quarta-feira, 1 de maio de 2019

LETRAMENTO, O VILÃO DA ALFABETIZAÇÃO? POST 4, Parte1


Post 4 – Para além do sistema alfabético:  um desabafo; sobre a formação professores e o homeschooling; o letramento emergente e a família.

Como prometido, vamos continuar com a análise do vídeo “Letramento, o vilão da alfabetização no Brasil”, de Carlos Nadalim, que, hoje, é o secretário da alfabetização no MEC. Pensa que acabou? Não, ainda tem mais. Embora ele não esteja sozinho elaborando a Política Nacional de Alfabetização (PNA), tendo, evidentemente, para isso, juntado a sua equipe outros pesquisadores mais qualificados, a análise desse vídeo ainda me é uma tarefa cara, na medida em que sua nomeação é uma afronta ao campo da alfabetização.

Como aqui vou falar de diversos outros aspectos explanados no vídeo, para além das questões metodológica e linguística – exploradas nos outros posts, – vou separar minhas considerações em partes diferentes, três mini-posts, a saber:
     4.1. Sociedade democrática? Onde está a sua ideologia?
     4.2. Ciência cognitiva, prática pedagógica, os cegos e o elefante
     4.3  Políticas de formação de professores e homeschooling.


 4.1. Sociedade democrática? Onde está a sua ideologia?
A argumentação mais chocante desse vídeo, ainda nem são essas (dos posts anteriores). Creiam! Reparem: ele critica os documentos do MEC (de governos anteriores), inclusive a BNCC, por uma “preocupação exagerada com a construção de uma sociedade igualitária, democrática e pluralista, em formar leitores críticos, engajados e conscientes, em acabar com os preconceitos e discriminações de todo tipo” (sic!!!!). Como tem coragem de dizer um despropério desses? Nesse momento, dá pena, nojo, escárnio, sei lá o quê...mas o que esperar de um governo que condena Paulo Freire e exalta Olavo de Carvalho, não é?  Quem diria! A BNCC, com todas as críticas que podemos fazer a ela, hoje nos protege, de alguma forma!
A linguagem, bem como a alfabetização, não se dá no vácuo social, os textos – orais ou escritos – veiculam discursos, eles não têm valor em si mesmos, mas articulados aos interlocutores, que são sempre situados no mundo social, histórico e político. Desconsiderar isso e tratar a língua de modo neutro, instrumental, é um retrocesso sem precedentes no campo de estudos da linguagem. Não dá nem para comentar, desenvolver...Preguiça e desânimo de ter que argumentar sobre isso a uma altura dessas... Convoco a força bakhtiniana para nos socorrer de tamanho obscurantismo no campo da linguagem e no campo social.

Nessa mesma linha, ele usa a fala contundente de Emilia Ferreiro sobre a variação linguística para dizer que essa é uma preocupação secundária e ideológica. Claro, ele acha que língua é neutra, que o sistema é transparente, e toma uma fala “ideal” como parâmetro no estabelecimento de relação com a escrita, não é? E esse “ideal”, marcado socialmente pelos falares de sujeitos socialmente e linguisticamente privilegiados. Linguagem é poder, Nadalim! É fenômeno ideológico por natureza, como insistem tantos autores, como Bakhtin, Maurizio Gnerre... O método fônico, tal qual ele defende, não só desconsidera, como passa por cima, que nem trator, das variedades linguísticas de menos prestígio ao enfatizar, exageradamente, os sons das letras, sejam isoladas ou no contexto das palavras. Passa por cima dos falares diversos do nosso povo, com um desdém típico de quem se importa só com seus pares privilegiados. Seria, então, um método só para crianças da classe favorecida, cuja linguagem se aproxima mais da variedade legitimada socialmente? E eu disse "se aproxima", porque nunca é espelho da fala. Ou seja, tratar da questão sem considerar as variações linguísticas, não só é um absurdo social como conceitual. E então, essa perspectiva não é ideológica? Oi? Ao mesmo tempo, em alguns casos, mesmo isso parecendo clichê, defende-se essas coisas, justo para formar robôs acríticos para o mercado de trabalho e o consumo... Em tempos sombrios como os que estamos vivendo, em que educação virou ameaça e não promessa, essa formulação pode não ser mesmo descabida. Quanta ideologia, né?

Como ponto de partida, a premissa. Qualquer proposta de alfabetização tem subjacentes perspectivas epistemológicas e sociopolíticas. Mesmo o tecnicismo aparentemente mais neutro. A linguagem e a alfabetização não existem desvinculadas da vida social. Colocar-se “fora” da ideologia pressupõe ocupar um lugar discursivo de verdade única e absoluta, pois esse lugar neutro não existe. Mas o tecnicismo defendido pelo “seu método” é também ideológico e casa-se bem com a perspectiva do governo ao que ora você se alinha e se agrega, não é?  A própria não-preocupação com essas questões, Nadalim, sinto muito, é também uma posição altamente ideológica – mas só vale a sua ideologia elitista, não é? E fala dessas coisas com tanta ironia e arrogância que dá nojo. Quanto a isso, Paulo Freire já dizia que ideologia sempre há, a questão é se sua ideologia é inclusiva ou excludente... O governo que quer combater ideologias é o mais ideológico já visto!
E volta a Magda!!!!


Ao tratar da variação linguística, com muito desrespeito também a Emilia Ferreiro, volta a fazer ironia com o livro de Magda Soares, “Linguagem e escola: uma perspectiva social”. Nadalim, Magda não inventou a variação linguística, nem a defesa das variedades diversas. Esse é um conhecimento que, desde os anos 70 vem sendo amplamente estudado e desmistificado. O campo da sociolinguística é vasto e considerá-lo no processo da alfabetização, que atende crianças, jovens e adultos de camadas diversas da sociedade, é um imperativo para não excluirmos da escrita, logo na entrada, a grande maioria das crianças. Porque isso de colocar tudo na conta de Magda? (que raivinha incrustada, não é? Por que será? Estou aqui matutando umas coisas...). Fazendo isso você atesta ignorância quanto ao campo da sociolinguística, a uma pá de autores consagrados nessa área, uma tradição dos estudos linguísticos. Acha que é tão poderoso assim, é? Que costas quentes, heim? Porque fundamentos você não tem!
Como quem me segue sabe, defendo a abordagem intencional dos aspectos fonológicos da língua e de sua apropriação, levo em conta estudos das ciências da leitura – que venho estudando desde que morei na França – mas, por isso mesmo, sei o quanto é preciso cuidar de não desconsiderar a variação linguística, bem como o fato de que, para falantes de qualquer variedade, a escrita não é espelho da fala. Por isso o sistema não é código. Você, se dizendo especialista em alfabetização, ignorar isso é quase uma heresia. Nadalim, pesquisas precisam passar por interpretação pedagógica e contextualização social. Em um país como o nosso, com certas condições sociais e linguísticas, é impossível desconsiderar esses aspectos.
Bom, mas sabemos qual é o problema ideológico por trás da crítica às ideologias, não é?
Aliás, em estratagema muito do mal amanhado, ele tenta desqualificar a questão da variação linguística trazendo a situação para o “absurdo”, reduzindo-a, com muita ironia e arrogância, a uma questão de tempo pedagógico para “dar conta” de tantos desafios – ele finge que não está entendendo ou de fato não está? Qualquer resposta me parece grave. O privilégio do instrumental em detrimento do sociolinguístico mostra bem o tipo de “educador” que é. O que ele prioriza e como prioriza diz muito sobre sua ideologia.
Da mesma forma, ele descontextualiza a fala da professora Magda quanto aos gêneros textuais, e chega às raias da imbecilidade querendo achatar uma discussão complexa com situações e exemplos chulos, afirmando, inclusive, se tratar de arremedo de interação social (sic!!!). Meu deus! Quanta ignorância! Quanta falta de leitura! Quanta falta de conhecimento das discussões do campo, de autores, de fundamentos! Quanta falta de empatia com o profissional docente! Quanta falta faz ser, de fato, um educador!!! Arremedo de interação social é o que ele deve saber fazer. 
Mas na verdade, para mim, mais do que ignorância, é estratagema. Mistura de ignorância com estratagema. Estratagema que faz, justamente, parecer um discurso fundamentado. Esses caras estudam para isso – convencer sem ter razão. Aliás, quanto a isso, agradeço a minha colega Giselly Lima, que lembrou do livro de Schopenhauer, intitulado “Como vencer um debate sem precisar ter razão”, que tem, em uma de suas edições, o prefácio de Olavo de Carvalho, que o chama de tratado de patifaria intelectual! Precisa dizer mais? Estão ficando PhD em criticar o que exercem como ninguém!
Quanto a essa ideia de “arremedo de interação”, é interessante sublinhar que, no seu E-book e em outros vídeos, aliás, Nadalim dá dicas de situações altamente artificializadas para os pais, de aspectos que não precisam ser abordados com esse artificialismo, ainda mais nas interações familiares. Falarei em outra oportunidade desse E-book, mas tratam-se de prescrições que tiram toda a naturalidade das interações entre as crianças e seus pais, porque os colocam numa posição de aplicadores de técnicas, em vez de estarem imersos nas experiências linguísticas e letradas naturalmente com seus filhos. Um horror! Socorro, Ângela Kleiman! Socorro Ana Luiza Smolka! Socorro Cecília Goulart!!!  
Mas como vamos falar de uma perspectiva dialógica de linguagem como interação social, para quem a considera um mero código neutro, instrumental, não é? Como fazer entender a complexidade da linguagem e de seu ensino, para alguém que acha que a complexidade dos processos cognitivos e linguísticos, dificilmente tão controláveis, se resolvem com um passo-a-passo universal e pré-determinado, em práticas artificiais, reducionistas e autoritárias, que tomam a linguagem como objeto escolar e não um objeto cultural complexo, multifacetado, heim? Nadalim, você não é educador, não é linguista, formou-se em direito com uma pós discutível em filosofia, e quer ter a última palavra no campo da educação e da linguagem. Não tem vergonha, não?
Não Nadalim, não se está falando tudo disso para propor ipis literis uma alfabetização sem foco na aprendizagem do sistema alfabético, que é o que permite ampliar as interações com a cultura escrita. Trata-se dos princípios mais amplos do ensino da língua. Você não entendeu isso, não? Evidentemente que a alfabetização inicial exige esforços focados na apropriação da notação da língua – quem está negando isso? Se coloque em pé de igualdade, em termos de conhecimento, com seus interlocutores especialistas, para poder vir dar pitaco no que não entende! Ah, esqueci, você tem seus especialistas de plantão...Olavo de Carvalho, Capovilla, Luis Faria...Sei...
Vale enfatizar o que já referi antes, o agora Secretário da Alfabetização traz falas de pesquisadores aos quais é atribuído o papel de fontes experts, que deteriam o conhecimento definitivo, capaz de fundamentar suas afirmações fragmentadas e, em alguns casos, fontes estrangeiras, que teriam o poder de tutelar suas argumentos de forma incontestável. Entretanto, sem contar as referências farsescas – as quais nem vale a pena comentar –, as ideias desses pesquisadores, ele também não parece conhecer a fundo, pois “recorta” de suas falas apenas o que lhe interessa, silenciando sobre outros aspectos que, inclusive, podem contradizer suas afirmações. Bem ao gosto dos apegados a estratagemas patifes que deve ter aprendido, como qualquer olavete, com seu mestre mor.
Gente, desculpa o tom, os argumentos quase ad hominen, mas não tenho sangue de barata!  Só que se o ataque parece ser a ele, pessoalmente, na verdade é ao que ele diz e como ele diz. Estou tentando desmistificar argumentos, só não estou conseguindo fazê-lo sem “paixões”. Não dá. Os ataques, a todo momento, todo dia, à educação, não permitem que mantenhamos sempre uma postura de análise fleumática, sem juízos, puramente acadêmica. Aqui eu me permito, certo? E, aliás, analisar não só o dito, mas o próprio dizer, faz parte das preocupações do campo da linguagem, do estudo a enunciação.  Como diz Bakhtin, a palavra (discurso) é um signo neutro no sentido de que ela pode assumir diferentes funções ideológicas em decorrência de como é empregada em um enunciado concreto (com todas as suas condições de produção). Então, ele toma a palavra de lá, eu tomo de cá! Eles bradam de lá, nós resistimos e bradamos de cá. É duro, mas necessário, nesse momento, desmontarmos as premissas falsas e outros estratagemas aos quais esse governo vem lançando mão diariamente – como mais um estratagema de nos enganar, nos cansar, de tornar nossa indignação flácida, de tão solicitada... Mas vamos lá! Nos cansar é também um estratagema!


11 comentários:

  1. Professora, comungo do mesmo entendimento de que a adoção (isolada) e primazia do método fônico reduz o processo de aquisição do sistema de escrita a algo automatizado e descontextualizado da dinâmica social. No vídeo “Letramento, o vilão da alfabetização no Brasil”, o dito secretário de alfabetização aborda o processo de alfabetização como um pré-requisito para as práticas sociais de leitura e escrita, desconsiderando que a criança, sobretudo nas “sociedades grafocêntrica”, já convivem com o uso social da leitura e da escrita muito antes da etapa da alfabetização.
    Outro ponto que me parece pertinente destacar acerca do método fônico, e que a senhora salienta muito bem, concerne no fato de que o mesmo (Nadalim) desconsidera a variação linguística do nosso país (decorrente de influencias históricas, geográficas, sociais e regionais, etc.), aprofundando, assim, o preconceito linguístico e social, dado que o método fônico conferirá total privilégio a linguagem e modo de fala da classe dominante em detrimento das classes populares, onde no processo de escolarização será imposto, de modo mais enfático, os códigos da cultura dominante. Desse modo, penso que o real temor desse governo e desse secretário é que as classes populares se libertem da opressão e lutem por seus direitos sociais e políticos por meio da educação.
    Por fim, nas entrelinhas dos comentários do dito cujo (Nadalim), no mencionado vídeo, no meu entendimento, ele absolve o Estado de todo descaso historicamente reproduzido em relação a educação e, em contrapartida, põem todo fracasso do sistema educacional, principalmente da alfabetização, na conta dos educadores e educadoras desse país.

    Mariana Pereira de Santana Santos.
    EDCB85 - 2019.2 (diurno)

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    1. Análise muito pertinente, Mariana!
      Aliás, na visão de mundo que embasa a perspectiva desse engodo de secretário as classes populares são meros figurantes do mundo de quem "realmente importa": os vips. Toda essa questão da alfabetização tem relação com um contexto maior de mercantilização da educação, de colocar a visão neoliberal e mercantil no lugar da educação em seu sentido essencial, que visa a formação de sujeitos plenos, críticos, e uma sociedade em que direitos humanos e justiça social seja a premissa básica.
      Está tudo interligado.
      Infelizmente, essa realidade termina por nos afastar do campo da ciência cognitiva da leitura que tem, sim, muito a nos ensinar, por polarizar novante concepções que vinham dialogando, por colocar brigas ideológicas acima da construção de conhecimentos, em diálogos mais produtivos - ainda que respeitando-se as diferentes concepções.
      Sim, culpa os professores, desconsidera que o problema maior da educação no nosso país refere-se às condições de base e à desigualdade social enorme que temos aqui, diferentes dos países com os quais eles querem nos comparar de forma aparentemente (como se pudesse) objetiva e neutra.

