- 1. Embaralhar todas as cartas de figura e todas as cartas de palavras.
- 2. Colocar na mesa, viradas para cima.
- 3. Colocar a palavra SIM e NÃO na mesa de modo a poder arrumar as outras fichas perto de cada uma, formando uma coluna.
- 4. Separar todas as figuras que rimam com SIM e colocar junto a essa palavra; separar todas as figuras que rimam com NÃO e colocar junto a essa palavra.
- 5. Pegar as palavras SIM e NÃO para fazer nova listagem, agora com as fichas de palavras (pode retirar as figuras para fazer as novas colunas ou retirar as fichas de SIM e NÃO e colocá-las em outro lugar ou ainda colocar as palavras numa coluna ao lado das figuras, mas ainda sem fazer a correspondência figura-palavra);
- 6. Separar todas as palavras que rimam com SIM e todas as que rimam com NÃO perto das duas palavras, prestando atenção nos finais das palavras (associação som final – rima – com a escrita final) ou a partir da leitura pelo adulto.
- 7. Por fim, tentar associar, por diversas estratégias, as palavras às figuras correspondentes. Caso as outras fases já sejam muito fáceis para a criança, pode-se jogar apenas essa terceira fase, de reconhecimento de palavras, de reflexão sobre a relação entre a escrita e a pauta sonora.
segunda-feira, 15 de outubro de 2012
Jogo do Sim e do Não
Oi,
gente,
Enquanto as continuações do post das Histórias Acumulativas não
vêm, mostro aqui um joguinho que fiz essa semana para o meu filho. O Jogo
do SIM e NÃO surgiu de uma brincadeira que eu e meu filho, Joaquim, de 5 anos e
meio, fazemos com frequência no carro, indo ou voltando da escola. Ele fica
procurando palavras que rimam com o seu nome, e até inventa palavras – coisa
que gosta muito de fazer –, mantendo sempre no final a rima “im”, como ”filistim”,
“paquitim”, “paquim”...e por aí vai... Aliás, essa invenção demonstra uma total
apropriação da noção de rima, ao menos da rima do seu nome. Foi assim que foram
surgindo também outras palavras que ele nem conhecia, como Pasquim,
querubim...pois eu ia dizendo, “paquim não existe, mas existe Pasquim”, e dizia
o que era. E novas palavras iam entrando no jogo, no repertório, no
vocabulário...
No
dia em que ele descobriu que Joaquim rima também com “sim”, começou a procurar palavras
que rimam com “não”, o que gerava muita risada, pois além das palavras normais
(avião, pimentão, caminhão, mamão), apareciam outras usando o aumentativo, seja
corretamente, seja de forma bem engraçada: casão, bolão, almofadão, jogão,
escolão... Brincadeiras com o SIM e com o NÃO também já haviam aparecido a
partir da leitura do livro SIM, de Jez Alborough, da Brinque-Book. Sim é um
livro de uma coleção maravilhosa de três livros (Sim, Abraço e Alto), ótimos
para a criança que ainda não sabe ler poder ler com autonomia, já que trazem
poucas palavras – falas dos personagens, bem econômicas – rapidamente
memorizadas pelas crianças. No “Sim”, Zezé, o macaquinho personagem dos três
livros, vai dizendo “sim” e “não” para diversas atividades do dia. A partir do
livro, Joaquim passou a identificar a escrita das palavras “sim” e “não” e a
reparar mais na escrita das palavras dos outros livros (no livro Alto, são as
palavras “alto” e “baixo” e no livro Abraço, a palavra “abraço” mesmo), e a
reparar mais na escrita palavras em geral também: suas letras iniciais, finais,
tamanho etc – o que tem lhe servido para realizar diversas outras atividades,
leituras e jogos.
Foi
assim, a partir dessas situações, que nasceu o Jogo do SIM e do NÃO do Joaquim,
chamado assim já que contém o seu nome e sua foto entre as fichas de palavras e
de figuras do jogo. Nasceu do cruzamento de duas experiências de brincar com a
leitura, com as palavras: as rimas com os nomes, e o sim e o não...
