quarta-feira, 9 de julho de 2014

Brincagem com a linguando

Oi, gente!
Vou falar hoje sobre um poema, um poema que se oferece a deleites com a linguagem e a explorações da língua no contexto de alfabetização. E com ele, pretendo também mostrar que coisas simples e singelas podem esconder ricas possibilidades de exploração, ampliando a fruição do texto.
“Quem gosta de lixo levanta a mão” é um poema de Ricardo Azevedo, que está em um livro chamado “Ninguém sabe o que é um poema” (São Paulo: Ática, 2005). O poema fala sobre o lixo e seu conteúdo é apresentado de um jeito diferente, inusitado, engraçado.
Mas o mais interessante nele é a forma. Ricardo Azevedo propõe nesse poema um interessante jogo com as palavras. Nele, encontramos palavras que não existem, são formadas pela mistura de duas palavras existentes. Aparece, assim, no poema, essa espécie de neologismos, nos quais ressoam – em suas sonoridades –  palavras que evocam o universo do lixo.
Essas novas palavras são criadas pela mistura das palavras de um par, e essa mistura ocorre em todas as estrofes, ao longo de todo o poema. As estrofes são sempre as mesmas, repetidas, salvo pela mudança das palavras em questão.  A estrofe é sempre essa:
Quem gosta de _______
Quem gosta de _______
Quem gosta de lixo
Levanta a mão! 
O par de palavras de cada estrofe deve ser analisado de modo pareado para que se descubram as palavras dicionarizadas que se escondem naquelas inventadas. Assim, realizando alterações fonológicas no par, seja por trocas de fonemas/letras ou de troca de uma sílaba inteira, as palavras se revelam:
Veja um das estrofes:
Quem gosta de cuspa
Quem gosta de caspe
Quem gosta de lixo
Levanta a mão!

Fazendo as alterações necessárias, entre o fonema/letra U e o fonema/letra A, na sílaba inicial, ou, em outro modo de ver, trocando as sílabas iniciais, encontramos cuspe e caspa: cus-pe e cas-pa.

Quem gosta de caspa
Quem gosta de cuspe.
Quem gosta de lixo
Levanta a mão!

Cria-se assim um jogo de descobrir as palavras escondidas no poema, que pode se constituir em uma interessante atividade de reflexão fonológica e fonográfica sobre a língua. Quer tentar? Vamos lá!
Quem gosta de lixo levanta a mão
Ricardo Azevedo

Quem gosta de trelha
Quem gosta de traco
Quem gosta de lixo
Levanta a mão!

Quem gosta de respa
Quem gosta de rasto
Quem gosta de lixo
Levanta a mão!

Quem gosta de gruma
Quem gosta de gosde
Quem gosta de lixo
Levanta a mão!

Quem gosta de cuspa
Quem gosta de caspe
Quem gosta de lixo
Levanta a mão!

Quem gosta de mocha
Quem gosta de manfo
Quem gosta de lixo
Levanta a mão!

Quem gosta de lomo
Quem gosta de lido
Quem gosta de lixo
Levanta a mão!

Quem gosta de virme
Quem gosta de verus
Quem gosta de lixo
Levanta a mão!

Quem gosta de sabo
Quem gosta de serro
Quem gosta de lixo
Levanta a mão!
                          
Quem gosta de mosta
Quem gosta de berda
Quem gosta de lixo
Levanta a mão!
E aí? Encontrou todas as palavras?
Uma interessante abordagem da substituição de fonemas e grafemas ou de troca de sílabas pode ser feita com as crianças na leitura e fruição deste poema, um trabalho rico de reflexão fonológica sem e/ou com a presença da escrita. Depois de ouvir o poema, de conversar sobre ele, de ver o quanto se descobriu só por ler (observaram que tem palavras sem sentido? Conseguiram perceber que palavras parecidas sonoramente poderiam ressoar naquelas lidas?), podemos explorar mais esses pares de palavras. Inicialmente, explorar as trocas sonoras, pela reapresentação oral das estrofes e um jogo de adivinhação das palavras “escondidas”, misturadas. Depois, fazê-lo por escrito também, reorganizando as palavras originais, que geraram os neologismos. Dependendo do grupo, pode-se fazer diretamente pela análise do poema escrito, embora ouvi-lo e prestar atenção às sonoridades faça parte da descoberta do enigma das palavras. E aliás, poemas têm a ver com sonoridades, não é? Então vamos explorar nos poemas essas sonoridades oralmente e não apenas mentalmente, via escrita, via leitura silenciosa, “pelos olhos”...
A repetição das estrofes facilita também a leitura das crianças, que precisam identificar apenas as palavras finais dos dois primeiros versos, já que as outras se repetem sempre. Assim, leituras compartilhadas são favorecidas.
Listar as palavras, os pares, brincar com elas armando-as com letras móveis e fazendo suas mudanças, inventar outras estrofes, com outras palavras e suas misturas, criar um poema novo com mesma estrutura, mas novas misturas e novo conteúdo (que não o lixo), conversar sobre o lixo e sobre essas palavras e o porquê de estarem associadas a lixo no poema, enfim, essas e tantas outras coisas podem ser feitas para durar brincando com o poema de Ricardo Azevedo, ampliando sua fruição, explorando sua riqueza em termos das astúcias da linguagem que revela e explora.
O autor é craque em brincar com a linguagem, criar obras poéticas diferentes, lúdicas, fugindo de utilitarismos, da previsibilidade. Aqui ele inova com algo simples e apresenta, por trás da repetição, um poema delicioso e cheio de surpresas!
Inté!

