quarta-feira, 9 de julho de 2014
Brincagem com a linguando
Oi, gente!
Vou
falar hoje sobre um poema, um poema que se oferece a deleites com a linguagem e
a explorações da língua no contexto de alfabetização. E com ele, pretendo
também mostrar que coisas simples e singelas podem esconder ricas
possibilidades de exploração, ampliando a fruição do texto.
“Quem
gosta de lixo levanta a mão” é um poema de Ricardo Azevedo, que está em um
livro chamado “Ninguém sabe o que é um poema” (São Paulo: Ática, 2005). O poema
fala sobre o lixo e seu conteúdo é apresentado de um jeito diferente,
inusitado, engraçado.
Mas
o mais interessante nele é a forma. Ricardo Azevedo propõe nesse poema um interessante
jogo com as palavras. Nele, encontramos palavras que não existem, são formadas
pela mistura de duas palavras existentes. Aparece, assim, no poema, essa espécie
de neologismos, nos quais ressoam – em suas sonoridades – palavras que evocam o universo do lixo.
Essas
novas palavras são criadas pela mistura das palavras de um par, e essa
mistura ocorre em todas as estrofes, ao longo de todo o poema. As estrofes são
sempre as mesmas, repetidas, salvo pela mudança das palavras em questão. A estrofe é sempre essa:
Quem gosta de _______
Quem gosta de _______
Quem gosta de lixo
Levanta a mão!
O
par de palavras de cada estrofe deve ser analisado de modo pareado para que se
descubram as palavras dicionarizadas que se escondem naquelas inventadas. Assim,
realizando alterações fonológicas no par, seja por trocas de fonemas/letras ou
de troca de uma sílaba inteira, as palavras se revelam:
Veja um das estrofes:
Quem gosta de cuspa
Quem gosta de caspe
Quem gosta de lixo
Levanta a mão!
Fazendo
as alterações necessárias, entre o fonema/letra U e o fonema/letra A, na sílaba inicial, ou, em
outro modo de ver, trocando as sílabas iniciais, encontramos cuspe e caspa: cus-pe e
cas-pa.
Quem gosta de caspa
Quem gosta de cuspe.
Quem gosta de lixo
Levanta a mão!
Cria-se
assim um jogo de descobrir as palavras escondidas no poema, que pode se
constituir em uma interessante atividade de reflexão fonológica e fonográfica
sobre a língua. Quer tentar? Vamos lá!
Quem gosta de lixo
levanta a mão
Ricardo Azevedo
Quem gosta de trelha
Quem gosta de traco
Quem gosta de lixo
Levanta a mão!
Quem gosta de respa
Quem gosta de rasto
Quem gosta de lixo
Levanta a mão!
Quem gosta de gruma
Quem gosta de gosde
Quem gosta de lixo
Levanta a mão!
Quem gosta de cuspa
Quem gosta de caspe
Quem gosta de lixo
Levanta a mão!
Quem gosta de mocha
Quem gosta de manfo
Quem gosta de lixo
Levanta a mão!
Quem gosta de lomo
Quem gosta de lido
Quem gosta de lixo
Levanta a mão!
Quem gosta de virme
Quem gosta de verus
Quem gosta de lixo
Levanta a mão!
Quem gosta de sabo
Quem gosta de serro
Quem gosta de lixo
Levanta a mão!
Quem gosta de mosta
Quem gosta de berda
Quem gosta de lixo
Levanta
a mão!
E
aí? Encontrou todas as palavras?
Uma
interessante abordagem da substituição de fonemas e grafemas ou de troca de
sílabas pode ser feita com as crianças na leitura e fruição deste poema, um
trabalho rico de reflexão fonológica sem e/ou com a presença da escrita. Depois
de ouvir o poema, de conversar sobre ele, de ver o quanto se descobriu só por
ler (observaram que tem palavras sem sentido? Conseguiram perceber que palavras
parecidas sonoramente poderiam ressoar naquelas lidas?), podemos explorar mais
esses pares de palavras. Inicialmente, explorar as trocas sonoras, pela reapresentação
oral das estrofes e um jogo de adivinhação das palavras “escondidas”,
misturadas. Depois, fazê-lo por escrito também, reorganizando as palavras
originais, que geraram os neologismos. Dependendo do grupo, pode-se fazer
diretamente pela análise do poema escrito, embora ouvi-lo e prestar atenção às
sonoridades faça parte da descoberta do enigma das palavras. E aliás, poemas têm
a ver com sonoridades, não é? Então vamos explorar nos poemas essas sonoridades
oralmente e não apenas mentalmente, via escrita, via leitura silenciosa, “pelos
olhos”...
