4.3. Políticas de
formação de professores e homeschooling
Diante
dos conflitos e disputas no campo da alfabetização, é claro que muito ainda
precisa, de fato chegar às escolas. Na dinâmica entre tematizações,
normatizações e concretizações da qual fala Mortatti (2000), a apropriação,
pelas práticas, das teorias, e mesmo das políticas, não é algo direto e
imediato. Assim, podemos relativizar muito a suposta responsabilidade do “construtivismo”
e do “letramento” pela situação atual da alfabetização, já que, em grande
medida, muito dessas perspectivas nem chegaram de fato às escolas, como indicam
muitas pesquisas. Ressonâncias do PNAIC tampouco são ainda sentidas amplamente,
embora, onde o programa teve força, resultados positivos são constatados, no
sentido da ampliação das possibilidades de uma abordagem mais produtiva de
articulação entre as dimensões sociocultural, interativa e linguística da
apropriação da linguagem escrita. Precisamos prestar atenção a tais
indicativos, sem deixar, no entanto, de considerar que ainda há muito, sim, a
avançar em todas essas dimensões – não apenas na faceta linguística, mas também
na interativa (que podemos, dizer, talvez, corresponde, em muito ao tal
conceito de literacia defendido por José Morais, pois remete ao letramento na dimensão das habilidades individuais), e na sociocultural. Há
abordagens do letramento que, didatizadas inadequadamente, focam aspectos
estruturais deixando de lado ou minimizando as funções sociais e discursivas
dos diversos gêneros textuais; há,
ainda, pouco investimento, de fato, na compreensão leitora, e muito menos nos
procedimentos de produção textual; há pouquíssima ressonância de uma
perspectiva discursiva, tal qual defendida por Smolka, Goulart, e mesmo da
perspectiva de Geraldi e Mortatti. Sim, há muito ainda a avançar na instância
das práticas...
É
fato também que a formação inicial de professores precisa, sim, considerar mais
os conhecimentos didáticos e uma perspectiva explícita de abordagem dos
aspectos notacionais e fonológicos da escrita, no contexto mais amplo das
práticas de leitura e escrita. É preciso, sim, fazer esse debate. Muitas vezes
o foco dos cursos de formação inicial é nos fundamentos conceituais,
epistemológicos, e numa abordagem mais psicológica ou social da alfabetização –
também necessárias – mas pouco foco na didática da alfabetização e no seu
aspecto linguístico. Ainda há mesmo pouco conhecimento do papel da dimensão
fonológica na alfabetização e, muito menos, de metodologias para abordá-la de
forma não mecânica, em contextos reflexivos e letrados, em como alfabetizar
letrando, de fato, de forma indissociável. Muito pouco! Menos ainda em como
alfabetizar no âmbito de práticas discursivas referenciadas em uma perspectiva
de linguagem viva e dinâmica. Mas reconhecer essas lacunas não implica em desdenhar
– como Nadalim faz – a formação docente. Se a formação precisa de melhorias,
vamos investir nisso, não explodi-la! Não implica tampouco em propalar e assumir
um método fônico, sintético, como alternativa única, muito menos essa vertente
carregada de sectarismos. A abordagem do funcionamento alfabético – como já
discuti em posts anteriores – não é exclusividade do método fônico. Ponto! E a
alfabetização, em um sentido amplo, não se reduz a isso.
Trago
essa discussão porque Nadalim, falando de formação de professores, critica essa
formação nas instituições superiores não pelo fato de carecer de uma abordagem
mais contundente de conhecimentos didáticos e linguísticos – o que eu
concordaria, como Magda também concorda, como o vídeo mostra. E claro, muito
menos por carecer de uma visão sociocultural e discursiva mais potente – essa
parte é, justamente, a que eles querem banir do ensino. Ele critica essa
formação por trabalharem com autores como Paulo Freire, Vygotsky, Magda Soares,
Emília Ferreiro!!!!!!!!! É risível, não fosse trágico. E pior, como já discutido
inúmera vezes aqui – e fica patente no vídeo – ele elege Magda Soares, em
especial, para ser seu “saco de pancadas”, bode expiatório para todas as suas
insatisfações, vomitando críticas, ironias e arrogância, exaustivamente
repetidas, num total desrespeito a uma autora consagrada no campo da
alfabetização, com uma obra reconhecida mesmo por pesquisadores de concepções
diferentes da dela. E mias, concentra-se nela todas as críticas, atiradas para
todos os lados. Uma coisa feia, muito feia. Deselegante ao extremo para um
discurso que se diz científico.