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  2. Adorei o texto e concordo com tudo o que foi dito. No vídeo "Letramento, o vilão da alfabetização no Brasil", Nadalim busca sustentar, sem sucesso, uma suposta neutralidade. Discurso neutro não existe, tal como defendem pensadores como Paulo Freire e Atlhusser, afinal, a própria tentativa do discurso neutro já é, por si só, uma postura ideológica. Como debatido em sala de aula, até a tentativa de substituir o termo "letramento" por "literacia" já carrega consigo a ideologia da classe dominante.
    Essa ideia de "abolir" o letramento é extremamente prejudicial e sem cabimento. A alfabetização desvinculada da realidade, cultura, variações linguísticas e contexto social é alienante e pouco desenvolve a criticidade e a consciência social. Mas, afinal, é este o objetivo deles, não é?
    Nadalim é um "educador" do tipo que apenas reforça as desigualdades já existentes, sem o menor desejo de propor uma educação verdadeiramente libertadora e igualitária.
    Estamos passando por momentos sombrios e a educação vem sendo cada vez mais violentada, mas compactuo com a sua fala: eles bradam de lá, nós resistimos e bradamos de cá. Sigamos!

    Thainá Farias Bittencourt.
    EDCB85 - 2019.2 (diurno)

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    1. Justo, Thainá..."afinal, esse é o objetivo deles, não é?"...Há uma tentativa clara de desmontar uma visão ao mesmo tempo igualitária e diversa de mundo, de destruir princípios de justiça social, direitos humanos, tudo... De tudo no mundo se virar para os interesses do capital.
      A educação é protagonista nesse cenário, claro, não é? É a brecha para formar os sujeitos fora dessa lógica mercantil. Eles sabem!
      E na alfabetização, esse assalto ao letramento é parte dessa desconstrução de todo discurso que tenha caráter sociocultural.
      Sigamos!!!

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  3. Através do vídeo "Letramento, o vilão da alfabetização no Brasil", o secretário da educação (o que é triste de se dizer) se mostra desesperadamente despreparado, os absurdos nos ataques feito por ele é de dar vergonha, a forma segregacionista e preconceituosa deixa ainda mais evidente o descaso com a educação, que no atual governo isso se amplia.
    Se tratando de todo o seu comentário, em específico essa parte “Em um país como o nosso, com certas condições sociais e linguísticas, é impossível desconsiderar esses aspectos”. Aspecto esses que precisam ser levados em conta por cada um, não se pode nem deve ser desprezado como assim quer Nadalim. Ele também cita a neutralidade como uma saída, mas que neutralidade é esta que só atende a sua corja? Que neutralidade é essa que ele deseja que seja passada? Neutralidade que atenda às suas demandas, pensamentos e questões extremamente pessoais.
    E é exatamente por tudo que foi posto e tudo que você coloca aqui, que concordo com seus posicionamentos que vão de contra a todo esse retrocesso, e ainda bem.
    Para finalizar, falando de um autor, professor em todos os sentidos, Paulo Freire (que já foi citado por você). Já dizia que ideologia sempre há, a questão é se sua ideologia é inclusiva ou excludente. Mas assim, é nítido o quanto é excludente e mal pensado/elaborado, o que faz doer ainda mais por tanta ignorância e mesmo assim fazer tanto sentido para outras pessoas, realmente desesperador. Mas que com tudo isso possamos pensar numa mudança, já que a falta de informação e o boicote à educação deram certo para eles, contudo acredito muito mais nas nossas práticas e necessidades de lutar com o letramento e todas as armas que a educação de forma geral nos proporciona.

    Laila Alves Barbosa
    EDCB85 - 2019.2 (diurno)

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    1. Laila,
      A esperança é que os professores não fazem só o que está posto nas orientações oficiais. Lógico que há docentes e há escolas que se acomodam nisso, mas, de modo geral, os professores combinam aspectos das orientações com outros que julgam fundamentais. Isso por vezes dá num ecletismo desconjuntado, mas por vezes salva nossas crianças! Fundamentar os professores para que possam articular seu trabalho da forma mais potente, com coerência epistemológica e metodológica, mas mais diversificada possível, abrangendo as diversas facetas da apropriação da escrita, é um desafio que temos pela frente! É o que estou tentando...
      Sigamos!