A
repetição das estrofes facilita também a leitura das crianças, que precisam
identificar apenas as palavras finais dos dois primeiros versos, já que as
outras se repetem sempre. Assim, leituras compartilhadas são favorecidas.
Listar
as palavras, os pares, brincar com elas armando-as com letras móveis e fazendo
suas mudanças, inventar outras estrofes, com outras palavras e suas misturas,
criar um poema novo com mesma estrutura, mas novas misturas e novo conteúdo (que
não o lixo), conversar sobre o lixo e sobre essas palavras e o porquê de
estarem associadas a lixo no poema, enfim, essas e tantas outras coisas podem
ser feitas para durar brincando com o poema de Ricardo Azevedo, ampliando sua
fruição, explorando sua riqueza em termos das astúcias da linguagem que revela
e explora.
O
autor é craque em brincar com a linguagem, criar obras poéticas diferentes, lúdicas,
fugindo de utilitarismos, da previsibilidade. Aqui ele inova com algo simples e
apresenta, por trás da repetição, um poema delicioso e cheio de surpresas!
Inté!
terça-feira, 24 de junho de 2014
Sons, sons, sons!!!
Se vocês ainda não sabem, eu adoro
onomatopeias... Um dia ainda conto sobre isso, como elas apareceram na minha
tese, e aprofundo sobre como as penso na alfabetização. Por ora, digo que elas representam não um referente externo, mas apenas sons - elas apenas evocam esse significado. E isso é fantástico para as crianças poderem prestar atenção na dimensão sonora e tentar refletir sobre os sons das letras no contexto dessa palavra diferente...
Tanto nas brincadeiras orais quanto por escrito, as onomatopeias são ótimas para a alfabetização inicial, pois compreender o que é a escrita alfabética depende, inicialmente, de as crianças suspenderem o significado das palavras e as conceberem como uma sequência de sons. Ou seja, as onomatopeias chamam a atenção para a dimensão sonora da língua e, quando escrita, por referirem a sons, favorecem que se preste atenção ao significante, não ao significado. Assim, não são palavras propriamente (mas podem virar, como em "o tiquetaque do relógio), mas uma classe especial de "palavras", alguns dizem que a onomatopeia é um signo relativamente motivado – não apenas arbitrário, pois busca uma imitação do som que representa.
A primeira experiência das crianças com a linguagem é via estrato sonoro da língua. Seja ouvindo a conversa cotidiana, seja ouvindo o que Claudemir Belintane chama de "manhês" - a fala terna com que nos dirigimos aos bebês -, seja através dos acalantos, que embalam os pequenos e os recebem no mundo da cultura e da linguagem, seja ainda através dos brincos que inauguram o brincar com o corpo e a linguagem. Do útero às primeiras experiências infantis, lá está a linguagem, lá estão onomatopeias. E as onomatopeias seguem sendo só sons, para brincar com a linguagem, à medida que as crianças crescem... Na tradição oral as onomatopeias aparecem em cantigas e parlendas, mas muitas vezes o que trazem são sons sem sentido algum, que não se constituem em onomatopeias fixadas, já reconhecidas socialmente. São apenas resquícios de palavras, por vezes de outras línguas.
Mas elas também aparecem na escrita. Livros de literatura e tirinhas/HQs, que trazem onomatopeias e outras referência que focam nos sons das palavras, são muito interessantes no processo bem inicial de alfabetização. Fiz, inclusive, um material que é com onomatopeias, composto de cartas com a escrita de seus sons e cartas com representações figurativas associadas a eles.