Nadalim
cola, de forma fraudulenta, uma fala de Magda sobre Paulo Freire numa fala do
próprio Freire referindo-se a Marx, com intenções explícitas de desqualificar a
autora, num falseamento quase criminoso, numa retórica para beneficiar suas
assertivas agressivas e mal-amanhadas. Não fosse a agressividade e o mau
caratismo, se assemelharia a uma birrinha de Playgroud. Tão satisfeito se
mostra ao fazer esse “achado” com essa “colagem”. Quanto desrespeito! Deve
precisar apelar mesmo para tentar desbancar autores da qualidade de Paulo
Freire – já bastante atacado nesse governo – e Magda Soares, diante de pais
leigos e professores desavisados ou embrutecidos, que podem mesmo acreditar que
ele tem bagagem para isso! Não tem! Olha, e a falta de conhecimento dele salvou
Bakhtin, importantíssimo autor no campo da linguagem e base da concepção
dialógica e discursiva de linguagem como interação social. Imagina se ele não
iria colocar Bakhtin no mesmo saco! Claro que sim! Talvez até esquecesse um
pouco de Freire!
Sobre
a formação de professores, ele fecha textualmente seguinte forma pretensiosa:
“E a conclusão é uma só: a maioria de nossos
pedagogos e profissionais da área da educação é formada para construir
edifícios sem fundação sólida. Há tanta preocupação em fomentar a
socialização e em promover uma visão crítica na criança, que resta pouco
tempo e pouco investimento para ensinar o básico, o fundamental”. (grifos
meu)
Só
uma criatura como essa para fazer, num período com três orações, três
aberrações:
1)
Quem ele acha que é para ser portador da verdade última sobre o que é
fundamental e sobre o que os professores estão fazendo, de fato? Esse “e a
conclusão é uma só” me diz mais dele mesmo do que do tema que ele comenta.
Quanta arrogância! O campo da alfabetização, das definições quanto ao que,
como, por que e para que ensinamos quando ensinamos a ler e escrever é um campo
de divergências, conflitos, confrontos, diálogos e complementaridades, seja no
âmbito teórico, político ou didático. Bem vindo ao time, querido! Você não é
portador de uma verdade! Está faltando humildade para se reconhecer como
defensor de uma concepção de alfabetização e não como o arauto da verdade
última, única solução legítima para os problemas da alfabetização no
Brasil. Falta a ele, como a outros de outras perspectivas também
(inclusive construtivistas), saber-se concepção e não colocar-se,
arrogantemente, como o portador da verdade única, última e definitiva. Além
disso, o que você sabe sobre como os profissionais da educação estão sendo
formados e o que os professores estão fazendo? Pesquisou? Fez pesquisa pelos
cursos nas Universidades? Nas escolas? Não, né?
2)
Diante dos argumentos sobre o campo complexo das concepções de alfabetização,
só podemos concluir que diferentes perspectivas contam com diferentes fundações
sólidas! Quem é você para decidir o que é fundação sólida?
3)
Quem decide sobre o que é básico e fundamental? Você? Quem arbitra sobre o
lugar da educação em formar a visão crítica e promover a socialização? Você? Os
seus? Vá estudar, meu senhor! Você não é da educação e quer arbitrar sobre o
que é educação?
Olha,
eu jurei para mim mesma que não entraria nessa baixaria de puxar certos
argumentos para combater esses descalabros, mas diante da situação, dos estratagemas
tão sórdidos, não me contive. Vão ver o Lattes do cara! Vão ver o único artigo
que ele tem, falsamente, publicado, vão ver sua “produção acadêmica”...e
julguem vocês mesmos se ele tem condições de se colocar nesse lugar de tais “conclusões
definitivas”. E por essa minha indignação, faço um parêntese, em outra cor:
Como um cara, formado em direito, com especialização em
filosofia e mestrado em educação, que apresenta em seu Lattes uma única produção “científica” (uma só em
qualquer área!), em revista sem qualificação no mundo acadêmico, se acha
em condição de questionar todo um campo de discussões complexas que ele não
alcança, desrespeitar autoras e autor importantes do campo? É uma revista de
faculdade particular, UNIFil – onde ele leciona ou lecionou (o Lattes
dele é sem nenhuma confiança), que não consta na plataforma Sucupira avaliada
em nenhuma área entre 2013 e 2016 (na área de educação foi qualificada
como C no triênio 2010-2012, mas sem classificação em 2013-2016, e antes de
2010, quando ele "publicou", não era qualificada). É uma publicação sem
reconhecimento acadêmico. Mas não para por aí... Até essa publicação chinfrim
pode também ser farsa, pois não há referências suficientes para identificá-la. O número da revista que ele indica na referência do artigo
NÃO traz o seu artigo, traz outros. No Google, o título do artigo aparece
APENAS no Escavador/Lattes do próprio Nadalim. Suspeito, não? Muito suspeito.
