Conforme prometido, seguem dicas de joguinhos com os baralhos de letras do alfabeto, ou seja, cartas de letras em formato de baralho. Aqui tratam-se de jogos para trabalhar diversos aspectos, desde as letras, sua categorização gráfica, a série (ordem) alfabética, bem como a ortografia, em alguns casos.
Os jogos com as Latinhas de letras, apresentados no post anterior, exigem mais número de letras, especialmente daquelas muito frequentes na nossa língua escrita. Os jogos aqui apresentados exigem duas séries ou quatro séries de alfabetos apenas, constituindo-se assim em baralhos contendo, cada, apenas uma de cada letra do alfabeto.
O mesmo se dá com os jogos que exigem quatro baralhos, ou seja, quatro séries de alfabeto. Pode ser todos os baralhos em letra maiúscula, mas com fontes diferentes, letras de tipos diversos, como de imprensa maiúscula e minúscula e cursiva também maiúscula e minúscula, ou mesmo todos os baralhos em letra de imprensa maiúscula, variando as séries apenas por cor. O importante, para alguns jogos, é que haja quatro "naipes" diferentes marcados por qualquer critério. Volto a dizer que o modo de estruturá-los define mais ou menos desafios para as crianças, já que associar um A maiúsculo com outro A maiúsculo, diferenciados só pela cor, é bem diferente de associar um A maiúsculo com um a minúsculo, quando é preciso recorrer a esse conhecimento relativo à categorização gráfica das letras.
Jogo SET (Ou Trincas de Letras)
- Trio de uma mesma letra que pode variar de tipo (maiúscula, minúscula, cursiva: Aaa).
- Uma palavra de três letras (pia, meu, sal, sim, não, sua, seu, pai, mel, pás, mal, lei, imã...)
Todos os jogadores devem verificar se com as cartas que têm na mão já dá para fazerem trincas e se afirmativo, baixam na mesas os Sets formados. Uma vez formado, nenhum Set pode ser mexido.
Em sua vez, cada jogador compra uma carta no monte e descarta outra na mesa, virada para cima, como no jogo Buraco, e vai tentando formar novas trincas (Sets). Pode também pegar o "lixo" descartado, se lá houver cartas interessantes para o seu jogo, e nesse caso, não descarta, apenas deixa uma na mesa.
Ganha quem acabar suas cartas primeiro e fizer mais Sets. Se quem “bater” tiver menos Sets que outro jogador, ganha quem tiver mais Sets. Pode-se também estabelecer uma pontuação para quem bate e outra para cada trinca feita e, no fim, contar os pontos de todos para ver quem ganhou. Variante:
Em vez de jogar como no Buraco, joga-se como na dinâmica do jogo “Fedor”: distribuem-se todas as cartas entre os jogadores e todos devem formar seus Sets, dispondo-os na mesa. Após esse momento, cada um vai, no seu turno, puxando uma carta do jogador subsequente e verificando se faz novos Sets.
Embaralham-se as cartas e, sem olhar, viradas para baixo, arruma-se cada série de 23 ou 26 letras uma abaixo da outra, de modo a poderem ser viradas durante o jogo.
O objetivo do jogo é formar duas as séries de alfabetos (respeitando os dois diferentes tipos), uma acima, outra abaixo.
Antes de iniciar a rodada, combina-se de quem vai ser o dono de cada série (ex. a série de minúsculas será do jogador 1 e será arrumada na parte de baixo; a série de maiúsculas será do jogador 2 e será arrumada na parte de cima). Um dos jogadores inicia o jogo virando uma carta de qualquer linha (abaixo ou acima) e deve arrumá-la na série em seu lugar adequado, considerando a ordem alfabética e o combinado relativo ao dono da série. Dependendo da carta (da correspondência ao combinado inicial) o jogador a coloca na série acima ou abaixo e o outro jogador deve virar a carta que está nessa posição, checando, por sua vez, onde deverá colocá-la e assim sucessivamente, até que uma das séries se complete. O ganhador será aquele que, na combinação, era o “dono” daquela série que se completou primeiro. É um jogo de sorte apenas, mas desafia os jogadores a encontrarem o lugar exato da carta na série alfabética incompleta. Para fazer isso têm que repetir a ordem mentalmente ou apontando as cartas várias vezes, cada vez que for incluir uma carta na ordem. Eventualmente, à medida que o jogo avança, é preciso ajustar o lugar das cartas, caso tenha havido algum engano que se revela quando uma das séries vai se completando (porque as duas estão pareadas e dá para comparar).