Tanto nas brincadeiras orais quanto por escrito, as onomatopeias são ótimas para a alfabetização inicial, pois compreender o que é a escrita alfabética depende, inicialmente, de as crianças suspenderem o significado das palavras e as conceberem como uma sequência de sons. Ou seja, as onomatopeias chamam a atenção para a dimensão sonora da língua e, quando escrita, por referirem a sons, favorecem que se preste atenção ao significante, não ao significado. Assim, não são palavras propriamente (mas podem virar, como em "o tiquetaque do relógio), mas uma classe especial de "palavras", alguns dizem que a onomatopeia é um signo relativamente motivado – não apenas arbitrário, pois busca uma imitação do som que representa.
A primeira experiência das crianças com a linguagem é via estrato sonoro da língua. Seja ouvindo a conversa cotidiana, seja ouvindo o que Claudemir Belintane chama de "manhês" - a fala terna com que nos dirigimos aos bebês -, seja através dos acalantos, que embalam os pequenos e os recebem no mundo da cultura e da linguagem, seja ainda através dos brincos que inauguram o brincar com o corpo e a linguagem. Do útero às primeiras experiências infantis, lá está a linguagem, lá estão onomatopeias. E as onomatopeias seguem sendo só sons, para brincar com a linguagem, à medida que as crianças crescem... Na tradição oral as onomatopeias aparecem em cantigas e parlendas, mas muitas vezes o que trazem são sons sem sentido algum, que não se constituem em onomatopeias fixadas, já reconhecidas socialmente. São apenas resquícios de palavras, por vezes de outras línguas.
Mas elas também aparecem na escrita. Livros de literatura e tirinhas/HQs, que trazem onomatopeias e outras referência que focam nos sons das palavras, são muito interessantes no processo bem inicial de alfabetização. Fiz, inclusive, um material que é com onomatopeias, composto de cartas com a escrita de seus sons e cartas com representações figurativas associadas a eles.
As onomatopeias merecem um capítulo à parte...Para os maiores, nos mangás, se ampliam e ampliam muito as possibilidades de leitura. Mas por ora vou só falar de alguns livros interessantes que as trazem, com foco nas crianças pequenas e em fase de alfabetização. Seguem algumas dicas!
O livro “Dorminhoco” é muito bacana, meu filho adorava lá pelos 4 anos. Também fiz um material a partir dele, que traz as onomatopeias da história na caixinha do material, para organizar com os bichos que as emitem. Outra caixinha vai sair, feita com as onomatopeias do livro “Você pegou o meu ronrom?”.
O livro “Dorminhoco” é muito bacana, meu filho adorava lá pelos 4 anos. Também fiz um material a partir dele, que traz as onomatopeias da história na caixinha do material, para organizar com os bichos que as emitem. Outra caixinha vai sair, feita com as onomatopeias do livro “Você pegou o meu ronrom?”.
Palavrinha ou palavrão é outro livro bem interessante, cuja
história é acompanhada de várias onomatopeias e, no fim, lança-se o desafio de
lê-lo novamente, mas só as palavras onomatopaicas. Dá para recontar a história
pelas onomatopeias. Muito bacana!
Mas também tem livros de poesia!
O livro "Tantos Barulhos", de Caio Riter, da Editora Edelbra, tem lindas ilustrações de Marina Schreiner. E tem até poema que fala do próprio barulho que tudo faz!
O livro "Tantos Barulhos", de Caio Riter, da Editora Edelbra, tem lindas ilustrações de Marina Schreiner. E tem até poema que fala do próprio barulho que tudo faz!
Outro livro que traz onomatopeias, dessa vez as dos animais, é o "Ki-som-será?", de Fê, Ed. Paulinas. No livro, em cada página há um animal e o som onomatopaico correspondente. E pelo som das onomatopeias, um bicho evoca o seguinte, e assim por diante, permitindo que as crianças antecipem, o bicho seguinte por seu respectivo som.
Como eu disse, as onomatopeias são palavras que não se referem a nada concreto, um significante sonoro que não se refere a algo externo, mas evoca algo pelo som, quase um signo motivado. Mas é puro som e, por isso, chama a atenção para as sonoridades... Por isso mesmo, como já argumentei, é muito bacana para a alfabetização... Já pensou pensar junto com a criança que letras devem vir para fazer o som do telefone? Triiiiiiiiiiiim!