O
jogo contém duas fichas grandes com as palavras SIM em uma e NÃO em outra;
fichas com palavras que rimam com SIM e fichas de palavras que rimam com NÃO; e
fichas de figuras correspondentes a essas palavras. E o jogo tem três fases: o
jogo de reflexão fonológica sobre rimas, quando apenas as figuras são usadas
para corresponder às palavras SIM e NÃO, como representantes das duas rimas em
IM e em ÃO; o jogo de reconhecimento das rimas nas palavras escritas e o jogo
de associação entre figuras e suas palavras correspondentes, que se constitui
como um jogo de reconhecimento de partes das palavras, de reflexão fonográfica,
voltado para ativar estratégias de identificação e a pesquisa inteligente sobre
os sons e partes das palavras, a partir do uso dos conhecimentos prévios disponíveis.
A
primeira fase do jogo, mais fácil, dará apoio às fases seguintes. Nessa fase,
as imagens devem ser colocadas numa coluna embaixo do SIM e do NÃO, conforme
rimem com uma ou com outra. Como a escrita não está presente aí, a não ser nas
palavras SIM e NÃO, o jogo exige apenas a consideração dos sons das rimas nas
palavras orais correspondentes às figuras. Configura-se, assim, como um jogo de
reflexão fonológica sobre rimas.
Na
fase seguinte, faz-se o mesmo só que com as fichas de palavras, sem ainda
associar figura e palavra. Pode retirar as figuras e fazer novas colunas abaixo
do SIM e do NÃO, agora com as fichas de palavras. A reflexão fonológica em
presença da escrita configura um desafio a mais aqui, que diz respeito à
correspondência entre a pauta sonora e gráfica das palavras, ou melhor, da
parte final das palavras. Nada impede, no entanto, que as crianças já observem
por conta própria outras de suas partes. Se a criança ainda não percebe a
relação da escrita com o som da rima e o adulto precisar ler as palavras, o
jogo volta a ser apenas de reflexão fonológica e não fonográfica.
Como
o foco é a rima, a reflexão fonográfica enfatizada nessa fase do jogo incide apenas
no final das palavras. O que importa aqui é reconhecer a escrita do seu
pedacinho final. Logo as crianças observam que as palavras que terminam com o
mesmo som, quando oralizadas, são escritas do mesmo modo no final. Se não
percebem, após montarem as colunas com a ajuda do adulto, pode-se pedir que
observem o que as palavras listadas na coluna do SIM têm em comum, e em
seguida, as do NÃO, ou vice-versa. Isso pode tornar observável a relação entre
o que se diz – a pauta sonora – e a grafia, que nesse caso é idêntica em todas
as palavras. De início, por exemplo, Joaquim pedia para eu ler as fichas de
palavras para poder, na segunda fase do jogo, saber se rimavam com SIM ou com
NÃO. Depois ele observou o finalzinho das palavras, escritas sempre iguais, com
IM, e esse passou a ser o seu critério de separação das palavras nas duas
colunas. É engraçado vê-lo dando essa dica aos familiares e amigos quando vai
mostrar, explicar ou jogar o jogo com eles. Coloca o dedo no restante da
palavra, deixando apenas o IM à mostra, enfatizando a descoberta. Na maior
inocência, dá a dica super necessária, para nós adultos alfabetizados! Para ele
é, de fato, bem necessária, por ora. É lindo ver as descobertas acontecendo! E
um dia a ficha de que quem sabe ler não precisa dessa dica, vai
cair...rsrsrs...