Mas o artigo existe, está disponível na internet...Só que não na revista
indicada, não em revista nenhuma...Seria fake o aceite da revista? Ele
submeteu e ele mesmo considerou aceito? Aliás, o aceite indicado no artigo em
relação à data de submissão é recorde! Como editora de revista séria, questiono
essa rapidez. Alguma obscuridade há...ou muitas. No site das revistas da
UNIFil consta como regra editorial a apreciação por parte do Conselho Editorial
e dos pareceres emitido por “Consultores”. Pelo visto não há avaliação por
pares, às cegas, como uma publicação científica qualificada. Tudo muito
estranho e suspeito...Mas, no fim, o pior é que o artigo nem consta no
número indicado da revista. Não é um sinal de fraude? Não será a primeira nesse
governo. A estratégia apareceu até mesmo no Lattes de ministros!
Passando os olhos no artigo, a sensação é que é fraudulento do
início ao fim...uma sucessão de clichês que aspiram a ter ares de filosofia,
com uma linguagem rasa. Tem mais cara de aluno formado no curso online de
Filosofia de Olavo de Carvalho – que “completou” sua formação filosófica – do
que aluno de uma Universidade. Vergonha alheia. Como pode um cara desses, sem
nenhum reconhecimento acadêmico em nenhuma área, inclusive educação, querer ter
razão, querer dizer o que é prioridade em educação, querer desbancar autores
como Magda Soares, Emilia Ferreiro, Paulo Freire, sem nenhum conhecimento
sólido sobre nada? Tudo o que ele diz é de segunda mão. Nem a perspectiva que
ele abraça, ele, de fato, conhece. Não vou perder meu tempo lendo sua
dissertação de mestrado em educação (!!!), tampouco sou qualificada para
avaliar pertinência conceitual e argumentativa nos campos da filosofia e do
cinema (sou exigente comigo, diferente de alguns que se acham), mas já passei o
olho na introdução e vi: eivada de juízos de valor; comprometida com a
ideologia que defende com unhas e dentes, sobre a escola; indicações de desqualificação do professor.
Não duvido ser tudo uma aberração, afinal, o cara, típico “olavete”, atira para
todo lado: direito, educação, alfabetização, filosofia, cinema, arte, música...
E se ele não tem o brilho de quem até pode e sabe fazer tudo isso com maestria,
bem capaz de ser fraude em tudo, tão ruim quanto é em educação e alfabetização,
campos dos quais posso falar. E aí, já viu o que achamos, futucando seus
argumentos, não é? Ao menos nos ajuda a desfazer mais ainda a farsa dos argumentos baseados em estratagemas fraudulentos e as premissas equivocadas.
Mas
voltemos aos argumentos do vídeo...e o papo agora é a questão da homeschooling (educação
domiciliar), ligada, em seu próprio discurso, à questão da formação de
professores.
Diante
dos inúmeros problemas que contribuem para as questões de educação e de
alfabetização no Brasil, inclusive da formação docente, mas igualmente de
valorização profissional, temos que lutar para melhorar a situação (ainda mais
ele, no lugar que agora ocupa no MEC), e não fazer disso justificativa para
defender o homeschooling, ou supor que seja os pais que estão qualificados para
alfabetizar, ainda que em complemento ao trabalho escolar. Mas essa é, sim,
para ele, a solução, pois o que ele quer é dar substância a sua desqualificação
da escola, do professor e da universidade que os forma, e justificar seu
trabalho de youtuber e blogueiro que fala para pais e vende seus cursos. É isso
que temos como indicado para uma secretaria do MEC. É de chorar! Não posso nem
dizer: Espero que diante de seu cargo, ele veja que não pode seguir nessa linha
de argumentação. Foi escolhido justo porque tem essa linha, não?
O
problema de Nadalim não é só a falta de
base no campo da alfabetização, mas no campo da educação em geral e da formação
docente. Ele propala em seus vídeos, a exemplo deste, que não é preciso ser
especialista para ensinar, que a instrução é uma coisa prática, técnica – e afirma
que isso (que esse segredo, né?), as instituições de formação de professores
não dizem (sic!!!). Genteeee! Temos um segredo que não contamos pra ninguém,
que se contássemos, resolveria o problema da alfabetização!!! Que coisa!!!
Porque será, heim? Para ele (claro) qualquer pai bem conduzido (por ele, né?),
pode aplicar a “instrução”. Nesse outro vídeo, ele defende, claramente que os
pais devam ser responsáveis pela educação formal, associando as mazelas da
educação escolar aos métodos adotados – e o único método eficaz é o fônico. E
indaga: “Sabendo de tudo isso, você ainda quer confiar a alfabetização formal
de seus filhos às escolas?”. E aí convida os pais para sua “jornada da
alfabetização em casa”, no qual ele irá transmitir dicas simples para
alfabetizar.
Com
essas falas, palhaçada, ele nega a Pedagogia, nega o professor como
profissional docente, nega a função distintiva da profissão docente – como pode
um cara desses cuidar de políticas públicas para a educação? Quem quiser saber
mais a quantas andam as discussões sobre a profissão docente e sua
desvalorização crescente, sugiro a leitura desse artigo de Maria do Céu Roldão,
que, dentre muitos outros autores e autoras, é especialista nessa temática.
