domingo, 9 de julho de 2017
Segunda provocação sobre o abecê nordestino
Lá no meu sertão pros caboclo lê
Têm que aprender um outro ABC
O jota é ji, o éle é lê
O ésse é si, mas o érre
Tem nome de rê
Luiz Gonzaga/Zé Dantas
Designado
por muitos, inclusive por Luiz Gonzaga, de abc do sertão, o alfabeto
nordestino ou abecê nordestino (como prefiro chamar), no entanto, ao menos aqui na Bahia, não é só
do sertão (por isso mesmo prefiro nordestino).
Eu
mesma, menina da capital baiana, litorânea, fui alfabetizada com fê, guê, ji,
lê, mê, nê, rê, si, e ainda hoje temos visto esse modo nas escolas - seja ao lado
do alfabeto oficial, seja no lugar dele... Podem acreditar! Agora não é só
conclusão de notícias eventuais daqui e dali - estou vendo isso mesmo no
levantamento que estou fazendo (pesquisa que vou divulgar aqui em breve).
Mas
será que é isso, em capitais, é só na Bahia mesmo? Isso pode até ser mapeado.
Mas por que será isso? Difícil responder essa...
Outra
coisa: muitas vezes atribui-se o abecê do sertão ao fato de que o ensino da
leitura e escrita inicial no sertão nordestino era basicamente feito por
professoras leigas. Ora, eu sou moça da cidade, já disse, e minhas professoras
eram letradas, formadas e urbanas.
Desse
modo, precisamos buscar explicações mais amplas para o uso e a permanência,
hoje, do abecê nordestino na Bahia, inclusive, em Salvador.
Sim,
porque apesar do efe, gê, jota, ele, eme, ene, erre, esse ter chegado de cum
força na nossa região, segurando uma bandeira escrita "alfabeto
correto", o fê, guê, ji, lê, mê, nê, rê, si seguem ainda por aí, às vezes
dispersos, com pinta de menor valor, às vezes de cum força também.
Por
isso, apesar de nordestino e não baiano, defender suas bandeiras, hoje, só podia
ser na Bahia!
E
vamos lá! Em breve, o estudo e a divulgação da pesquisa junto a professores de
municípios baianos.
Lica
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário