Oficinas, recursos e estratégias didáticas para a alfabetização
domingo, 28 de abril de 2019
LETRAMENTO, O VILÃO DA ALFABETIZAÇÃO NO BRASIL? POST 3 – Para aprofundar...
Post 3 – O que dizem mesmo os experts; Predição ou decifração OU
predição e decifração?; ler é decifrar? Ler é compreender? Ler e compreender? Leitura:
conceito polissêmico; modelos de processamento da leitura.
Esse post é um crocotó, um apêndice, uma barriga,
um adendo, um “a mais”, que continua o post anterior, o POST 2, e é meio
pretensioso, eu confesso. Mas não resisto a fazer esses comentários
elucidativos, que reforçam os equívocos conceituais do vídeo.
No vídeo “Letramento, o vilão da
alfabetização”, além de igualar letramento e construtivismo, e essa
“dobradinha” à whole language, Nadalim
iguala tudo isso também a método global, a método ideovisual, forçando caber na
perspectiva do letramento a ideia de leitura por predição e do “jogo
psicolinguístico de adivinhações”, procedimentos defendidos pelo aporte da
whole language (um dos principais teóricos da estratégia de predição é Goodman
em “Reading: a Psycholinguistic Guessing Game”, 1985). Quando chegamos a essa
parte do vídeo, vemos que a mistureira é sem fim. E o saco está ficando grande
demais, não acham, não? Nada mais equivocado...pra variar. Isso tudo se configura,
no entanto, como uma estratégia bem montada de generalizar bem o lado do
adversário, cabendo tudo ali, para, então, apresentar o seu antídoto. Aliás mais
do que uma estratégia, é um estratagema, por seus componentes: astúcia,
subterfúgio, ardil, sabotagem.
No post 0 argumentei sobre isso das propostas
atuais de alfabetização em contexto letrado não ter nada a ver com método
global, muito menos com propor que o reconhecimento de palavras se dê por sua
configuração, seu desenho gráfico, sua identificação ideovisual. Mas não
bastasse isso, mais adiante no vídeo, voltando a esse amalgama mal amanhado de
construtivismo-letramento (e multiletramento ele inclui aí também) com a
perspectiva da whole language, ele diz que “um dos grandes erros dessa
perspectiva é acreditar que as crianças podem aprender a ler e a escrever por
meio de um ‘jogo psicolinguístico de adivinhações’, a partir do levantamento de
hipóteses e predições sobre os textos, estabelecendo elas mesmas,
autonomamente, as relações entre grafemas e fonemas, descobrindo os significados
das palavras por meio do contexto”. Volto a dizer que, se isso poderia até ser
atribuído a algumas estratégias defendidas pela didática construtivista, que
investe na leitura por predição, sem considerar intervenções intencionais e
planejadas sobre unidades sublexicais (unidades menores, fonológicas e
gráficas, constitutivas das palavras, como morfemas, sílabas, fonemas, letras...),
não tem, no entanto, nada a ver com o letramento, como já argumentado– e é ele que é atacado como vilão da
alfabetização (“invenção do construtivismo”, lembram?). E a didática construtivista, como argumentei
no post anterior, de fato se aproximou da perspectiva da whole language...
Mas de todo modo, nem a didática
construtivista ignora as reflexões sobre as relações entre partes do oral e do
escrito. Não as aborda de modo sistemático no ensino, mas pressupõe que as
crianças usem seus conhecimentos sobre a escrita para tentar decifrar e
escrever. É importante ressaltar que as situações de pesquisa inteligente das
crianças sobre o escrito, suas reflexões a partir da análise de diversos
aspectos do texto e das palavras, não podem ser vistas como da ordem da
adivinhação. E, desde que entre nessa pesquisa inteligente também as
informações sublexicais, rumo à crescente possibilidade de decifração precisa
das palavras, esse “ler sem ainda saber ler”, usando informações contextuais,
fazendo predições e usando, ao mesmo tempo, informações sublexicais para
decifrar as palavras e partes das palavras, pode ser produtivo, sim. Produtivo
para os aspectos textuais, a compreensão do texto, os processos descendentes
(top-down) da leitura.
Mas é fato: não podemos deixar de considerar
que as informações fonológicas, fonográficas e ortográficas têm um papel preponderante
na leitura propriamente dita. A leitura por predição, ou seja, o uso do
contexto do texto, da semântica, para ler, ajuda no desenvolvimento da capacidade
de inferência, de construção de sentidos, mas para a identificação das
palavras, os processos sublexicais, as informações gráficas e sua relação com a
pauta sonora da língua são imprescindíveis. O que diversas pesquisas mostram
hoje é que para o reconhecimento e identificação de palavras na alfabetização
inicial, a predição é um procedimento não produtivo. Mas não quer dizer que não
seja produtivo de todo tampouco. A leitura precisa, fluente e autônoma de
textos não é precisamente um processo de predição contínuo e de elaboração de
hipóteses sobre as palavras que o compõem. Envolve o processamento das letras e
das unidades da estrutura fono-ortográfica de cada palavra, que conduz ao seu
reconhecimento ou à sua identificação e, depois torna-se um processo automático
complexo. A decifração é um passo importante na conquista da identificação
automática das palavras que é, sim, necessária à meta de ler de forma fluente,
automática, por via lexical, ortográfica, sem decifrar letra por letra, ao lado
dos processos mais amplos de compreensão textual.
A leitura lexical, ou seja o reconhecimento
ortográfico que permite a automatização da leitura, ou seja, a leitura
eficiente sem ter que decifrar letra por letra, no entanto, depende da leitura
pela rota fonológica, no aprendizado inicial da escrita alfabética, em um
processo ainda bem misterioso para os pesquisadores da ciência cognitiva. Ou
seja, para ler de forma automática, pelo reconhecimento ortográfico das
palavras é preciso passar, na aprendizagem, pela decifração, pela rota fonológica.
Esse domínio não vem pela predição sobre a escrita das palavras na
alfabetização inicial. Ler e aprender a ler são dois processos diferentes, se
ler envolve reconhecimento automático, aprender a ler envolve também a
decifração. Penso que esses são aspectos da ciência cognitiva que, sim, é
preciso levarmos em consideração para pensar nas propostas alfabetizadoras. Então,
nem tanto, nem tão pouco.
A fluência da leitura será alcançado por meio
da prática frequente da leitura, após vencer essa etapa fonológica, que
promoverá o reconhecimento automático, e possibilitará a leitura eficiente, que
implica o jogo entre processos ascendentes e descendentes e entre as duas rotas
de leitura – fonológica (para palavras desconhecidas ou pouco frequentes) e
lexical (para as já firmadas no léxico mental).
Agora, não podemos aceitar que associem a defesa
da exposição das crianças aos textos a um ensino por predição. Além da
justificativa do letramento, colocar as crianças na alfabetização inicial, bem
no início da sua formação leitora e escritora, em contato com a leitura e
escrita de textos, antes mesmo de chegarem a ler com autonomia e escrever de
forma convencional, tem relação com o fato de que a se considera a
alfabetização como um processo que vai além do ensino da decifração do sistema
alfabético. Aposta-se que as crianças se perguntam sobre a escrita – desde que
tenham oportunidade para tal – e vão formulando hipóteses sobre seu
funcionamento, argumentando sobre suas ideias, mesmo que ainda distantes da leitura
autônoma e da escrita convencional. É isso e não exatamente e necessariamente,
porque creem que a leitura por predição e a imersão na cultura escrita bastam
para, efetivamente, se alfabetizar. Isso
porque olham pelo ponto de vista da aprendizagem e não apenas do ensino, apostando
no pensamento das crianças, em sua capacidade de indagar ativamente o objeto de
conhecimento. E aqui é uma diferença epistemológica de base em relação à
perspectiva que só considera o objeto e o ensino, sendo a aprendizagem apenas
um resultado desse ensino. E essa é uma lição do construtivismo e do
socioconstrutivismo (ou sociointeracionismo) que é inegociável.
Mas, dito isto, precisamos reconhecer o que
nisso tudo dá brecha a essas interpretações equivocadas. A questão é que a,
ainda que a didática construtivista preveja princípios e estratégias para
provocar a reflexão sobre o princípio alfabético,apostam muito alto na leitura por predição
(sem incluir nessa pesquisa os elementos sublexicais de forma sistemática) e negligenciam
as reflexões sistematizadas e provocadas coletivamente pelo professor, sobre a
dimensão sonora da escrita. E isso por acreditar que as próprias crianças
constroem os procedimentos de análise necessários para que a alfabetização se
realize, deixando a mediação docente um tanto casual nesse aspecto. Tanto é que
Telma Weisz (2016, p. 17) afirma que “nas atividades de ‘leitura’, o aluno
precisa analisar todos os indicadores disponíveis para descobrir o significado
do texto e poder decidir o que está escrito (e onde)”. E isso, conforme a
autora, pode ser feito de duas formas: pelo ajuste dos segmentos do texto
falado, memorizado, aos segmentos escritos, e por estratégias de antecipação
pelo contexto verbal ou extraverbal. Não nego nada disso. Mas esses
procedimentos não devem implicar em negligenciar a decifração, e nem se opõem a
ela, como tentarei argumentar mais adiante. Decifração, consciência fonológica,
fonema, sílaba, por vezes são termos quase proibitivos a essa didática – como
já argumentado. Eis a porta que se fecha, também aí, para dialogar mais
produtivamente com a perspectiva da ciência da leitura. Diálogos, no entanto,
apesar de epistemologias diversas, são possíveis, saindo, em ambos os casos,
das perspectivas polarizadas, sectárias.
Uma coisa é opor completamente decifração a
predição pelo contexto, como se só houvesse a possibilidade de um ou outro
processo, outra é reconhecer a leitura como um processo cognitivo complexo, que
envolve processos ascendentes (ou botton-up, foco na decifração) e descendentes
(ou top-down, foco na produção de significados, na compreensão, na formulação
de hipóteses sobre o texto, inferências, antecipações, predições). A leitura
eficiente envolve procedimentos textuais, lexicais e sublexicais. Um modelo
interativo, também teorizado nesse campo de pesquisas cognitivas, prevê um
papel importante, mas diferenciado, de ambos os processos. Nem tanto ao mar,
nem tanto à terra!
O simples convívio com textos escritos e a
leitura por predição não garante a apropriação do princípio alfabético – ao
menos Magda nunca defendeu que garante. Ler é também decifrar. Esse é um procedimento fundamental, mas não é
só decifrar, haja visto que decifrar não garante a compreensão do que se lê, os
processos inferenciais que o texto exige, a apropriação dos discursos em suas
complexidades diversas. Ler é um termo polissêmico e, essa leitura que permite
a interação plena com o escrito, não é só decifrar. Isso já sabemos, aliás, o
analfabetismo funcional é justo isso – a falta de competência de uso do
conhecimento da decifração e do domínio da escrita alfabética e ortográfica para
compreender e produzir textos, interagindo na cultura escrita. Agora, a leitura
que garante a autonomia em relação à notação alfabética é, sim, sobretudo,
decifrar o escrito. E isso Magda mesma fala, apesar de ser a ela dirigida a
crítica do vídeo, não a outros que, inclusive, dão menos ênfase à decifração do
que ela. Ou seja, essa briga sobre se ler é decifrar ou não, se é decifrar ou
compreender, é contraproducente, pois se fala aí de sentidos diferentes de
leitura. O próprio campo da ciência da leitura conclui essa querela, defendendo,
em geral, um modelo interativo que envolve ambos os processos – ascendentes e
descendentes – ou ao menos boa parte dos autores desse campo. O modelo
interativo de leitura é mais amplamente aceito na comunidade científica do que
o modelo ascendente que Nadalim defende. Novamente, precisamos ressaltar que, nem
com o campo que ele mesmo abraça, ele dialoga bem para fundamentar seus argumentos.
Pelo visto, nem ao menos as obras clássicas da ciência cognitiva da leitura,
perspectiva à qual ele diz se filiar, ele de fato leu. Existem pesquisas, nesse
campo, que indicam a importância tanto dos processos ascendentes quanto
descendentes na aprendizagem da leitura, e que coadunam com a ideia da
importância de ler em busca do significado, em práticas e textos significativos
e reais. Para uma visão mais nuançada e lúcida da perspectiva da ciência da
leitura, ver Snow e Juel (2013). Mas eles silenciam sobre isso, não é? Porque
não interessa abrir brechas para o diálogo, interessa tensionar ao extremo! E
porque? Em nome da ciência é que não é – essa é mais uma falácia!
