O livro
Maria-Vai-com-as-Outras, de Sylvia Orthof, Ática, citado no
post anterior, pode, por sinal, dar margem a muitos outros textos e atividades interessantes. Listas, frases feitas, receitas culinárias, por exemplo, são ótimos textos para trabalhar, de diversos modos, na alfabetização.
A feijoada e a salada de jiló, que aparecem na história, são peças chaves na mudança de Maria e dão a deixa para conversar sobre as comidas que as crianças gostam e as que detestam. Assim, a leitura do livro pode, por exemplo, provocar a produção de
listas coletivas, como lista de comidas que o grupo gosta e lista das que não gosta (e como o gosto é relativo, uma mesma comida pode estar nas duas listas). E a partir delas, montar fichas para que cada um componha seu “cardápio” pessoal de preferências, que podem ser usadas também para fazer classificações quanto a serem alimentos doces ou salgados, almoço ou lanche, enfim, o que surgir no grupo. Pode inclusive usar as fichas para comparar as palavras quanto às características formais: letra inicial, final, tamanho, etc.
Outra proposta muito legal é o trabalho com
frases fixas (expressões idiomáticas), com seus significados literais e figurados, como a frase “Maria-vai-com-as-outras”, dentre outras, usadas em situações específicas, com sentidos bem específicos. As frases feitas, fixas, são frases cujo sentido é global, não se reduzindo à soma dos sentidos das palavras que expressa. São muito frequentes na língua e amplamente utilizadas em diversas situações. Assim, frases como ficar com água na boca, ver com os olhos e lamber com a testa, dar nó em pingo d’água, marinheiro de primeira viagem, levantar com o pé esquerdo, meter os pés pelas mãos, dor de cotovelo, dar o braço a torcer, dar uma mãozinha, estar no mundo da lua, dar nó em pingo d’água, o gato comeu a língua, sem pé nem cabeça, tirar de letra, bater com o nariz na porta, comprar gato por lebre, dentre muitas e muitas outras, podem ser abordadas em seu significado literal e seu sentido figurado – que é o sentido real das frases.
Como os provérbios, ditos populares, trazem também esse interessante aspecto que é mostrar que o sentido dos textos nem sempre (e frequentemente não é mesmo...) está no que o texto diz literalmente, pois o que vale é o sentido particular da expressão como um todo. Esse é um aprendizado riquíssimo – muito bom para a alfabetização de adultos, pois os adultos já trazem em suas falas muitas dessas expressões – e as crianças podem ir, aos pouquinhos, se apropriando de algumas dessas ricas pérolas da língua. O livro Maria-vai-com-as-outras favorece essa discussão, pois além de Maria ser o nome da personagem, traz, na construção dos sentidos da história, o sentido dessa expressão idiomática. Trabalhando com algumas delas, pode depois fazer fichas para as crianças reconhecerem as expressões escritas, encontrando a que serve para ilustrar determinada situação expressa.
Outro gênero de texto que pode ser abordado a partir do livro é a
receita culinária. Como a comida preferida da personagem tem um papel importante na história, podemos propor trabalhar as receitas de algumas comidas preferidas do grupo. Assim, as crianças podem observar as características das receitas, o que têm para que cumpram seus objetivos como texto, que coisas têm em comum, em que situações observamos pessoas se utilizando delas e para quê, enfim, conversas interessantes do ponto de vista do letramento. Receitas lacunadas para preencherem, quando bem pensadas, são atividades interessantes do ponto de vista da alfabetização. E se houver alguma receita que seja possível cozinhar na escola, que delícia!!!
Enfim, a história favorece a exploração de outros gêneros textuais, relacionados ao que é abordado na história, em atividades de alfabetização e letramento. Dei aqui a dica de algumas possibilidades.
Inté,
Lica
Lica
ResponderExcluirO seu trabalho está espetacular. Parabéns!!!
Saudades
Marlem
Oi, Marlem, querida,
ResponderExcluirObrigada!
Que bom saber que você anda por aqui...
Saudades também,
Beijos,
Lica
Lica!
ResponderExcluirParabéns pelo blog, é encantador! Já passei por aqui antes, mas fiquei caladinha. Foi Marynha que me disse de seu blog.
Eu queria fazer uma caixinha com um livro legal. Por exemplo, o Bom dia todas as cores foi um texto que contei muitas vezes pra minha filha, a Ana Ruth, seria bom recuperar essa experiência tão boa pra mim e pra ela, com outras possibilidades. Vou tentar fazer e te digo.
Parabéns pelo trabalho, e pela oficina lá na nossa disciplina de Alfabetização. Mais uma vez, muito obrigada.
Obrigada Raquel,
ResponderExcluirComo já te disse, gosto dessas oportunidades de fazer oficinas mais pontuais, ainda que rápidas, enquanto não retomo as mais longas...
Tente mesmo! É muito gostoso fazer e ver feitas as caixinhas...
E se precisar tirar alguma dúvida ou tiver outras ideias ao fazer a sua caixinha, escreva, viu?
Beijos,
Lica
Opa! Achei a inspiração para material com frases feitas e o melhor: tenho o livro da Maria!!!! Vou fazer um kit!!! Acho que viciei! Rsrsrsrsrsrs
ResponderExcluirBeijos
Ana
Rsrsrsrs!!!!
ResponderExcluirQue ótimo vício, Ana, jogue duro!
Bjs,
Lica
Valeu! Nossa, como cortar papel faz bem pra mente!!! Todo mundo deve experimentar!
ResponderExcluirBjs,
Ana
Também acho!
ResponderExcluirBjs,
Lica
Melhor escolha do mundo foi comer uma feijoada. Viva Maria! :)
ResponderExcluirO desenrolar é tão genial que nos alegra e nos faz pensar que uma expressão tão antiga pode abrigar inúmeras atividades!
Pensei em: "Descascar o abacaxi", " Dar a volta por cima", "Com o rei na barriga", e outras que são engraçadas, mas ao mesmo tempo instigaria os adultos com as atividades de alfabetização. Com este livro e esta história eu penso nas crianças, mas ao entrar em contato com o universo das frases feitas eu acredito que a aproximação com os adultos seria encantadora.
Louise
EDCB85- 2018.2
Siiiiiiiiiiiiiiiiiim, Louise!
ResponderExcluirOs provérbios e as frases feitas constituem um repertório maravilhoso para os adultos, que os usam frequentemente.
Mas também fazem festa com as crianças, basta escolher alguns mais acessíveis. E muitos provérbios são moral de fábulas!