Um outro interesse do jogo é que força os jogadores a pensar em trechos da série alfabética em vez da série toda para encontrar o lugar de uma letra, como é muito comum entre as crianças. Por exemplo, para achar onde coloca o T não precisa começar do A, mas pode começar do PQRST, caso a carta do P já esteja virada para cima. Isso é bom para flexibilizar o conhecimento da ordem.
Para jogar sozinho, o jogador faz todos os movimentos e o objetivo é formar as duas séries, não havendo ganhadores, apenas o desafio da "paciência" normal de jogos desse tipo.
Jogo ABC
Esse jogo trabalha o reconhecimento de letras, seus nomes, a série alfabética. Sua estrutura e dinâmica são de um jogo conhecido, o Tapa ou Tapão, jogado com baralhos normais, que trabalha a série numérica. Joga-se com ao menos duas séries de alfabeto (para duas pessoas) ou mais (3 ou 4 séries, para 4 jogadores). Dividem-se as cartas embaralhadas entre os jogadores, que ficarão com elas viradas para baixo na mão e as descartarão sem olhar. O primeiro jogador abre uma carta no centro da mesa e diz, simultaneamente, “A”, independentemente do valor de sua carta. O jogador seguinte vira outra carta e diz “B”, o seguinte “C” e assim sucessivamente, até o fim do alfabeto, quando se recomeça do “A”. A ordem alfabética deve ser toda "cantada" durante o jogo.
Quando a carta virada coincidir com a letra enunciada, o jogador que a virou e disse seu nome deve ficar com as cartas do monte descartado para si. Caso o jogador seguinte, pela rapidez do jogo “cubra” a carta, virando a seguinte na mesa, ele é quem leva o monte da mesa, e essas cartas entram no jogo outra vez, ficando sua mão mais cheia, mais longe de ser ganhador.
Ganha quem acabar as cartas da mão primeiro. Quando as cartas de um jogador acabarem, o jogo pode continuar para se determinar o segundo, terceiro lugar.
Variante do jogo (mais próximo ainda do jogo Tapão, com o baralho tradicional):
Quando a carta virada coincidir com a letra enunciada, todos os jogadores devem colocar a mão sobre o monte da mesa e o que a colocar por último, leva o monte para si.
Nesse caso, quando as cartas de um jogador acabarem, ele ainda estará na rodada, devendo pôr a mão quando a situação se apresentar. A enunciação da ordem alfabética segue normalmente só que os outros jogadores deverão pular aquele jogador, já que ele não tem cartas para jogar. Se, na mesma rodada em que um jogador acabou com as cartas, este for o último a por a mão sobre as cartas descartadas, ele receberá todas as cartas do monte. Um jogador apenas estará, de fato, fora do jogo quando suas cartas acabarem e ele conseguir não ser o último a por a mão sobre as cartas.
Jogo dos Pares
O Jogo dos Pares funciona como um jogo de pareamento um a um como no Mico Preto ou Fedor, só que aqui, os pares são de letras e não há sobra de carta, como no Mico. Mas pode também ter um coringa e fazer como no Mico.
Pode também, alternativamente, estabelecer pontos para a quantidade de pares formados e ver quem ganha contando os pontos (pontos de batida, ou seja, quem termina as cartas da mão primeiro; pontos por pares formados e pontos que se perde quando termina com o coringa na mão).
Numa variante do jogo dos pares, podemos proceder da seguinte forma:
O jogador seguinte poderá comprar uma carta no monte ou pegar aquela descartada pelo outro jogador no "lixo". Se não pegá-la, esta continuará na mesa ("lixo"), com a outra que ele descartar, e assim sucessivamente. Quando um jogador optar por pegar uma carta que tenha sido descartada no "lixo", deverá, também, recolher as demais cartas descartadas e não apenas a que lhe interessar, deixando apenas uma carta na mesa. Quando não houver mais cartas na mesa e no monte, o jogador deverá retirar uma carta do companheiro que estiver á sua direita, até que todos os pares estejam formados. Perde o jogo aquele que ficar com o coringa.
É isso, gente! Como eu disse, pela quantidade de letras, não dá para jogar muitos jogos de ortografia. Confeccionando um baralho com o número de letras indicados para as Latinhas de Letras - no post anterior - aí sim, podemos também jogar muitos jogos de ortografia com o formato baralho, inclusive os do post anterior e também buraco de letras!
Ganha quem terminar primeiro as cartas da mão e os outros vão sendo o segundo, terceiro lugares, como na variante acima. Pode também, como no outro, estabelecer pontos para a quantidade de pares formados e ver quem ganha contando esses pontos.
Muitos outros jogos, suas estruturas e dinâmicas, podem ser a base para jogos de letras. Com esse baralho, por exemplo, podemos ainda jogar o Jogo do Burro, ou simplesmente Burro, passando as cartas entre os jogadores até formar suas quadras.