23 comentários:

  1. Lica!
    Que gostoso visitar seu blog e encontrar essa sugestão para trabalhar com as crianças, principalmente porque estou desenvolvendo um projeto que tem como objetivo a produção de um poema cujo tema é a preservação do manguezal, e um dos maiores problemas é o lixo.

    Queria te convidar para você conhecer um pouco do nosso projeto: https://www.youtube.com/watch?v=J9Kz9phLOS0

    Bjs

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  2. Nossa! Que bacana, Susana! Bacana que o post vai servir bem para vocês, bacana a reportagem e o seu trabalho com as crianças e bacana ver você assim, mais "ao vivo" (rsrsrs, só um pouco "ao vivo", mas já dá corpo a um nome...).
    Mesmo seus alunos já sendo alfabetizados, pode explorar o tema de um modo engraçado e também explorar os aspectos poéticos do desmonte e recomposição das palavras e até fazerem um novo poema com essa estrutura!
    Depois conte o que você inventou com eles a partir do poema, viu?
    Gostei muito de ver o vídeo, obrigada!
    Bjssss

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  3. Patrícia Córdoba4 de maio de 2016 às 17:03

    Parabéns!!! Amei o poema, pois ajudará a enriquecer minha aula sobre Sílabas que preparei para esta semana, visto que, meu aluno descobrirá no texto que outros nomes podem ser formados a partir da combinação de sílabas das palavras que aparecem em cada estrofe do poema. Ademais, posso trabalhar em Ciências a questão do lixo de forma divertida, levando o aluno a refletir, sem rodeio, o verdadeiro significado do lixo com base nas palavras que foram por ele descobertas. Muito obrigada e sucessos!!!

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  4. Obrigada, Patrícia!
    Explore bem o poema e as brincadeiras com a linguagem, pois a graça está, justamente, nessas trocas de sílabas ou de letras, formando "palavras" engraçadas.
    Depois me conte como foi!
    Abçs,
    Lica

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  5. Excelente poema e muito interesse a maneira do autor se expressar com palavras pouco usada no nosso dia a dia, mas pela ótima criação do autor podemos ensinar aos nossos alunos com grande enriquecimento brincadeiras através da linguagem fazendo a substituição de fonemas e troca de sílabas. Parabéns professora Liane muito obrigado

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  6. Professora Liane MADA e Madeleine

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  7. Oi, Madá!
    DE fato, é um poema que se oferece a brincar com a linguagem...
    Mas na verdade são pseudopalavras, formadas pelas trocas de sílabas, não é? E nisso reside parte de sua graça...
    Abç
    Liane

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  8. Professora Liane, que maravilha encontrar uma página na internet com trabalhos tão importantes para professores. Trabalhar com poemas é uma forma prazerosa que encanta os educandos. Levarei para minha sala de aula essa metodologia, que certamente enriquecerá a minha prática pedagógica e minhas aulas serão revestidas de inovação, bem como uma aprendizagem cada vez mais correta e plena de sentido. Grande abraço! Rosivânia Damascena, Jeremoabo - Bahia.

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  9. Que bom que gostou, Rosivânia!
    Tem muitas e muitas páginas para explorar.
    A poesia, como o texto da tradição oral, ganha vida na voz que o enuncia. Assim, a leitura em voz alta, a recitação, a brincadeira com a linguagem são veículos da emoção e do lúdico que habitam esses gêneros.
    ...e sempre pensemos em levá-los para as crianças com sua potência de vida, em vez de torná-los chapados, escolarizados, chatos e com dever chato depois da leitura.
    É o que busco e que busco passar aos meus alunos.
    Um abraço,
    Liane

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  10. Professora Liane, sinto que sou uma pessoa sortuda por fazer parte dessa turma de Especialização que a partir dela pude conhecê-la e fazer parte de aulas tão prazerosas. Dos materiais apresentados em sala de aula já fiquei encantada e quando visitei seu blog então, que maravilha. Uma das atividade que mais gostei, foi o dominó das rimas com palavras e com imagens, dá uma vontade enorme de estar em sala de aula para assim poder aplicar essas atividades o que com certeza tornará a aula dinâmica e o aproveitamento dos alunos será muito mais proveitoso. Muito obrigada por dividir tantas ideias em prol de uma educação de qualidade . Maria Cleonice, curso de Especilização de Jeremoabo.