Nesse campo, encontramos também autores
ponderados, que discutem no nível científico e acadêmico sobre suas
divergências, achados e interpretações diferentes, pois sabem que a ciência tem
também perspectivas – não é ciência exata aqui. E autores que sabem que
pesquisa não se aplica diretamente às práticas pedagógicas, que têm, essas, de
dar conta de exigências diversas, diversos fatores intervenientes. Mas o
problema é que Nadalim se baseia em autores sectários, cujos argumentos são
também carregados de viés ideológico e posicionamentos inflamados. Essas
posições, mais dogmáticas do que propriamente científicas, que criam
estratagemas para fechar o diálogo com outras perspectivas, revelam também o
enorme interesse editorial com investimentos do dinheiro público – ficarão felizes
quando essa concepção basear os documentos oficiais, não é? Só isso consegue
explicar a tomada de um partido tão radical e “cego”, sem ponderações no campo
das teorias, ciências de diversas perspectivas, e diferentes concepções de
alfabetização. Afinal, não nos esqueçamos, tampouco, que a compreensão leitora, nessa perspectiva, toma a decifração pela via fonológica e a posterior automatização do reconhecimento lexical como elementos fundamentais para a posterior compreensão de textos. Ora, está certo que ao automatizar o processo de ler palavras, o sujeito fica com a atenção liberada para os processos superiores de compreensão. Até aí, tudo bem. Só que os processos de compreensão não decorrem apenas de uma boa decifração ou da leitura automática das palavras do texto, exigem muito mais, exigem processos cognitivos complexos e relação com conhecimentos que vão para além do texto concreto. Assim, aguardar o domínio da leitura, em seu sentido mais restrito, para trabalhar a leitura em seu sentido mais amplo, achando que isso é que vai resolver o problema de alfabetização e letramento (de literacia funcional, eles dizem na PNA) é dar um tiro no pé. Por isso, cuidado com cair na argumentação de que a compreensão leitora não existe antes de ler propriamente, pois as estratégias, procedimentos e comportamentos leitores que contribuem muito na compreensão leitora, quando as crianças tiverem autonomia de leitura lexical, podem e devem ser trabalhadas desde sempre, e não apenas ao já se saber ler. Isso é, de longe, a ideia mais perigosa e ideológica dessa perspectiva: esperar as crianças aprenderem a ler para investir na compreensão de textos. Por isso, insistamos no letramento antes da alfabetização! Nas facetas sociocultural e interativa do letramento, que inclui também os processos leitores e produtores de textos.
De todo modo, também quanto a essa história
do reconhecimento das palavras nos textos, a birra de Nadalim, embora ele não saiba, continua sendo com a
didática construtivista, não tanto com a perspectiva do letramento – ah, esqueci que
para ele é tudo a mesma coisa! Mas é Magda, ela mesma, que é atacada e, já que
são ataques destituídos de argumentos sólidos, são ataques “ad hominen”...Aliás...ataques
a uma mulher, não é? Só por isso deve merecer todo esse desrespeito, mesmo
descabido, de quem não se deu nem ao trabalho de estudar suas obras. Ora,
bolas, mas para quem só liga para as tutelas estrangeiras, pra que ler autoras
tupiniquins, não é?
Bom, gente, é certo que essa polêmica sobre
ler ser decifrar ou compreender é vasta, não daria aqui para explorar essa
seara aprofundadamente, e sei também que algumas perspectivas, de fato,
enfatizam apenas o pólo da compreensão – o que para mim, também é equivocado –
assim como a abordagem à qual Nadalim é afiliado enfatiza apenas a decifração. Compreender,
diz ele, é algo para depois, é a finalidade da leitura, não leitura. Mas nem
todos estão situados nesses pólos extremos, como já discutido anteriormente.
Tudo depende do conceito de leitura que se considera.
Nadalim tem outro vídeo em seu canal que
fala, justamente, sobre isso. É um vídeo curto, vale a pena assistir para
continuar a discussão.
Quanto a esse vídeo, ele segue a argumentação
capciosa, polarizando dois componentes da leitura, separando-os, e prioriza
apenas a decifração no processo complexo de leitura.
Afirmar que as crianças só se apropriam da
leitura se for de forma mecânica é uma afirmação irresponsável. Além disso,
diferente dele, não queremos formar apenas leitores hábeis, mas leitores inteligentes,
críticos, sagazes.
Sobre sobrecarga cognitiva – será que sabe
mesmo o que é? Duvido muito. Afinal, dizer que tem experiência nesse ramo: quá
quá quá...é tudo que tenho pra dizer.
Mas vamos comentar, mesmo assim. Entendo que quando se fala que ler é
compreender refere-se a esse sentido
mais amplo de ler, não à capacidade de transformar a notação em sentido, via
reconhecimento das palavras (por via fonológica ou lexical), porque é óbvio que
é possível ler (decifrar) sem compreender (analfabetismo funcional é bem esse
caso), e compreender sem ler (no sentido de decifrar), como no caso de
compreender uma história lida por outro ou qualquer outra situação. Trata-se aí
da leitura como um processo interativo, reflexivo, ativo, em que o leitor não é
mero receptor das informações linguísticas do texto. Trata-se de um leitor ativo
que constrói sentidos na interação com o texto. Ângela Kleiman, Ingedore Koch, Isabel
Solé, e tantos outros autores e autoras já nos deram régua e compasso nesse
departamento aí... É dessa leitura mais ampla, que envolve a compreensão, a
produção de sentidos, o processo inferencial, de que se trata. Ler é
polissêmico! Mas – e isso é que importa sublinhar – também é equivocado dizer
que compreender é apenas a finalidade de ler, porque se fosse assim, bastava
decifrar bem para compreender os textos, e a realidade nos mostra que isso não
é assim, não é? Leitura (decifração) literal não garante a leitura
(compreensão). Há diferentes habilidades envolvidas na leitura, não apenas a
decifração. É esse entendimento que estamos tentando defender diante dos rumos
das propostas do MEC quanto às políticas de alfabetização. E não defender que
ler seja prever o escrito. Essa é mais uma argumentação falaciosa que, repetida
à exaustão, se pretende tornar verdade. Não deixemos! E aliás, essas diversas habilidades
não precisam ser abordadas sequencialmente, uma depois da outra, mas sim
simultaneamente. Até porque, aprender a ler sem pensar no sentido, sem compreensão é muito chato! Subestima-se as
crianças achar que não dão conta e, a língua sem vida torna a aprendizagem mecânica,
sem sentido para elas. Nem sempre o que é bom no âmbito da ciência é bom no âmbito
social e, nesse caso, no âmbito das práticas pedagógicas, que precisam dar
conta de um objeto de conhecimento que é multifacetado. Num país que as
crianças, aliás, não têm garantidas as ricas experiências com o mundo letrado,
é até perverso sentenciá-las a um ensino instrumental (ou é isso mesmo que
querem, né?). Como argumenta Magda Soares (2016) e Isabel Frade (2007), as várias aprendizagens que envolvem a apropriação da leitura e da escrita exigem diferentes metodologias.
Rebatendo outro argumento do vídeo, afirmar,
peremptoriamente, que o convívio com textos não permite que as crianças
construam hipóteses sobre o funcionamento da escrita, que pesquisem
inteligentemente sobre como a escrita funciona, sobre como se lê ou escreve uma
palavra, sobre o que diz um verso, um texto, está baseado em quê? Ele fez
pesquisas quanto a isso? Citou alguma? De novo ele mistura coisas diversas. Uma
coisa é fazer hipóteses sobre o funcionamento da escrita – e muitas pesquisas,
mesmos de perspectivas da psicologia cognitiva da leitura que ele assume,
indicam, assim como outras tantas pesquisas, de outras perspectivas, também
válidas. Outra coisa é fazer hipóteses e predições no reconhecimento de
palavras no texto. Ele parece misturar
isso tudo numa coisa só, alertando quanto ao perigo dessa perspectiva. Perigo de
as crianças refletirem sobre a língua? Perigo de pensarem sobre os textos mesmo
sem saber ler? Perigo de pensarem? É isso?