Com
Roldão (2017, p. 1148), eu digo que o que precisamos é ressignificar e afirmar
a “profissionalidade” docente (que implica em valorização de diversas
naturezas), esse agente que, além de sua função intransferível, é essencial “ao
futuro de uma democracia real”. E com Cagliari (2007, p. 71) digo: “tudo na
escola depende do professor!”. Agora, de um professor, com tamanha
desvalorização social, que ainda por cima precisa “se virar nos 30” para dar
conta de condições péssimas de exercício docente, vamos esperar o quê? E olha,
muitos fazem, apesar de..., viu? Você está mal informado... Temos que melhorar
muita coisa, sim. A formação precisa dar conta dos fundamentos e da didática
(sim, precisa de fundamentos, viu? Educar não é aplicar receitinha...), os
cursos de formação inicial precisam ser constantemente reformulados e, no caso
da alfabetização, é fato que é preciso investir mais nos saberes sobre o objeto
de conhecimento (o funcionamento alfabético do sistema, mas não apenas isso,
tudo o mais que a escrita e a leitura demandam) e o conhecimento didático. Mas
isso se faz não é explodindo as Universidades públicas, dando receitinhas em
faculdades privadas, tornando a formação tecnicista, retirando as crianças das
escolas e desvalorizando ainda mais os professores, já tão desvalorizados
socialmente, transformando-os em meros aplicadores de receitas, de sistemas
fechados, de materiais pré-fabricados nesse enorme mercado da educação.
Precisar afirmar a profissão docente para um cara que está no MEC é
inacreditável!
Já
ele, tosco e contra o professor, a escola e a Pedagogia, termina essa
argumentação sobre formação de professores, perguntando a seus interlocutores
preferenciais: “E aí? Você quer confiar seus filhos a esses educadores? Ou
prefere que eles tenham uma fundação sólida em sua educação?” E aí, claro vai
se apresentar como portador da solução mágica, e olha a pretensão: ele tem o
segredo da fundação sólida! Quem, em sã consciência, argumentaria que pais sem
formação específica para a função docente estão mais qualificados do que
professores, até mesmo mal formados? Só a parte interessada, não é? Caso dele.
Ele tem o antídoto! Ele resolverá tudo! Siga e descubra o segredo! Que vá
resolver a alfabetização de quem acha que a família é um comercial de margarina
e a educação uma fábrica de robôs, mas para ser Secretário no MEC é um
descalabro!
Mas
claro, ele não podia fazer esse argumento sem antes atacar, novamente, Magda
Soares, não é? Pois é...não cansou, não. Para defender sua perspectiva de
convocação dos pais a alfabetizarem seus filhos, novamente traz a autora para
confrontá-la quanto à afirmação de que essa tarefa não cabe aos pais. E ela diz
isso, evidentemente, porque não concebe o ensino como um passo a passo
instrumental que qualquer um poderia seguir, como ele concebe. Porque não
concebe a notação da língua como um código de transcrição da língua falada,
porque não desqualifica os professores. Porque reconhece a especificidade da
função docente. Porque valoriza a escola e seu papel, apesar de suas mazelas,
contradições e ajustes necessários. Mas esse cenário complexo não cabe nos
binarismos desses “cabeça de planilha” mercantilizados. Ele, malandramente,
aponta a suposta contradição da autora ao ela assumir, por um lado, as falhas
na formação docente e sua defesa, por outro, do ensino como responsabilidade da
escola – ele quase se regozija com seu “feito”, como se tivesse pego a
adversária com “calças curtas”. Claro, para quem só funciona na base do
binarismo, qualquer complexidade é contradição; para uma “cabeça de planilha’,
argumento é 0 ou 1. Mas o argumento dela não se constrói, como o dele, na
lógica do se “a escola não está cumprindo o seu papel, elimina a escola. Os professores
são mal formados? Elimina os professores.” Como ele mesmo iniciou o vídeo
dizendo, a questão da alfabetização é complexa e os problemas são inúmeros, mas
até aqui, Nadalim, seu problema, ao que parece, é Magda Soares. Está muito “bandeiroso” isso, viu? Mas minha
hipótese sobre essa fixação em Magda Soares, isso eu não falo!
E
para dar ares científicos a esse argumento da formação precária dos professores
(que, no fim, é o que embasa seu canal no youtube), ele recorre, novamente e de
forma bem forçada, a José Morais – alegando seu reconhecimento internacional –
para rebater Magda (como se fosse só ela...como se ela fosse a representante
desse argumento) e justificar sua perspectiva dos pais alfabetizarem seus
filhos em casa (sempre essa babaquice de achar que trazendo a voz autorizada, a
tutela estrangeira, vai fazer suas baboseiras parecerem científicas). Novamente,
ele traz um trecho descontextualizado, e novamente, enfatizando apenas o que
ele quer destacar – e, nesse caso, ele quer destacar a frase final do parágrafo:
Ele
deve ter achado que o “pais adequadamente informados e instruídos” coube
certinho para ele, foi escrito para ele! Tanto que repetiu isso com gozo.