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    2. Sem contar que lá, no estrangeiro, também há disputas por concepções, também há quem resista, também há os docentes que, ainda que siga as orientações oficiais hegemônicas baseadas em tal ou tal perspectiva, não deixam de abordar outros aspectos da alfabetização.

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  4. Primeiramente, entendo como amadora a postura do respectivo secretário de educação em trazer o ranking do PISA como forma de sustentar sua crítica a Alfabetização e Letramento defendida por Magda Soares e Emilia Ferrero. Os países que aplicam a prova são completamente diferentes, Cingapura por exemplo, a primeira colocada no ranking, é um país onde professores recebem um salario digno, há investimento em educação e em qualificação, assim sendo, fica raso comparar com o Brasil (que ocupa a 60ª posição), onde a educação só sofre cortes e não é prioridade do governo. Partindo desse viés podemos perceber que Nadalim não está preocupado com a educação, ele tem um posicionamento ideológico que refuta qualquer estudo progressista, sem embasamento algum. O secretário mostra atraves da sua fala como esse governo de loucos (não) pensa educação, como eles não estão preocupados com a diversidade do nosso país, os saberes populares e a socialização como parte fundamental do processo de alfabetização e Letramento.
    Bianca Oliveira Nunes
    EDCB85 2019.2 diurno

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    1. Pois é, Bianca!
      Querem comparar países completamente diferentes e com isso reputar o bom ranking de lá a método tal ou tal.
      Um país com a enorme desigualdade social como o nosso, com as péssimas condições das escolas, com o professor como um profissional não valorizado, que tem que trabalhar muito e ainda em casa para dar conta, não pode ser equiparado a países que têm essas questões resolvidas. Isso é um descalabro!
      O problema da alfabetização extrapola, e muito, a questão de método, mas eles querem, com isso, neutralizar essas enormes diferenças não-neutralizáveis. E depois posam de neutros e fora da ideologia.
      Nos poupe, né?

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  5. Com base no video “Letramento, o vilão da alfabetização no Brasil", do Nadalim, o que consegui observar foram os diversos ataques que agridem a educação como um todo e o seu compromisso com a sociedade. As vergonhas expostas por ele é de fácil acesso mesmo sendo excludente e preconceituosa, existem momentos que até me peguei rindo por tantas besteiras ditas. A busca da neutralidade, da eliminação de ideologia não é uma preocupação com as crianças, jovens ou adultos, não é um comprometimento com a sociedade, mas sim com os interesse pessoais de sustentar um posicionamento que aprisiona e não tem compromisso com a liberdade em forma de conhecimento. O levantar de dados não se sustenta, os exemplos não se sustentam, mas infelizmente ganha-se força neste atual cenário, o que entristece ainda mais pois o que eles querem é exatamente isso, manipular para acreditarmos que as ideias da Magda não valem de nada e que essas sim não formam. Ao mesmo tempo que ria com tantos absurdos, a ideia de que aquilo atravessa milhares de pessoas e realidades e a tornam a verdade acabou me deixando um tanto aflita e triste. Mas o que esperar de uma pessoa que se apoia nesse governo, e se apoia no sentido de pensar igual, de pensar para moldar, aprisionar e recrutar. Não esquecendo do Paulo Freire, que escreveu sobre as diversas pedagogias, que é o que nos liberta e nos dá a autonomia e força para ir de contra essa onda “Olavo de Carvalho”, o que até me alegra de pensar que não sou/somos isso que eles são.

    Nathalia Reis
    EDCB85 - 2019.2 (diurno)

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    1. Pois é, Nathalia!
      "O que eles querem é exatamente isso, manipular para acreditarmos que as ideias da Magda não valem de nada".
      Usa de estratagemas bandeirosos para fazer crer que são verdades as afirmações fake que ele faz. Um horror!
      Bem combina ele com esse nosso governo, esse nosso ministro da educação tosco, esse presidente tosco. É só mais um tosco no pedaço!
      Dá nojo, dá raiva, dá tristeza, mas é isso mesmo, também dá vontade de rir. Eu ri muito!

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