Bom, mas sei que tudo isso é muito complexo, não
cabe, em um post, entrar em detalhes sobre essas questões. Mas são temas a
estudar, a debater, a trazer para essa discussão, contribuições do campo da ciência
cognitiva da leitura das quais devemos nos apoderar e passar pelo crivo da
interpretação pedagógica. Mas, para quem quiser se aventurar nesse estudo,
sugiro para começar o capítulo do livro de Micotti, de 2012 (minha versão é 2017), com um resumo dessa
questão. Para aprofundar mais, podem consultar o capítulo introdutório do livro "Aprendizagem da leitura e da escrita: o papel das habilidades metalinguísticas", de Sandra Regina Kirchner Guimarães.
Deixo, entretanto, registrado o achatamento –
mais um achatamento – da questão, quando Nadalim silencia, ou melhor, elimina,
outras perspectivas, para colocar de forma impositiva – postura nada científica
– a sua própria posição. O que importa é que o nosso secretário da
alfabetização coloca sua posição unilateral como verdade última e fechada,
enquanto o campo da ciência da leitura – o campo que ele mesmo valida –
diferente desse sectarismo, segue debatendo, pesquisando, ponderando,
divergindo – nem eles fecham questão assim. Ao atribui um caráter incontestável
às pesquisas cognitivas em leitura, silenciando sobre discordâncias nesse
próprio campo, negando cunho científico às perspectivas científicas de outras
linhas, atribuindo-lhes o valor de ideologias, e desconsiderando a necessária
interpretação pedagógica dos resultados de pesquisa (já que na prática, o que
temos que dar conta é de um objeto multifacetado e de realidades não
consideradas), Nadalim – como outros dessa vertente mais sectária – fecha o
debate.
Toda a complexidade do campo se esvai em
fórmulas simplificadas e binárias frequentes em seus vídeos. Ou seja, o que
podemos concluir aí é que seus argumentos de ataque, aparentemente bem
construídos, escondem uma miscelânea de diferentes perspectivas atacadas malandramente
como se fossem uma coisa só e a adesão a uma única perspectiva como se fosse a
única válida no campo científico – o que não é verdade – reduzindo um campo
complexo a um binarismo simplório. Engodo para os pais e para os professores
desavisados.
Se defender o convívio com a cultura letrada
e aprender o sistema no contexto do uso da língua nas práticas de leitura e
escrita, tem aproximações com o que a marcha analítica defendia, confundir isso
com método analítico e com leitura por adivinhação, colocando o letramento como
vilão, é muita má fé. Mas é fato que esse não é um equívoco só dele. Vários
comentadores, que se acham “educadores” de última hora, divulgam suas opiniões
na mídia baseados em premissas equivocadas, tratando da atual querela como se
fosse a velha querela entre método sintético (fônico) X método global,
analítico – que associam ao que há hoje nas políticas de alfabetização. E os
jornalistas que escrevem as matérias, ainda que trazendo as duas visões, ainda
que, por vezes, bem intencionados e mesmo críticos da perspectiva do governo,
partem também dessas premissas equivocadas, que é o modo deles (de Nadalim, de
muitos defensores do método fônico) de colocar a questão (ver aqui, aqui e aqui, exemplos). Quanto a isso, ver também o post
0, com o panorama sobre o campo da alfabetização no Brasil, e as duas
entrevistas que já indiquei, com Magda Soares, a esse propósito, aqui e aqui.
Vamos dar uma pausa para o refrigério, mas
ainda tem mais a analisar nesse vídeo. Na próxima postagem, seguirei apontando
e discutindo sobre equívocos conceituais e afirmações que não se sustentam, mas
em posts mais breves, já que o essencial já foi discutido. Comentarei absurdos
que extrapolam as questões relativas ao processo linguístico de alfabetização,
sobre ideologia, fazendo, também, algumas considerações sobre os argumentos de
Nadalim quanto à formação de professores e o homeschooling.Sim, tem mais...Em breve... Por ora, lembro que no meu acervo de jogos e materiais há muitas propostas que implicam em reconhecimento de palavras quando ainda não se sabe ler decifrando. Quero lembrar que, embora baseadas em propostas caras à didática construtivista, minha visão sobre elas é de que precisam incluir - nessa pesquisa inteligente que as crianças fazem sobre a escrita das palavras - os aspectos sublexicais de forma menos casual. Ou seja, trata-se de provocar as crianças, explicita e intencionalmente, a considerarem em suas reflexões também os aspectos sonoros: sons iniciais de sílabas ou fonemas salientes, rimas, relação entre as letras e os fonemas vocálicos que, por soarem, e seus nomes coincidirem com seus sons, facilitam a identificação das palavras. Fatiados, lacunados, textos enigmáticos (como os provérbios e Trava-línguas do acervo), as Adivinhas 4 opções ou o Minhas Adivinhas, são kits com essa proposta. Não se trata de contar apenas com a predição, com o que sabem oralmente sobre os textos e com estabelecimentos casuais de relação entre a dimensão sonora e gráfica.
Nota de esclarecimento: a Ciência Cognitiva
da Leitura consiste em um conjunto de pesquisas produzidas em áreas diversas,
tais que a Psicologia Cognitiva, a Neurociência Cognitiva e a Linguística
Cognitiva.
É, esse tal vilão do letramento deve ser um monstro mesmo, onde já se viu... Querer que as crianças compreendam o que lêem, é no mínimo, um disparate. As crianças nessa perspectiva, desse distinto rapaz, deve ser alfabetizadas pela memorização, afinal, o que importa, segundo ele, é que a criança reconheça os grafemas e fonemas, o resto (o tal, vilão do letramento), deve ser esquecido, porque devemos saber que o analfabetismo funcional, ja está no contexto social mesmo. Então devemos aceitar, afinal, quem é essa tal de Magda Soares, com seus mais de 50 anos de estudos em letramento, para vim dizer como alfabetizar nossas crianças!?
É, Francineide, do jeito que a coisa está, só ironizando mesmo... É fato que precisamos investir mais na formação conceitual e didática do professor no conhecimento do funcionamento do sistema alfabético e seu ensino, é fato que precisamos considerar as pesquisas das ciências cognitivas da leitura. Mas não para dizer que alfabetizar é só isso e feito de forma tão mecânica. As pesquisas precisam de interpretação pedagógica, e de ser articulada a tantas outras dimensões da linguagem escrita e de seu ensino. Eles jogam a compreensão do texto e a produção de discursos para DEPOIS desse básico...não negam a compreensão como finalidade da leitura. Mas compreender textos exige muuuuuuuito mais que decifrar o escrito, e escrever textos muito mais do que a codificação em sinais gráficos. E aí, ao empurrá-las para o DEPOIS e como secundárias, de fato, terminam por estar defendendo uma compreensão muito limitada mesmo. E devem ser o que querem mesmo, né?