Sim,
a família é uma agência de letramento importantíssima, porta de entrada
riquíssima para a cultura escrita, quando se trata de famílias letradas (e
atenção aí...nem todas o são...e dependem da escola para ampliar suas oportunidades
de convívio com as práticas letradas). Os pais contribuem para a inserção das
crianças na cultura escrita, no contexto letrado, no convívio com gêneros de
textos nas situações comunicativas do dia a dia, programas culturais, lendo
histórias... E tudo isso relaciona-se ao letramento (preste atenção!) das
crianças no contexto familiar. Mas contribuem por oportunizar o convívio com
práticas de leitura e escrita que são comuns nas famílias, não por esses pais se
colocarem no lugar de ensinar deliberadamente, como professores, conteúdos
escolares, mas só por serem (quando são)
uma família letrada. Ângela Kleiman (1985) diz que a família é a agência
de letramento mais poderosa justamente por oportunizar essas práticas discursivas
em situações reais de interação social, e não em práticas escolares, didatizadas,
por vezes, inclusive, mais artificiais (o que a perspectiva discursiva e a do
letramento defendem que sejam o mais próximas possíveis das interações reais).
E ele quer artificializar as interações familiares! Tutelar as práticas
familiares...escolarizar as interações familiares...
É
evidente que os pais contribuem também com aprendizagens linguísticas, como,
por exemplo, dos sinais gráficos da escrita, seus nomes, porque letras circulam,
nas casas, em livros, nos bilhetes,
listas, receitas, manuscritos diversos, e são, frequentemente “recortadas” como
objeto de atenção das crianças em seus eventos de letramento, nas práticas
cotidianas em que as letras circulam. Também aparecem para as crianças marcando
coisas, e são disponibilizadas em jogos, imãs de geladeira, alfabetos móveis. A
curiosidade pelas letras, palavras, e os aprendizados linguísticos, também
circulam nas casas das crianças, são conhecimentos sociais, convencionais, que
envolvem práticas socioculturais, também vividas na família. Uma coisa é isso,
outra é os pais serem professores dos filhos, sem conhecimentos didáticos para
tal.
Ou
seja, sim, os pais podem, se têm condições, contribuir muito (e se não têm,
maior a responsabilidade da escola!). Mas daí a minimizar a escola...é bem
diferente. Há, claramente, nessa defesa do ensino domiciliar por parte dele (seja
paralelo à escola ou substitutivo), um desconhecimento da educação pública e
nenhum compromisso com as crianças e famílias das classes menos favorecidas,
com poucas oportunidades de convívio com práticas letradas... Como é que,
justamente para essas crianças, o método fônico bem mecânico seria a solução?
Como, se antes da faca e do queijo, das ferramentas, precisam da fome? A fome
de saber, a fome de querer saber, a fome de querer participar da cultura
escrita... Adélia Prado é quem diz: “Não quero faca nem queijo;
quero é fome”, queremos a faca, queremos o queijo, queremos a escrita,
queremos a chave para ler e escrever com autonomia, mas a fome é que nos move a
querer todo o resto. Querem dar a faca para as crianças...sem nem saber para
quê... É perverso, muito perverso, defender que o que vai resolver a leitura e
escrita competentes de crianças de famílias pouco letradas é aprender, primeiramente,
as relações entre fonemas e grafemas, e que esse é o conhecimento fundamental e
básico em suas vidas.
Homeschooling
é matéria de debate, ok, os argumentos pro e contra são muitos, mas, nesse contexto,
nesse governo, sabemos que essa discussão está firmada, essencialmente, em
motivos políticos e religiosos. Nesse contexto, a preocupação de fundo é evitar
a socialização, o convívio com a diferença, evitar a apropriação de cultura e o
livre pensamento, além dos inúmeros interesses mercantis e privatistas (sim, já
pensou nos inúmeros materiais didáticos para os pais usarem em casa?). Quiçá,
também não se configura como instrumento de propaganda, pois quem vai controlar
esse ensino domiciliar – pois, sim, terá controle, não ficará na mão dos pais,
para fazer de qualquer jeito – será o governo federal, e não os Estados e
municípios, como é no caso da educação escolar.