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  11. Oi, Cleonice!
    É isso que acredito! Se quero defender junto aos professores a importância de o ensino e a aprendizagem se darem nas interações, interlocuções, no prazer e fruição dos textos, do uso da linguagem, que se oferta ao jogo, à brincadeira, preciso fazer com que minhas próprias aulas assim o sejam!
    Da mesma forma, se queremos favorecer uma relação ampla e prazerosa das crianças com a leitura, com a linguagem, temos que apresentá-la dessa forma, em toda sua riqueza!
    Bom proveito aqui no blog!
    Abraços,
    Liane

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  12. Professora Liane,estou muito feliz em estar aprendendo de forma tão prazerosa e dinâmica as diversas possibilidades de explorar o mundo da leitura.E poder contribuir para que as práticas pedagógicas oportunizem as crianças a viajar no mundo encantador da linguagem poética, dando significados aos seus respectivos aprendizado. Abraço, Alessandra Teixeira Ferreira, Jeremoabo- Bahia.

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    1. Que bom, Alessandra!
      É isso mesmo...é encontrando sentido, prazer e motivação em nós mesmos para aprendermos, que podemos também favorecer isso para nossas crianças!
      Precisamos lutar para que nossa prática e os conteúdos que abordamos não percam a sua potência de vida, coisa que muitas vezes a escola consegue fazer - tornar coisas interessantes e prazerosas chatas, enfadonhas, sem graça. Até mesmo a leitura, a literatura, a poesia...
      É triste!
      Vamos encantar a escola! Em vez de tarefinhas fragmentadas e muito escolarizadas, em vez de matar os textos com demandas mecânicas e pouco significativas, vamos explorar as interações com a riqueza do mundo, as interações com a linguagem, com a literatura, com os outros...vamos explorar a riqueza e complexidade dos conteúdos, a vida pulsante das práticas reais de busca de conhecimento - que mobiliza curiosidade, desejo, prazer, esforço e motivação para buscar soluções...
      Um abraço,
      Liane

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  13. Professora, obrigada por além de nos presentear com as suas magnificas aulas ter apresentado o seu blog como recurso didático e como meio de comunicação, propiciando ao professor da rede municipal de ensino do município de Jeremoabo/BA, a percepção da grande importância do uso de novas estratégias no processo de ensino e de aprendizagem. Certamente aproveitaremos essas valiosas informações para colocá-las em prática assim que surgirem as oportunidades. Abraços Renata Varjao Nascimento.

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  14. Professora, muito obrigada por compartilhar esse texto maravilhoso. Uma delícia poder saber que existem muitas possibilidades para trabalharmos com nossos educandos, além do livro didático, e "que coisas simples e singelas podem esconder ricas possibilidades de exploração, ampliando a fruição do texto."

    Gostei muito de conhecer tal poema.


    Luiza Carla- EDCB85 2018.1

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    1. Que bom que gostou, Luiza!
      Explore mais o blog, tem muita coisa bacana!
      Bjos,
      Lica

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  15. Incrível como um simples poema carrega tanta riqueza! Certamente, sem a análise feita no post, a minha interpretação em relação ao poema seria limitada a apreciação da criatividade do autor. A medida em que lia o post, percebi quantas possibilidades é possível explorar para transformar a alfabetização prazerosa, divertida e dinâmica para os sujeitos envolvidos nesse processo. Utilizar-se de obras como esta para alfabetizar é uma estratégia inteligente e significativa, que proporciona uma educação crítica de qualidade (ao analisar as palavras e seus contextos) e criatividade. Essa análise também é importante para que docentes ampliem seus olhares e possam se inspirar para criar.

    THALINE PITA- EDCB85 2019.2 DIURNO

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    1. Oi, Thaline,
      Isso mesmo...e olha, a matéria da poesia é, de certo modo, também a mate´ria da alfabetização...Nesse caso aí coincidem muito, pois o jogo poético e lúdico do poema envolve a decomposição e recomposição de palavras, que demanda muita reflexão linguística que favorece a alfabetização.
      O mesmo podemos dizer das rimas, das aliterações e assonâncias, dentre outros recursos poéticos, também afeitos à análise linguística.
      É o sentido mais potente do alfabetizar letrando, quando aprender sobre o mundo, sobre a linguagem (poética no caso) e o sistema de escrita se articulam de modo tão imbricado.
      E você enfatiza isso...o que me alegra muito!