Tenho pesquisado e desenvolvido, desde 2001, como formadora de professores, um acervo de materiais e jogos de apoio ao trabalho de alfabetização, que abrangem a apropriação do sistema de escrita alfabética em diversos aspectos, considerando tanto a sua base fonológica como o processo de alfabetização em contexto de letramento.
Comecei a pesquisar e a desenvolver materiais para utilizar nas minhas aulas de metodologia de alfabetização e, hoje, já como professora da Universidade Federal da Bahia, esse trabalho passou a se constituir em uma pesquisa do Geling - Grupo de pesquisa do qual faço parte na Faculdade de Educação, de 2016 a 2019, articulada ao ensino e à extensão e atualmente constituem os acervos do LAP - Laboratório de Acervos e Práticas, que coordeno na FACED/UFBA.
Trata-se de materiais e jogos confeccionados artesanalmente, mas com muito cuidado estético e funcional, alguns inventados, alguns adaptados de jogos conhecidos, outros criados a partir de propostas de atividades diversas e, ainda, outros confeccionados a partir de ideias advindas de outras pessoas. Devo a Mary Arapiraca, professora e orientadorade meu mestrado e doutorado, o gosto pela alfabetização, pelo riso na escola, pelo incentivo a essa iniciativa.
Devido à boa aceitação desses materiais pelos alunos, por professores alfabetizadores em geral e pela comunidade acadêmica, fui, ao longo do tempo, desenvolvendo oficinas para estudantes de Pedagogia, professores em atividade e coordenadores pedagógicos, com o intuito de divulgar os materiais, sua base teórico-metodológica e de propor a produção de kits desses materiais didáticos pelos interessados.
Esse blog foi criado para apresentar esses materiais, as reflexões e produções em torno deles, regras, variantes, propostas, planos de atividades a partir deles, indicar os livros e textos a partir dos quais são propostos, bem como para trocar informações e divulgar eventos e oficinas de produção que venho desenvolvendo ao longo desses anos, fruto de pesquisa constante.
Algumas das fotos postadas são de materiais de meu acervo pessoal, outras, de materiais produzidos pelas alunas das Oficinas, sob minha orientação. Vale ressaltar que alguns dos materiais produzidos ao longo do tempo foram adaptados pelas alunas em alguns aspectos, outros propostos por elas, em um enriquecimento constante das propostas que fiz a princípio. Aprendo com elas também. A criatividade das pessoas com as quais venho interagindo, as dicas que vêm do uso dos materiais em classes singulares nas quais lecionam e as ideias que surgem no próprio desenrolar das Oficinas, são fontes riquíssimas de pesquisa.
Espero que essa ferramenta - esse blog - possa favorecer novas trocas e boas discussões sobre jogos para alfabetização, materiais, atividades que se preocupam com o letramento, com o acesso mais amplo à cultura escrita e que enfatizam a literatura, a tradição oral, a brincadeira com a linguagem.
Outras coisas, como breves comentários sobre alfabetização, indicações de livros, bem como poemas, parlendas, adivinhas, trava-línguas, cantigas, tirinhas, trechos de textos, essas ricas fontes que são a matéria prima dos materiais e suas razões de ser, farão também presença nessa página, nos inspirando, interpelando, provocando e lembrando-nos de que os materiais do acervo aqui apresentado, antes de se configurarem como materiais para alfabetizar, são constituídos de textos, discursos, inspirações, repertório de nossa cultura oral, escrita e visual, contexto de letramento...
EM TEMPO: eu apenas ensino a fazer e usar os materiais no contexto das oficinas e compartilho aqui com vocês, contando que possa ajudá-los a confeccionar seus próprios acervos. Não produzo materiais nem apostilas para venda, ok?
Meu blog sobre materiais, atividades e oficinas de produção de material para alfabetização, pela via dos jogos, literatura infantil e textos da tradição oral.
Sou Liane Castro de Araujo, graduada em Psicologia e em Pedagogia, professora da Faculdade de Educação da UFBA, atuando especialmente na área de alfabetização, tanto na graduação quanto no PPGE. Minhas atividades de ensino, pesquisa e extensão se relacionam com esse campo. Leciono, na Graduação, o componente Alfabetização e letramento e cuido também dos Estágios Supervisionados em Pedagogia. Em escola particular, fui professora, coordenadora e supervisora pedagógica nas áreas de Língua Portuguesa e Matemática, por muito tempo. Fiz especialização em Psicopedagogia (CETIS/SEDES) e Mestrado e Doutorado em Educação pela Universidade Federal da Bahia. O acervo de jogos passou a fazer parte de uma pesquisa desenvolvida no GELING, meu grupo de pesquisa na FACED/UFBA, de 2016 a 2019. Essa pesquisa deu origem a outra, sobre os textos da tradição oral na alfabetização. Minhas atividades de ensino, pesquisa e extensão, a partir de 2019, acontecem articuladas ao LAP - Laboratório de Acervos e Práticas, que coordeno na FACED.
Reflexão fonológica em contextos lúdicos e letrados na Educação Infantil e ciclo de alfabetização (2017)
Textos da Tradição Oral na Alfabetização.
Clique na imagem para visualizar a brochura completa (pode fazer download)
PUBLICAÇÕES MINHAS
ARAUJO, Liane Castro de. Brincar com a linguagem: educação infantil “rima” com alfabetização? RIAEE – Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, v. 11, n. esp. 4, p. 2325-2343, 2016. Disponível aqui: http://seer.fclar.unesp.br/iberoamericana/article/view/9196/6087.
ARAUJO, Liane Castro de. Ler, escrever e brincar na educação infantil: uma dicotomia mal colocada. In: Revista Contemporânea de Educação, vol. 12, n. 24, p. 344-361, mai/ago de 2017. Disponível aqui: https://revistas.ufrj.br/index.php/rce/article/view/3578/pdf.
ARAUJO, Liane Castro de. Reflexão fonológica em contextos lúdicos e letrados na Educação Infantil e no Ciclo de alfabetização. In: VIEIRA, Juliane Ferreira; YAMIN, Giana Amaral. Um olhar para a sala de aula: reflexões e práticas de linguagem. São Carlos: Pedro & João Editores, 2017, p. 11-49. ISBN: 978-85-7993-409-4.