Nadalim
destaca e enfatiza a tal frase de Morais: “desde que devidamente informados e
instruídos” os pais podem sim ensinar a seus filhos, justo para emendar nessa
ênfase a insinuação de que é esse o papel dele. Ele é que vai ensiná-los e
instruí-los! Nos seus “guias práticos”: seu canal, seu blog, seu e-book, seus
cursos, sua “Jornada da alfabetização em casa”, e livros que fez em parceria
com outros. E mais, nem ocorre pensar para que pais ele está falando,
não é? Que pais são esses que estão em condições de compreender os processos
didáticos, ainda que simplificados ao extremo e instrumentalizados, como é o
caso de seus vídeos e e-book? Que pais são esses que terão tempo de fazê-lo?
Certamente ele não só fala para pais (e não para professores), como fala para “certos”
pais... Não é para quem precisa trabalhar dois turnos e cuidar dos filhos no
terceiro turno, não é para a mãe-professora que trabalha dando aulas na escola
para compensar seu baixo salário, e que a noite e no final de semana ainda tem
planejamentos e correções de trabalhos a fazer. Pais ideais, para crianças
ideais, para um ensino “ideal”, para os privilegiados. Para pais que não se
importam se seus filhos precisam de um espaço sem seu controle absoluto, pois
defendem essa infância totalmente administrada pela família, em que a escola,
lugar de diversidade, de trocas com outras crianças e com outros adultos, é
vista com maus olhos. Como um cara desses vai cuidar da alfabetização das
crianças do nosso país, e pior, das crianças de classes populares, da escola
pública, que nem conhece?
Só
no mundo onde o ensino de reduz a um passo a passo instrumental, o professor um
mero aplicador desse passo a passo supostamente eficaz que qualquer um pode
aplicar, e a língua reduzida a um código, os pais serão os alfabetizadores
ideais (e olhe lá! Porque há outros aspectos a considerar ainda). Só num mundo
onde se desqualifica a escola, os professores, os formadores de professores e
as instituições formadoras, bem como todos os especialistas que não se afinam a
uma determinada concepção, pode-se achar que a solução para todos os problemas
é o ensino domiciliar. Só num mundo onde as disputas de interesses editoriais e
políticos são disfarçadas de divergências teóricas e didáticas, pode haver
tanta animosidade com os autores de outras perspectivas e tanta mediocridade
discursiva disfarçada de novidade e panaceia para os males da alfabetização no
nosso país.
O
vídeo, claro, termina com o “conte comigo” para assumir a tarefa que a escola
não estaria cumprindo, e “livrar” os filhos de seus interlocutores do
analfabetismo funcional (de novo isso, e erroneamente compreendido, com
certeza, pois esse conceito tem relação com a baixa habilidade de uso efetivo
da escrita, dos textos, ou seja, falta de letramento). Convida, no final os
professores que queiram também melhorar sua prática através de uma
alfabetização eficaz – os que só ele pode salvar! Para fechar “com chave de
ouro”, bem próprio aos vaidosos, traz um
post laudatório a “seu” “método” – aqui com bastante aspas, porque não é dele
(é um requentado e mal fundamentado método fônico), e não chega nem a ser
propriamente um método, mas um passo a passo bem genérico...e equivocado. Fecha
com convites próprios a um youtuber, para os pais participarem da tal “jornada
da alfabetização em casa”!
A posição desse senhor quantos aos professores e a sua formação, por si só, o desqualificaria para esse cargo no MEC. Se você não está convencido, veja o que ele diz, e como diz, sobre os pedagogos e professores nesse outro vídeo, a partir dos 10m45s mais ou menos, e o que conclui "diante disso". Isso é lá solução digna de um secretário do MEC? É de um youtuber que não tem lastro nenhum para fazer essa discussão. O blog dele, acessando os pais, diz ele, rompe "essa burocracia" estatal, para chegar diretamente na criança (!!!). Só em um MEC como esse, num governo como esse, em que a regra é o obscurantismo, a ignorância e o desrespeito reinam, um cara desses poderia ser indicado ao cargo de secretário da alfabetização. É vergonhoso. Mas, como estamos vendo, a questão não é com a alfabetização, está em todo o campo da educação, o problema está em TODAS as áreas da sociedade, o desmonte e obscurantismo é geral.
Ressalto, aliás, que nesse vídeo indicado acima, ele diz que alfabetização
e letramento é uma proposta nefasta, uma praga alastrada por "esse
pessoal" socioconstrutivista (já também igualando construtivismo e
socioconstrutivismo, letramento, tudo, como lhe é de praxe). Além de vilão, é
praga nefasta...Praga que deve ser retirada dos currículos escolares. E Emilia
Ferreiro - apesar de Paulo Freire ter sua culpa, diz ele - é a maior
responsável por essa tragédia na alfabetização do país. Pelo visto, ele ainda
não tinha sido apresentado a Magda Soares nessa época... Nota também para as
perguntas enviesadas do entrevistador.