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  16. FERNANDA RIBEIRO - EDCB85 - DIURNO - 2019.2

    Oi pró! Adorei esse poema!
    Todas as suas indicações de livros são muito ricas.
    Além do deleite da poesia vejo que é possível usar esse poema de diversas formas e interdisciplinarmente. O tema LIXO é muito pertinente hoje em dia e com esse poema os alunos podem explorar o conteúdo de forma lúdica, crítica e consciente além da diversão da troca e junção de sílabas.
    Penso que além de tudo isso é importante pensar na inclusão de todos os alunos, inclusive os que são PAEE que também estarão em diferentes níveis de alfabetização. Ainda não encontrei por aqui, mas a senhora tem alguma indicação de livros, poesias, poemas, textos da tradição oral adaptados ou direcionados à esse público? Penso que ao invés de adaptar devemos usar o mesmo material para toda a turma de forma que todos estejam inclusos... A senhora conhece algum autor que promova esse deleite e possibilite o trabalho para todos esses alunos, cada um em sua totalidade? A literatura ainda é pouca explorada para estudantes PAEE, e acredito que devemos buscar sempre para melhorar nossa prática.
    Beijinhos.

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    1. Pois é, Fernanda...
      Abordar os poemas assim traz o sentido mais potente do alfabetizar letrando, quando aprender sobre o mundo, sobre a linguagem verbal (poética no caso) e o sistema de escrita se articulam de modo tão imbricado.
      Olha, a literatura e a tradição oral estão aí disponíveis para todos! Todos podem, de uma forma ou de outra, fruir deles.Quanto aos temas, são livros para toda e qualquer criança.
      Mas para cada tipo de especialidade, pode haver, evidentemente, adaptações. Não podemos pensar nesse público em geral, não é?
      Para certos públicos, amplia-se suas possibilidades de deleite pela circulação em formatos específicos (como por exemplo, audiolivros, livros em Braille, etc...).
      Mas mesmo sem isso, são repertórios disponíveis. Os autores são escritores de literatura... Caberia, no meu entender, às políticas públicas e a cada um que lida com essas crianças, pensar nas formas de ampliação possíveis, em termos de formatos adaptados. Ou seja, não é, necessariamente, o autor que deve pensar isso.
      Quanto a essa questão, sei que há livros - poucos ainda - em braille, alguns audiolivros, mas para outras especialidades não tenho conhecimento...
      Pesquise, pesquise...mas o que sei é que não pode haver uma adaptação universal para todos os que precisam de AEE, não é?

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  17. Realmente o poema é muito rico e dá possibilidades de se trabalhar de diversas formas. A começar pela temática, muito pouco explorada nos ambientes escolares, muito menos em poemas a utilização de um poema lúdico para falar com as crianças sobre o lixo e as diversas problemáticas a ele associadas é uma importante atividade não só para consciência fonológica como a para a consciência cidadã, que é uma das funções da escola, conforme a LDB. Para além da função conscientizadora, é claro, o poema é uma excelente ferramenta para trabalharmos com a língua. Podemos trabalhar consciência de rimas, mostrando atividades de criação e continuação desse poema que relacionem palavras com sonoridades semelhantes. A partir desse jogo de troca de letras também podemos trabalhar a consciência fonêmica e a silábica. O interessante nisso tudo é que pode ser feito em crianças em qualquer hipótese (pré-silábica, silábica, silábica-alfebetica...), pois pode ser feito utilizando a escrita ou não. Aos alfabéticos ainda pode se realizar atividades de ortografia nesse jogo de palavras. Enfim, achei o poema uma excelente ferramenta e podemos não só usá-lo como nos apropriarmos da ideia central para criarmos atividades similares. Boa proposta, professora. Grata, Carla Jéssica Pimentel - EDCB85/T01/Diurno - 2019.2.

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    1. Oi, Carla!
      Que bom que gostou!!!
      Eu adoro esse tipo de poema também. E abordar os poemas assim traz o sentido mais potente do alfabetizar letrando.
      Isso porque podemos abordar as diversas facetas da apropriação da linguagem e também o conhecimento de mundo e de nossa cidadania, como você disse, tudo isso de modo articulado. Está em jogo aí o conhecimento de mundo (lixo, cidadania, etc...), o letramento (como diferentes gêneros tratam de forma diversa sobre uma mesma temática, não é? Olha como um poema fala de lixo...), a linguagem verbal (como ela se oferta para dizermos coisas de modos diversos, a linguagem poética (e seus modos de brincar com as palavras, desmontá-las, associá-las) e o sistema de escrita e sua base fonológica (em diversas unidades, como você mesma ressaltou). Tudo pode se articular de modo tão imbricado, se nos abrirmos para esse modo de alfabetizar no contexto da cultura escrita, da cultura, das práticas letras, dos textos em suas diversas potencialidades!
      Que bom que você percebeu e ressaltou esse aspecto!

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