ARAUJO, Liane Castro de. Clic! E era uma vez: narrativas verbovisuais em histórias escritas por crianças. revista entreideias: educação, cultura e sociedade, Salvador, v. 5, n. 2, p. 55-74, jul./dez. 2016. Disponível aqui: https://portalseer.ufba.br/index.php/entreideias/article/view/17361
ARAUJO, L. C. . Tá iquito aqui! Eventos de letramento e as práticas de leitura e escrita antes da alfabetização. In: Mary de Andrade Arapiraca; Lícia Maria Freire Beltrão; Cleverson Suzart Silva. (Org.). Estudos e passagens do Proinfantil na Bahia. 01ed. Salvador: EDUFBA, 2012, p. 55-70. Disponível aqui: https://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/16766.
Seguidores
Mãos que trabalham...
Vejam abaixo alguns flagras de mãos produzindo jogos e materiais em nossas oficinas, em momentos diversos... Cortar, colar, medir, riscar, plastificar, escolher, refazer, mostrar, trocar, ajudar, experimentar, finalizar, embalar, guardar...e prontos para usar!
As mãos não param! Momentos de aprendizagem e de prazer. E de ricas trocas.
Mãos que trabalham...
Apresentação em eventos
Jogos e materiais pedagógicos e a "reinvenção da alfabetização". II Congresso Brasileiro de Alfabetização (Conbalf). UFPE, Recife/PE,12 a 14 de julho de 2015
Jogos e materiais para alfabetização em contexto de múltiplos letramentos, I Seminário Nacional de Alfabetização e Letramento (I SENAL), Universidade Federal de Sergipe (UFS), Itabaiana/SE, 18 a 21 de maio 2010.
Alfabetização e literatura: jogos e materiais para alfabetização em contexto de letramento literário, II SELED - Seminário de Estudos em Linguagem e Educação, UESB, Vitória da Conquista, 10 a 12 de novembro de 2011
Dezembro de 2006 - Mostra aberta de materiais e Jogos produzidos pelas cursistas do Projeto Salvador, turma 1.
2007.1 - Oficina de Produção de Material desenvolvida no Projeto Salvador, Licenciatura em Pedagogia Faced/UFBa, turma 2. Atividade opcional do currículo do curso.
fevereiro 2007 - Mostra aberta de materiais produzidos pelas cursistas do Projeto Salvador, turma 2.
2007.2 - Oficina de Materiais na disciplina Fundamentos da Educação Infantil I, ministrada por mim no curso de Pedagogia, Unijorge.
maio de 2008 - Mostra de materiais do acervo no Encontro de Psicopedagogia da Bahia, organizado pelo CETIS.
2008.1 - Oficina de Materiais nas disciplinas Alfabetização I e Tópicos Especiais, ministradas por mim, no curso de Pedagogia, Unijorge.
junho 2008 - Mostra de Materiais produzidos pelas alunas na III Mostra de Projetos Unijorge.
junho a julho 2008 - Oficina de Produção de Material para Alfabetização, Módulo I: Textos da tradição Oral, Centro de Desenvolvimento de Capacidades/Casa Via Magia. Com certificado. julho de 2008 - Mostra interna de materiais produzidos pelas alunas da Oficina, Casa Via Magia. agosto 2008 - Oficina de Produção de Material para Alfabetização, Módulo II: kits a partir de gêneros textuais diversos, Centro de Desenvolvimento de Capacidades/Casa Via Magia. Com certificado. outubro a novembro 2008 - Oficina de Produção de Materiais para Alfabetização, Módulo III: Jogos, Centro de Desenvolvimento de Capacidades/Casa Via Magia. Com certificado. 2008.1 - Oficina de Produção de Materiais na disciplina Alfabetização, do curso de Pedagogia, Faced/UFBa, ministrada pela professora Mary Arapiraca. 2008.2 - Oficina de Produção de Materiais nas disciplinas Alfabetização II e Práticas Investigativas Interdisciplinares II, Unijorge, ministradas por mim. 2009.1 - Oficina de Produção de Materiais na disciplina Alfabetização, do curso de Pedagogia, Faced/UFBa, ministrada pela professora Mary Arapiraca. 2009.2 - Oficina de Materiais na atividade Alfabetização, ministrada por mim, do curso de Pedagogia, Projeto Tapiramutá/UFBa, em Tapiramutá/BA. 18 a 21 de maio 2010 - Apresentação de artigo sobre os jogos e materiais, no I Seminário Nacional de Alfabetização e Letramento (I SENAL), Universidade Federal de Sergipe (UFS), Itabaiana/SE Ver artigo em: http://www.slideshare.net/Licaraujo/jogos-e-materiais-para-alfabetizao-em-contextos-de-mltiplos-letramentos-4028745 junho 2010 - Oficina de Produção de Materiais, na disciplina Alfabetização, do curso de Pedagogia da Faced/UFBa, ministrada pela profa. Mary Arapiraca. setembro 2010 - Oficina de Materiais de Alfabetização (5h), no II SIEPE - Seminário Integrado Ensino, Pesquisa e Extensão, Faced/UFBa. novembro 2010 - Oficina de Materiais de Alfabetização e Oficina de Produção de Materiais, na disciplina Alfabetização, do curso de Pedagogia da Faced/UFBa, ministrada pela professora Raquel Nery. dezembro 2010 - Exposição de Jogos para alfabetizar, na Faced/UFBa. Materiais e jogos produzidos pelas alunas da disciplina Alfabetização, ministrada pela professora Raquel Nery, após Oficina de produção de Materiais. março 2011 - Oficina de Materiais para Alfabetização para professoras da Escola Santa Ângela das Mercês, pelo Laboratório de Epistemologia Genética & Práxis Pedagógica, Programa de Educação Tutorial (PET) em Pedagogia - Faculdade de Educação UFBa. abril 2011 - Oficina de Produção de Material, na disciplina Alfabetização, do curso de Pedagogia da Faced/UFBa, lecionada pela professora Mary Arapiraca.
agosto 2011 - Oficinas de Jogos e Materiais para Alfabetização (Literatura e Alfabetização). 11º Proler em Araxá/MG: "Leituras literárias: sujeitos, linguagens e diversidade". Biblioteca Pública Municipal Viriato Corrêa/Araxá.
setembro 2011 - Oficina: Literatura e Alfabetização: jogos e materiais para alfabetização e letramento literário. II Encontro de Leitura e Escrita do Geling (ELEGE), Faced/UFBa.
outubro 2011 - Oficina: Jogos e Materiais para Alfabetização em contexto de Letramento Literário. II Jornada Pedagógica do DEDC I/UNEB
novembro 2011 - Oficina de Materiais de Alfabetização e Oficina de Produção de Materiais, no componente Alfabetização, do curso de Pedagogia da Faced/UFBa, ministrada pela professora Raquel Nery.