A
fase final do jogo, de associação entre figuras e palavras, mais complexa,
exige intervenções do adulto, pois aqui está em jogo fazer reflexões
fonográficas, para além das rimas. É preciso justamente prestar atenção em
outras partes da palavra que não o seu final. As intervenções do adulto são,
evidentemente, para provocar reflexões, não para ler as palavras, senão não há
reflexão. Com as crianças menores, é preciso dar dicas quanto ao tamanho das
palavras, dicas das letras iniciais, quantidade de letras, presença de certa
letra que conhecem (ex. em Anakim tem dois A e um K) para que identifiquem as
palavras. Nesse caso, a atividade chama a atenção para as letras, a ordem das
letras, sua quantidade, ajudando as crianças a prestarem a atenção nas unidades
menores que a palavra, em contexto de jogo. Com os maiores, que já podem ir
além nas reflexões e nas estratégias de reconhecimento de palavras, as
intervenções podem ser mais desafiadoras. As possibilidades de intervenção são
inúmeras, mas sempre devem buscar provocar a reflexão das crianças, dentro de
suas possibilidades, e, ao mesmo tempo, as desafiando a observar as palavras,
para além de suas rimas.
O
adulto pode ir separando algumas palavras para a criança tentar encontrar a que
corresponde a determinada figura. E elas o fazem através da estratégia de
seleção, eliminando as que não correspondem à palavra oral referente à figura,
seja pelo tamanho das palavras; por observação de letras ou de sílabas
presentes nas palavras – letras e sílabas iniciais, mas também no interior das
palavras –; seja por associação de sílaba inicial a sílabas de nomes conhecidos
(nomes dos colegas, por exemplo), ou outras palavras de seu repertório, dentre
outras estratégias. Joaquim aprendeu logo a reconhecer “limão”, por exemplo,
porque começa com LI, “igual ao nome da minha mãe, Lica”.
Assim,
pode-se pedir que separem as palavras começadas por A, e com as fichas com as
palavras “amendoim”, “avião”, “Anakim” e “aipim” separadas, pedir que encontrem
amendoim para associar à figura com o amendoim. Joaquim fez pelo tamanho,
contando os pedacinhos, que agora já chama de sílaba. Pode separar as fichas
“jardim”, “Joaquim” e “Jasmim” e pedir para encontrarem as figuras
correspondentes. O adulto pode ir dando dicas, como, por exemplo, chamar a
atenção para o som /s/ em “jasssssmim”, sem dizer a letra. Com as fichas das
palavras “macarrão”, “mamão” e “mão” mais as três figuras correspondentes,
podem tentar associar as três, o que pode provocar reflexões sobre o tamanho
das palavras, ainda que contem uma sílaba a mais em cada uma: ma-ca-rrã-o,
ma-mã-o, mã-o (como eles segmentam oralmente); podem observar a presença de
“mão” dentro de “mamão” ou perceber que se a sílaba MA, presente no nome de um
colega, for subtraída de “mamão” (cobrindo concretamente a sílaba da ficha ou
não), sobra “mão”. Podem igualmente observar a presença de outras letras e suas
relações com os sons, caso já sejam observáveis para elas, como o /S/, o /R/, o
/K/, dentre outras. As intervenções podem ir seguindo as descobertas das
crianças, e é muito difícil prever quais serão essas! O bom senso é
importantíssimo, sempre guiado pela medida entre ser um desafio possível para a
criança e, ao mesmo tempo, um verdadeiro desafio, que não seja tão fácil para
ela resolver. O movimento é sempre de pesquisa inteligente, de uso dos
conhecimentos disponíveis para resolver o que, de cara, não se sabe resolver.
O
jogo pode ser jogado com o adulto ou com outra criança, com mais ou menos intervenções
do adulto. Várias formas de brincar podem ir aparecendo, Joaquim, que ainda não
percebeu que para quem já sabe ler não há muito desafio, ou simplesmente porque
quer compartilhar as jogadas, joga assim: uma vez um joga, outra vez o outro –
que sou eu – joga, descobrindo onde coloca as figuras e palavras ou que figura
casa com que palavra. Ele adora a piada de dizer que reconhecer a palavra
“Joaquim” é muuuuito difícil!
