, antes, circular na oralidade. E não como introdução à exploração das parlendas.
Muito boa a ideia de usar as parlendas para trabalhar a consciência fonológica dos alunos, primeiro porque dessa forma eles são incentivados a preservar a cultura oral e porque muitas das parlendas que podem ser usadas pela professora já fazem parte da vivencia dos alunos, essa realmente é uma atividade que leva em conta o contexto do educando. Além disso, como a senhora sempre diz "a escrita oferece um apoio para a análise oral" e as atividades acima possibilitam isso, essa faceta que é aprender a partir de atividades que interligam oralidade e escrita. Ótimas ideias para utilizar nessa faze em que os alunos que já consideram a escrita alfabética!
ResponderExcluirAluna: Crislane dos Santos Soares
Disciplina: EDCB85-ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
Oi, Crislane...os gêneros da tradição oferecem possibilidades para reflexão de crianças em diversos níveis de conceitualização da escrita. Tanto para as que estão na fase de fonetização da escrita, às que estão avançando em suas hipóteses sobre como a escrita nota a pauta sonora, quanto para as que estão na fase de compreensão do funcionamento da escrita alfabética.
ExcluirNo caso dessas atividades aí, elas desafiam mais os que ainda não se apropriaram da escrita alfabética, e são levados a refletir sobre partes da palavras, analisando-as em segmentos menores, para tentar ler o que ainda não sabem decifrar.
Se eles já decifram com autonomia, são outras as situações produtivas para desafiá-los.
Aluna: Verônica Maria da Silva Magalhães
ResponderExcluirDisciplina: EDCB-85 – Alfabetização e letramento
O tema parlenda é muito criativo e divertido. É um texto da tradição oral que pode ser trabalhado com crianças que já sabem ler e escrever, e com as que ainda não dominam a leitura e a escrita.
A repetição das rimas e dos versos ajudam a memorizar as palavras, permitindo que elas possam ser substituídas por outras palavras que rimem entre si, no caso uma palavra por verso.
A parlenda “Hoje é domingo, pé de cachimbo...” é uma das mais antigas que conheço. Foi o primeiro texto da tradição oral que ouvi quando era criança. Só agora na universidade foi que aprendi que trata-se de uma parlenda e da sua importância na alfabetização. Por se tratar da cultura brasileira, faz parte do nosso folclore e vai passando de geração em geração.
Pois é, Verônica...
ExcluirPesquise mais em suas memórias e vá constituindo o seu repertório por aí...esses textos são carregados de experiências lúdicas e afetivas e, por isso mesmo, os defendo antes de tudo como cultura lúdica e prática de oralidade... Constituído o repertório das crianças e tornados deles, podem também ser um contexto significativo para as primeiras leituras e a reflexão sobre as sonoridades da língua.
Aluna: Juliana Paiva Freitas Pinto
ResponderExcluirDisciplina: EDCB-85 – Alfabetização e letramento
Quando me deparo com o conteúdo do Blog sobre a tradição oral, como as parlendas, penso no decorrer das aulas e como foi importante as discussões e o repertório que adquirimos para utilizar em sala de aula. Volto para as aulas iniciais quando fomos questionados sobre o nosso processo de alfabetização e percebo como o meu processo de alfabetização foi técnico, pouco conhecimento sobre a língua e as suas tradições, e mais repetições das letras, do alfabeto e das sílabas. Desta forma, percebo como é importante para nós professores constituirmos um repertório relevante da tradição oral e utilizar em sala de aula através da ludicidade. Desafiando a criança a compreender o funcionamento da língua através de jogos e brincadeiras.
Juliana,
ResponderExcluirLendo os comentários de vocês fico feliz de ver que, mesmo tendo essas aulas finais mais corridas, você se apropriaram bem dos conteúdos e, melhor ainda, desse "recado" que tento passar quantos às práticas lúdicas e reflexivas de apropriação da linguagem escrita. :)
Aluna: Fernanda Oliveira Ribeiro
ResponderExcluirComponente: EDCB 85 - Alfabetização e Letramento.
Oi pró! Cheguei no blog procurando possibilidades e metodologias para trabalhar palavras de formas lúdicas! Adorei essa postagem sobre parlendas. Cantei muito quando era pequena pois adorava, porém o excesso de conteúdo dos anos finais da escola, me fizeram esquecer! Adorei esse plano de aula pois reconheço a importância do uso de parlendas e conhecimentos de nossa cultura.
Gostei bastante também das possibilidades que a senhora traz para as crianças que estão em diferenciados níveis de alfabetização e letramento. Essa possibilidades fazem a turma poder trabalhar juntas o mesmo textos, todas inclusas na atividade.
Gostaria também de pensar um pouco de como trazer esse tipo de atividade para as crianças com deficiência... Quem sabe esse tema não possa se tornar uma futura pesquisa?!
Gostei muito dessa postagem! Pois penso que devemos trazer diversas possibilidades LÚDICAS para essa fase tão importante e cheia de responsabilidades na vida das crianças.
Oi, Fernanda!
ExcluirCom certeza pode dar um bom tema de estudos...
O lúdico entra na escola, muitas vezes, restrito à motivação, ao entretenimento, ao elemento facilitador para a apropriação dos conteúdos, mas o lúdico é algo muito mais importante que isso...ele é inerente à infância, ao modo de as crianças aprenderem - principalmente as menores - e é também desafiador, mobiliza conhecimento, estratégias, além de tudo ficar mais gostoso, claro!
Que bom que gostou e trouxe uma memória de afetos para você. A ideia é essa! A experiência sensível com o repertório como ponto de partida para refletir sobre a língua na continuidade das práticas brincantes.
Como é importante trabalhar com textos da tradição oral no processo de alfabetização, que ajudam a perceber a relação da fala com a escrita, valorizando a oralidade, a cultura popular e a tradição. Também, oportunizando a reflexão fonológica que auxilia na compreensão do sistema alfabético.O uso desses textos pode tanto partir do conhecimento prévio quanto ampliar o repertório desses alunos o que gera apropriação real dos saberes apresentados, proporcionando a construção de conhecimentos significativos. Um ponto interessante é que é realmente importante que os estudantes percebam as especificidades de cada gênero de texto da tradição oral, contudo, embora essas características possam ser faladas elas acabam ficando evidentes na interação e na brincadeira. Aprender brincando com as palavras sem dúvida é mais prazeroso. No caso das parlendas, uma de suas características é que ela é recitada e não cantada,porém muitas são as versões que encontramos de parlendas sendo cantadas o que me causou estranheza. Trabalhar com as parlendas de forma cantada também é um possibilidade ou não é adequado?
ResponderExcluirDanielle Queirós
EDCB85 - 2019.2 (diurno)
Isso Danielle!
ExcluirAprender sobre esses gêneros, como outros, em geral, é no uso! E como são gêneros cuja função social é brincar e brincar com a linguagem, é brincando com muitos deles que as crianças vão entendendo suas funções específicas, suas características e sua estrutura e forma. Conversar sobre eles, sistematizar isso, é só uma cereja do bolo...
Olha, há parlendas de brincar que quase são cantadas, mas são recitadas, senão seria brincadeira cantada. Mas nada impede de transformar parlenda em canção, não... O repertório está aí disponível, é nosso, para puxar, esticar, inventar!!!
Nada nessa história de gêneros pode ser estanque, senão artificializa os usos sociais dos textos, que é muito mais diverso e dinâmico.
Não é raro na escola serem tomados assim, de forma estanque, em aulas de "tal gênero", e que são tomados rigidamente...
Bakhtin diz que gêneros do discurso são tipos relativamente estáveis de enunciados...Têm uma estabilidade que faz com que os reconheçamos como tal, mas ela é só relativa, pois estão sempre em movimento!!! Bacana, né?
Vamos brincar com eles!!!
Professora, eu aprendi muito com as nossas aulas. Sobretudo a importância da tradição oral, do lúdico, do brincar. Eu gosto muito das parlendas por serem cheias de ritmo e de movimento. Além disso são uma forma de estimular a memória.
ResponderExcluirQue bom, Larissa!
ExcluirLarissa de Almeida Brito
ResponderExcluirEDC285 - Alfabetização e letramento
2019.2
Uma otima forma**
ResponderExcluirBarbara de Jesus Santos – Alfabetização e letramento 2019.2 matutino
ResponderExcluirConfesso que alfabetização ainda me causava um frio na barriga, mas era pior quando eu pensava que não sabia outras alternativas para além da forma que eu fui alfabetizada, sabia que não era adequada, mas também não sabia como fazer diferente. Hoje, vendo como esse processo pode ser prazeroso ao invés de doloroso como na minha época e da maioria das pessoas hoje adultas, ainda sinto esse friozinho, afinal, é de uma imensa responsabilidade esse papel de auxiliar nesse processo de alfabetização, mas a possibilidade de ter acesso a essas práticas, a exemplo desta atividade com Parlendas, me faz pensar que futuramente a alfabetização talvez não seja um processo traumático. Vejo também que o conhecimento de como o processo de alfabetização acontece é extremamente importante na hora de pensar as atividades e ajudar os alunos a avançarem.
Outra coisa que gostaria de compartilhar é o quanto as crianças gostam desses tipos de jogos. Minha cunhadinha está nesse processo de alfabetização, após a apresentação do seminário não me contive em experimentar junto com ela alguns materiais que meu grupo produziu, e a experiência foi incrível, e ela ainda queria colar todas as letras para ficarem certinhas cada uma em seu lugar kkkkkkkkkk.
Que maravilha, Bárbara!!!
ExcluirÉ isso mesmo, as crianças adoram, tanto brincar com o que os textos tradicionais da cultura oral proporciona quanto os recursos que podemos produzir a partir deles.
E ver a coisa acontecer junto com elas é a cereja do bolo!
Que bom!!!
P.S. Nossos filhos,/as, sobrinhos/as. irmãos/ãs ou a criança que seja que esteja por perto sempre serão "cobaias" de nossas boas invencionices de professoras...