10 a 12 de novembro 2011 - Apresentação de artigo intitulado: "Alfabetização e literatura: jogos e materiais para alfabetização em contexto de letramento literário" no II SELED - Seminário de Estudos em Linguagem e Educação, UESB, Vitória da Conquista.
abril 2012 - Oficina de Materiais de Alfabetização para alunas do 3o semestre do curso de Pedagogia da Faculdade da Cidade do Salvador.
outubro 2012 - Palestra sobre Alfabetização e Letramento em EJA, com utilização de materiais a partir de textos da tradição oral: advinhas, provérbios, quadras, para alunos de 7o semestre do curso de Pedagogia da Faculdade da Cidade do Salvador.
novembro 2012 - Oficina de produção de materiais para alunos do 7o semestre do curso de Pedagogia das Faculdades da Cidade do Salvador.
maio 2014 - Oficina Jogando e Aprendendo na Alfabetização. Centro Universitário Unijorge.
dezembro 2014 - Oficina de produção de materiais para Alfabetização, no componente EDCB85 - Alfabetização e letramento, do curso de Pedagogia da Faced/UFBA, ministrada pela professora Raquel Nery.
junho 2016 - Oficina de produção de materiais para Alfabetização, no componente EDCB85 - Alfabetização e letramento, do curso de Pedagogia da Faced/UFBA, ministrado por mim.
6 e 7 de fevereiro 2017 - Oficina de Produção de jogos e materiais pedagógicos para alfabetização, 12h. Curso de supervisores e formadores do PNAIC-MAIS PAIC/CE, Universidade Federal do Ceará.
26 de abril a 10 de maio de 2017 - Oficina de Produção de jogos e materiais pedagógicos para alfabetização, 12h. Atividade de extensão, Faced/UFBA, ligada à pesquisa desenvolvida no Geling: "Jogos e materiais pedagógicos na alfabetização".
13 de maio a 27 de maio de 2017 - Oficina de Produção de jogos e materiais pedagógicos para alfabetização, 12h. Atividade de extensão, Faced/UFBA, ligada à pesquisa desenvolvida no Geling: "Jogos e materiais pedagógicos na alfabetização".
27 de outubro de 2018 - Oficina de Produção de jogos e materiais pedagógicos para alfabetização, módulo Textos da tradição oral, para o Núcleo de Alfabetização e Letramento de Lagoa Santa/MG. Secretaria Municipal de Lagoa Santa/MG.
29 de novembro a 13 de dezembro de 2018 - Oficina de Produção de jogos e materiais pedagógicos para alfabetização, 12h. Atividade de extensão, Faced/UFBA, ligada à pesquisa desenvolvida no Geling: "Jogos e materiais pedagógicos na alfabetização".
Cartaz Módulo I
Oficina em 2008
Cartaz Módulo II
Oficina em 2008
Cartaz Módulo III
Oficina em 2008
Bibliografia Indicada
ALBUQUERQUE, Eliana Borges. Alguns fundamentos da alfabetização. Seminário Temático, PRADEM, Salvador: UFBA/FCM, 2004
AZENHA, M. G. Construtivismo: de Piaget a Emilia Ferreiro. 7 ed. São Paulo: Ática, 2001.
BRANDÃO, A.C.P.; ROSA, E.C.S. (orgs.). Leitura e produção de textos na alfabetização. Belo Horizonte: Autêntica, 2005. Disponível em:http://www.ceelufpe.com.br/e-books/Leitura_Livro.pdf
BRASIL. MEC. SEF. Programa de Formação de Professores Alfabetizadores (PROFA) - Coletânea do Professor e material videográfico. Brasília: 2001
CAGLIARI, Luiz Carlos; MASSINI-CAGLIARI, Gladis. Diante das Letras: a escrita na alfabetização. Campinas: Editora Mercado de Letras, 1999
CAGLIARI, Luís C. Alfabetização sem ba-be-bi-bo-bu. SP: Scipione, 1999.
CAVACANTI, Zélia (coord). Alfabetizando. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997
FERREIRO, Emilia. Reflexões sobre alfabetização. São Paulo: Cortez, 1985.
LEAL, T.F; ALBUQUERQUE, E.B.C.; BRANDÃO, A.C.P.A.; FERREIRA, A.T.B. (orgs.) Jogos de alfabetização: manual didático. Recife: MEC/CEEL/UFPE, 2009. Disponível em: http://www.serdigital.com.br/gerenciador/clientes/ceel/arquivos/5.pdf
LEMLE, Miriam. Guia Teórico do Alfabetizador. São Paulo: Ed. Ática, 1990.
LERNER, D. Ler e escrever na escola: o real o possível e o necessário. Porto Alegre: ARTMED, 2002.
MAYRINK-SABINSON, Maria Laura. Para que serve a escrita, quando você ainda não sabe ler/escrever? Leitura: teoria & prática. Porto Alegre: Mercado Aberto, v. 9, n.16, p. 20-25, dez. 1990.
MORAIS, A.G.de; ALBUQUERQUE, Eliana. Borges C. de; LEAL. Telma Ferraz (orgs). Alfabetização: apropriação do sistema de escrita alfabética. Belo Horizonte: Autêntica, 2005. Disponível em: http://www.ufpe.br/ceel/e-books/Alfabetizacao_Livro.pdf
MORAIS, Artur Gomes de. Ortografia: Ensinar e Aprender, São Paulo: Ática, 1998.
MORAIS, Artur Gomes de. Sistema de escrita alfabética. São Paula: Ed. Melhoramentos, 2012. (col. Como eu ensino).
MORAIS, Artur Gomes de; LEITE, Tânia Maria Rios. Como promover o desenvolvimento das habilidades de reflexão fonológica dos alfabetizandos? In: MORAIS, A.G.de; ALBUQUERQUE, Eliana. Borges C. de; LEAL. Telma Ferraz (orgs). Alfabetização: apropriação do sistema de escrita alfabética. Belo Horizonte: Autêntica, 2005
REGO, Lúcia Lins B. Literatura Infantil: uma nova perspectiva da alfabetização na pré-escola. São Paulo: FTD, 1988.
REVISTA EDUCAÇÃO: guia da alfabetização. Escrita e leitura: como tornar o ensino significativo. São Paulo: Segmento, CEALE, 2010. n. 2, 90 p. Edição especial.
REVISTA EDUCAÇÃO: guia da alfabetização. Os caminhos para ensinar a língua escrita. São Paulo: Segmento, CEALE, 2010. n. 1, 90 p. Edição especial.
SARAIVA, J. A. (org). Literatura e alfabetização: do plano do choro ao plano da ação. Porto Alegre: Artmed, 2001 .
SOARES, Magda. A reinvenção da alfabetização. Revista Presença Pedagógica, v.9 n.52, jul./ago. 2003. Disponível em: http://www.presencapedagogica.com.br/capa6/artigos/52.pdf
SOARES, Magda. Letramento – um tema em três gêneros. Belo Horizonte: Autêntica, 1998.