É isso, gente...de início, era a análise de um só vídeo, mas gerou tantas reflexões...que puxam outros vídeos, outros textos, outras tantas reflexões...Como
fiz algumas considerações críticas, que julgo importantes, à didática
construtivista, na próxima postagem, vou esclarecer um pouco mais sobre o que
penso, entre o reconhecimento e as ressalvas a essa perspectiva. Faz parte
ainda, por isso, dessa série de posts referentes ao vídeo de Nadalim.
Enfim...já
cansada de tudo isso...deixo-os com outro vídeo, dessa vez para rir. O Greg News
falando do circo de horrores no MEC e, inclusive, desse senhor secretário da
alfabetização.
Haja
paciência, minha gente...vamos ver se o “pote da calma” dele dá certo? Ao menos
isso devia dar, né? Estamos precisando... Mas também não é invenção dele, viu, minha gente? É Maria Montessori.
Espertinho! Realmente, a pergunta que fica é: como se atreve?!!!
ResponderExcluirMuito importante essas reflexões, Liane.
Fiquei chocada com o vídeo.
Atenta e agradecida.
Edna
Pois num é, Edna?
Excluirobrigada também.
Vamos acompanhando, atentas!
parabéns por esse blog, vou recomendar esse conteúdo para a escola particular zona norte onde trabalho, legal demais mesmo, gostei!
ResponderExcluirQue bom, Helloiza, fico contente!
ExcluirObrigada,
Liane
Só um ser sem experiência nenhuma na área da educação pra ter a cara de pau de criticar Magda Soares, Emilia Ferreiro e Paulo Freire. É risível, não pode ser levado a sério.
ResponderExcluirÉ incrível como os professores são sempre atacados e sua contribuição na formação das crianças é menosprezada por caras sem caráter, como Nadalim. O papel do professor é mediar o ensino-aprendizagem. A escola é um espaço fundamental para a socialização. Acredito que as crianças devem participar ativamente do seu processo educativo. Essa interação é fundamental para a formação de indivíduos autônomos, reflexivos e transformadores da sua realidade social.
Rebeca Brito - EDCB-85 noturno
Sim, risível e não dá para levar a sério...mas levaram, não é? Ele é secretário no MEC!!! Se bem que estão lá no MEC, como no governo em geral, um monte deles que não dá pra levar a sério, né? É inacreditável o que estamos vivendo!
ExcluirEm todo caso, no caso de Nada-lim, muitos pais, muitas mães e muitas/os professoras/es estão também caindo nessa! Por isso, não nos descuidemos...
Levaremos a sério para analisar, desconstruir, e mostrar que, de sério, não tem mesmo NA-DA...nesse NA-DA-LIM.
Com relação a formação dos professores é necessário considerar os conhecimentos didáticos e os aspectos notacionais e fonológicos da escrita.Deve-se focar na didática da alfabetização e no seu aspecto linguístico.A formação dos professores precisa de melhorias.E a abordagem do funcionamento alfabético, não é exclusividade do método fônico.
ResponderExcluirNadalim critica a formação dos professores por trabalharem com autores como Paulo Freire, Magda Soares, Emília Ferreiro, como se ele fosse um "expert" no assunto educação. Nadalim não é detentor da verdade, para ele postar certos dizeres, há necessidade de ele considerar o que está sendo realizado nos cursos, nas universidades, e pior ele não tem reconhecimento acadêmico em nenhuma da educação.
Quanto á questão da homeschooling ( educação domiciliar) acho que os pais não estão qualificados para essa empreitada, cabe à escola esse papel, apesar de existirem muitos problemas a serem enfrentados.
Nadalim dando ênfase a essa educação domiciliar, ele destaca a falta de base no campo da alfabetização e na formação docente, fato que não concordo, pois há muito empenho para que haja um trabalho escolar mais digno, e que a função do professor, seja mais reconhecida mais valorizada socialmente.Os pais não tem conhecimentos didáticos, para essa empreitada.E o que dizer daqueles pais que além de não terem um preparo didático não tem "tempo" para dedicar aos seus filhos.
Temos que lutar para melhorar frente aos inúmeros problemas da educação e da alfabetização, no Brasil, inclusive a formação docente e sua valorização profissional, e não fazer disso justificativa para defender a educação domiciliar.Os pais podem e devem contribuir muito no processo de alfabetização, mas não podemos minimizar o papel da escola e da função dos professores.
Natália Carneiro Monte EDCB-85 noturno
Resposta abaixo...
ExcluirPois é...é muito fácil dizer que os professores não estão alfabetizando e culpá-los e culpar o método, não é? Mas com tantos desafios a enfrentar nessa profissão docente, e tantos outros de estrutura das escolas, é de uma perversidade sem tamanho simplificar as coisas desse jeito.
ResponderExcluirO sabe-tudo cuja experiência é numa escola privada pequena, de bairro, de sua mãe!
É de rir, para não chorar!
Acorda, Brasil!