Como
brincar:
O
Jogo do SIM e do NÃO é um jogo do Joaquim, mas pode nos dar outras tantas
ideias. Em sala de aula, por exemplo, podemos usar os nomes das crianças como
mote e fazer fichas de três ou quatro palavras que rimam (palavras e figuras)
com cada nome – a depender do tamanho da turma e das possibilidades dos
próprios nomes em rimar – e jogar de forma semelhante a esse jogo. Aqui não
terá o marcador SIM e NÃO, mas os nomes das crianças. Em vez de duas colunas
serão organizados grupos de palavras na quantidade das crianças da turma (tendo
dois nomes que rimam entre si, faz um grupo só com os dois nomes, como Mariana
e Juliana).
O
jogo mostra, no entanto, que mesmo usando princípios que aparecem em muitos
outros jogos, um jogo é sempre um jogo único e pode ter seu charme especial.
Esse tem o charme de ser personalizado – com foto e nome próprio ao dono do
jogo – e de ter nascido de ricas experiências vividas entre nós, o que é muito
significativo para ele.
É
isso...
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Ai que menino sortudo, esse Joaquim...
ResponderExcluirLindo o jogo, Lica, mas mais lindo ainda a situação que gerou o jogo, como você materializou nele as descobertas de Joaquim e o carinho com que você conta tudo isso.
Muitos beijos,
Leila
Muito legal! Você já fez algum jogo para trabalhar com AM e ÃO? Você tem alguma sugestão? Ficarei super agradecida se você puder me ajudar
ResponderExcluirNossa, isto é tudo o que penso sobre uma Alfabetização afetiva, personalizada, que vai tecendo e apresentando um texto tão significativo quanto o é o próprio nome e a própria vida!
ResponderExcluirParabéns, Lica, já vi que vou me deliciar com suas ideias por aqui!
Aquele beijo,
Chris Gusmão
Oi, Leiloca, oi Cris (bem vinda, Cris!),
ResponderExcluirRealmente é bem interessante isso de um joguinho nascer de uma experiência efetivamente vivida, seguindo as descobertas da criança, indo atrás e ampliando seus achados na linguagem, sons, palavras, letras...
E está sendo uma delícia jogar com ele.
Brigadão, meninas, vcs pegaram o espírito da coisa mesmo...
Bjão,
Lica
Anônimo,
ResponderExcluirTudo bem? Por enquanto eu estou explorando as possibilidades de jogos específicos para a alfabetização, o processo de apropriação do sistema alfabético. Apesar de já ter feito alguns joguinhos para ortografia, não pensei em nada para AM e AÕ não... Mas quem sabe um dia, né?
Lica
CAPIM, SERAFIM, CARMIM... Que maravilha esse processo tão cheio de significado. Para dizer o que acho de tudo isso só mesmo com um REFRÃO:
ResponderExcluir"Se todos fossem iguais a você
Que maravilha.... Viver!"
Beijos,
Ana
Rsrsrsrs!!!
ResponderExcluirAinda bem que não são todos iguais, senão eu trocaria ideias com quem?!!!
Tantos outros IMs e ÃOs... dava um jogão!!!
Bjs,
Lica
Iguais no sentido de ter criatividade, vontade e cumplicidade. E cada um tem seu jeito de ser tudo isso... Entendeu, né? Rsrsrsrsrs
ResponderExcluirClaro, mas eu não podia perder a piada, né? Ou era só pra ficar vermelha e quietinha? Rsrsrsrs?!!!
ResponderExcluirAh, capim tem!
Bjão,
Lica
Pode ficar vermelha SIM, muié, ninguém tá vendo NÃO!!!! Hihihihihi....
ResponderExcluirBeijos!!!
É, ninguém, né? Rsrss...
ResponderExcluirSIM e NÃO!
bj
Oi Lica, tudo bem? Sou Alessandra Roscoe do http://contoscantoseencantos.blogspot.com preciso que me mande para o email alessandraroscoe@uol.com.br seus dados como nome completo e endereço com cep, para validar sua participação na promoção do sorteio dos livros. Fique tranquila que é apenas para o caso de vc ser a sortuda da vez. Achei seu blog bem bacana! Parabéns!
ResponderExcluirOi, Alessandra!
ResponderExcluirJá mandei o email. Quem sabe, né?
Obrigada! Também gosto muito do seu blog, espio bastante!
Um abraço,
Lica