SOARES, Magda. Letrar é mais que alfabetizar. In: Nossa língua – nossa pátria. Rio de Janeiro: Jornal do Brasil, 26/11/2000a. Entrevista. Disponível em http://intervox.nce.ufrj.br/~edpaes/magda.htm
SOLÉ, Isabel. Estratégias de Leitura. Porto Alegre, Artmed. 1998.
TEBEROSKY, Ana. Psicopedagogia da Língua Escrita. SP: Ed.Trajetória, Unicamp, 1989.
WEISZ, Telma. Como se aprende a ler ou, prontidão, um problema mal colocado. In: BRASIL, PROFA, MEC, 2001
Dica
Manual do CEEL sobre jogos na alfabetização
Mais uma dica
Livro fundamental sobre Alfabetização, com capítulo sobre jogos
Outras publicações do CEEL
http://www.portalceel.com.br/
Almanaque Paralapracá
Organizado por José Carlos Rêgo (Pinduka), para o projeto Paralapracá, do Instituto C&A, voltado para a Educação Infantil.
Estação Paralapracá
Organizado por José Carlos Rêgo, para o projeto Paralapracá, do Instituto C&A
ABRAMOVICH, Fanny. Literatura infantil: gostosuras e bobices. São Paulo: Scipione, 1989.
AMARILHA, Marly. Estão mortas as fadas? Literatura infantil e prática pedagógica. Petrópolis: Vozes/EDUFRN, 1997.
CAMARGO, Luís. Ilustração no livro infantil. Belo Horizonte: Lê, 1995.
COELHO, Betty. Contar histórias: uma arte sem idade. São Paulo: Ática, 1998.
COELHO, Nely Novaes. Literatura infantil – teoria, análise e didática. 5. ed. São Paulo: Ática, 1991
COLOMER, T. Andar entre livros: a leitura literária na escola. São Paulo: Global, 2007.
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SORRENTI, N. A poesia vai à escola: reflexões, comentários e dicas de atividades. Belo Horizonte: Autêntica, 2007.
SOUZA, L.C.P. de. A trama do texto e da imagem: um jogo de espelhos. São Paulo: Annablume, 2010
ZILBERMAN, Regina. A literatura infantil na escola. São Paulo: Global, 2003.
Bibliografia Textos da Tradição Oral
ALMEIDA,T.M.M de. (coord). Quem canta seus males espanta 2. São Paulo: Caramelo,1999.
ALMEIDA,T.M.M de. (coord). Quem canta seus males espanta. São Paulo: Caramelo,1999.
ARAUJO, L.; ARAPIRACA, M. Jogos e materiais para alfabetização em contextos de múltiplos letramentos. In: SEMINÁRIO NACIONAL DE ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO. Anais do I SENAL, Itabaiana/SE: UFS, 2010.
ARAUJO, Liane Castro... Quem os desmafagafizar bom desmafagafizador será : textos da tradição oral na alfabetização. Salvador: Edufba, 2011. Disponível em: http://www.slideshare.net/Licaraujo/textos-da-tradio-oral-na-alfabetizao
ASSUMPÇÃO, S. Poesia folclórica. In: SARAIVA, J.A. (Org.). Literatura e alfabetização: do plano do choro ao plano da ação. Porto Alegre: Artmed, 2001.
AZEVEDO, R. Bazar do folclore. São Paulo: Ática, 2001.
AZEVEDO, R. Meu livro de folclore. São Paulo: Ática, 1998.
BELINTANE, C. Oralidade e Alfabetização: uma Nova Abordagem da Alfabetização e do Letramento, São Paulo: Cortez, 2013.
BORDINI, M. da G. Poesia infantil. São Paulo: Ática, 1986. (Série princípios, 97).
CASCUDO, L. da C. Literatura oral no Brasil. Belo Horizonte: Imprensa da UFMG, 1984.
GOMES, L.; MORAES, F. Alfabetizar letrando com textos da tradição oral. São Paulo: Cortez, 2013.
PINTO, C. A. Livro dos provérbios, ditados, ditos populares e anexins. São Paulo: Senac Ed, 2000.
PINTO, C. A. O livro do trava-língua. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986.
PONDÉ, G. Poesia e folclore para a criança. In: PONDÉ, G. A arte de fazer artes: como escrever histórias para crianças e adolescentes. Rio de Janeiro: Nórdica, 1985, p. 167-203.
ROMERO, S.; VIANA, M. (org). Quadrinhas brasileiras. São Paulo: Scipione, 2006.
SARAIVA, J. A. (org). Literatura e alfabetização: do plano do choro ao plano da ação. Porto Alegre: Artmed, 2001 .
SARAIVA, J. A. Palavras, brinquedos e brincadeiras: cultura oral na escola. Porto Alegre: Artmed, 2011.
WEITZEL, A. H. Adivinha o que é: adivinhações, brincadeiras e perguntas. Rio de Janeiro: Diadorim, 1996.
ZUMTHOR, P. Introdução à poesia oral. São Paulo: Hucitec, 1997.
ZUMTHOR, P. Performance, recepção, leitura. São Paulo: EDUC, 2000.
ZUMTHOR, Paul. A letra e a voz. São Paulo: Companhia das Letras, 1993.
É, esse tal vilão do letramento deve ser um monstro mesmo, onde já se viu... Querer que as crianças compreendam o que lêem, é no mínimo, um disparate. As crianças nessa perspectiva, desse distinto rapaz, deve ser alfabetizadas pela memorização, afinal, o que importa, segundo ele, é que a criança reconheça os grafemas e fonemas, o resto (o tal, vilão do letramento), deve ser esquecido, porque devemos saber que o analfabetismo funcional, ja está no contexto social mesmo. Então devemos aceitar, afinal, quem é essa tal de Magda Soares, com seus mais de 50 anos de estudos em letramento, para vim dizer como alfabetizar nossas crianças!?
ResponderExcluirEscrita por Francineide Reis
ExcluirÉ, Francineide, do jeito que a coisa está, só ironizando mesmo...
ExcluirÉ fato que precisamos investir mais na formação conceitual e didática do professor no conhecimento do funcionamento do sistema alfabético e seu ensino, é fato que precisamos considerar as pesquisas das ciências cognitivas da leitura. Mas não para dizer que alfabetizar é só isso e feito de forma tão mecânica.
As pesquisas precisam de interpretação pedagógica, e de ser articulada a tantas outras dimensões da linguagem escrita e de seu ensino.
Eles jogam a compreensão do texto e a produção de discursos para DEPOIS desse básico...não negam a compreensão como finalidade da leitura. Mas compreender textos exige muuuuuuuito mais que decifrar o escrito, e escrever textos muito mais do que a codificação em sinais gráficos. E aí, ao empurrá-las para o DEPOIS e como secundárias, de fato, terminam por estar defendendo uma compreensão muito limitada mesmo.
E devem ser o que querem mesmo, né?