É incrível como as relações de saber-poder estão bem estruturadas em nossa sociedade. Constantemente ouvimos críticas sobre a falta de compromisso de alguns médicos e outros profissionais de saúde em seus plantões, sobre a "incompetência" de um engenheiro em um mau planejamento ou até sobre o descaso de determinados advogados quando lidam com as parcelas desfavorecidas da população. Em todos esses casos, no entanto, não se afirma que com tais falhas é possível que qualquer um seja um médico, engenheiro ou advogado. É muito claro, para todos, que para exercer esses campos do saber foram necessários vários anos de estudos e práticas que os legitimaram a tais posições.
ResponderExcluirContudo, nossa sociedade cada vez mais assume a tendência de acreditar que qualquer um pode ser professor. Assim, apesar de dedicarem anos de estudo e prática docente, os professores são assiduamente deslegitimados de seus lugares e desvalorizados em suas profissões.
Nessa lógica, conseguimos observar que, para além de perpetuar o lugar do professor como profissional historicamente desvalorizado no Brasil, o atual governo assumiu, em sua perspectiva neoliberal e conservadora, a missão de transformar a educação em mercadoria e a serviço dos seus ideais. Logo, nada mais lógico do que desmantelar a escola como principal meio de formação educacional e socializadora (que considera as diversidades) e o educador como aquele que tem a responsabilidade legítima por esse processo.
O que vemos, então, é que Nadalim é nada mais nada menos que um parasita que se aproveita dessa lógica de mercado pra vender o que ele chama de educação e intensificar ainda mais essa onda conservadora, que é contra uma escola inclusiva a todas as diversidades, promovendo o discurso da educação domiciliar na qual os pais - que não são legitimados epistemologicamente enquanto professores - podem perpetuar e reproduzir seus valores a partir de sua bolha familiar - valores estes que quase sempre abarcam noções intolerantes e preconceituosas de não aceitação ao que lhes são diferentes.
Porém, o que ando refletindo é sobre como nossas tentativas de denunciar para tentar evitar o drástico caminho que a educação brasileira está tomando, infelizmente, vão de encontro a lógica desse governo que não tem lógica alguma. Se pensarmos: qual sentido em ter o ministro e os secretários do MEC sem nenhuma relação com a educação? Vemos que essa gestão não está buscando sentido em suas ações, logo, não adiantar contra-atacarmos com todos os argumentos mais embasados epistemologicamente possíveis. Sabemos o quanto que um professor ou especialista em alfabetização tem que estudar para propor um projeto de alfabetização e, portanto, sabemos que o que fala Nadalim não se constitui em um método, ao passo que para ser método deve ter uma fundamentação teórica validada cientificamente, mas apenas uma faceta de seu discurso raso que não tem pretexto algum para ser legitimado. Portanto, acho que temos que pensar em outro contra-ataque, pois nosso embasamento teórico não importa para eles. Eles simplesmente falam e fazem arbitrariamente o que querem e nossas camadas conservadoras, que infelizmente ocupam posições de poder, compram como o melhor para elas.
Carla Jéssica Pimentel - EDCB85/T01/Diurno - 2019.2
Pois não é, Carla? Todo mundo acha que pode dar pitaco em nossa profissão! Diversas áreas do saber contribuem para pensar a educação, a alfabetização. Mas querer ter a última palavra e desconsiderar a especificidade da Pedagogia é um pouco demais, né?
ExcluirAi de alguém que desconsidere a indicação de um engenheiro de que não pode derrubar uma pilastra que a casa cai, ou de um médico que indica que precisa de determinado tratamento. Ainda que possa discutir, ponderar e, como você diz, questionar sua competência pontualmente, desconsiderar totalmente pode ser fatal, não é?
Mas com a Pedagogia, todo mundo acha que pode saber mais que nós. E ai de nós se não defendermos a competência teórico-metodológica e científica intransferível de nossa função docente.
Agora veja, a mercantilização da educação não começa com esse governo, desde os anos 90 há essa tendência mercantil, privativista, que privilegia o setor empresarial - o que foi, inclusive, indicado pelo Banco Mundial no final dos anos 90. Mas é fato que, com esse governo, essa perspectiva mercantil alcançou proporções inimagináveis, retrogradas, impositivas, predatórias, jamais vista! E calcada na total desconsideração da justiça e dos direitos sociais, humanos, democráticos.
Lógica tem! Essa lógica inadmissível do nosso ponto de vista que vê o mundo com outra lente e vê a educação em seu sentido essencial.
Outra coisa. Nadalim não tem lastro teórico, fundamentação densa mesmo não. Mas seus pares na secretaria, sim. Embora sectários, têm estudo, apenas são posicionados em outra perspectiva.
Assim, toda forma de resistência é sim importante, e o estudo, a fundamentação epistemológica, teórico-metodológica, sociopolítica é sim, ainda, uma arma.
Mas há que ter outras, sem dúvida!
Eu mesma acho que estamos quietos e calados demais...