Bom, mas essa é uma conversa para aprofundarmos outro dia.
Falo das onomatopeias para trazer um livro muuuuuuuito, mas muito, bacana que brinca com sons. É um livro diferente, não
somente de onomatopeias (mas também e muito delas), mas que traz uma língua inventada, tão inventada,
que nem precisa de tradução (o livro é originalmente italiano, mas a língua não é italiano, nem lá na Itália). Uma língua inventada (com umas parecências com diversas línguas), merece onomatopeias também inventadas, né? Então, elas não são necessariamente as já codificadas, conhecidas para certo som. O som de correr, ao que parece, é "rulba, rulba, rulba...". Não se
encontra esse livro por aqui, capaz de nem lá consegui (já tentei trazer), mas achei tão divertido e interessante que vale como experiência e
conhecimento.
Trata-se do livro Tarari Tararera (2009), de Emanuela Bussolati, uma escritora e
ilustradora italiana conhecida na Europa, com diversos livros para crianças.
Esse
livro, diz na capa, traz uma história na língua Piripù, “pelo prazer de contar
histórias ao Piripù Bibi”.
O Piripù Bibi é o mais novo da família Piripù, seres
laranja de cara arredondada, composta por Piripù Pà, Piripù Mà, Piripù Sò et
Piripù Bé, além do Piripù Bibi. Na capa são eles que estão lá, em volta do
livro, ouvindo histórias.
A história conta a aventura de Piripù
Bibi, que um dia se solta de onde o deixam quando saem para colher comida, meio
preso, mas em segurança, e se aventura na floresta, encontrando alguns seres,
nem sempre amigáveis. Até que Piripù Bibi encontra um elefante que o ajuda a
reencontrar sua família, que percebe, depois disso, que não precisam mais
deixá-lo em segurança para saírem por aí. Tudo isso é contado pela língua piripù!
É um enredo bem simples e clássico que,
junto com as ilustrações, ajuda a compreender a história, cujo principal
atrativo é ser contada nessa língua inventada. A autora conta que além do
sentido que tem na própria história - afinal são histórias não apenas sobre Piripùs, mas também para Piripùs: o Piripù Bibi! - o fato de ser escrita numa língua
inventada também permite que a história possa ser contada para crianças de todo o
mundo, sem precisar de tradução.
É uma história para ser lida aos pequenos
até 5, 6 anos, mas com certeza, se bem lida, vai agradar crianças e adultos de
qualquer idade. Os pequeninos, então, devem adorar, parece até as línguas que eles mesmos falam antes de aprender a falar sua língua materna. Lembram do desenho animado Pingu? Pois é, tem aquele efeito Pingu! ...de língua universal.
Mas o segredo está na leitura, na magia de narrar pela voz, pelo sons, pela entonação, pela graça da fala, mesmo que sem significado apreensível pelas palavras. A sequência de sons junto com as imagens – feitas pela própria autora – convidam o leitor a jogar com a entonação e as modulações da voz, com expressões faciais e corporais, para conseguir ganhar a cumplicidade dos ouvintes com a história e garantir a compreensão do todo da sequência. A mágica da leitura e contação de histórias para além das palavras!
Mas o segredo está na leitura, na magia de narrar pela voz, pelo sons, pela entonação, pela graça da fala, mesmo que sem significado apreensível pelas palavras. A sequência de sons junto com as imagens – feitas pela própria autora – convidam o leitor a jogar com a entonação e as modulações da voz, com expressões faciais e corporais, para conseguir ganhar a cumplicidade dos ouvintes com a história e garantir a compreensão do todo da sequência. A mágica da leitura e contação de histórias para além das palavras!
Mas chega de blá, blá, blá! Para se ter uma ideia do que estou
falando, vejam os vídeos em que boas leitoras leem a história. Fantástico! Não
é em italiano, gente! É em língua piripù!!!
Isso com certeza nos ensina mais sobre a qualidade da leitura que devemos fazer para as crianças, pois além dos significados das palavras, muita coisa do sentido do texto é passada por elementos prosódicos, rítmicos, e pela materialidade da voz que lê ou conta.
Gestos, entonação, interação...e o riso é garantido! De meninos e meninas mundo a fora! Então, não podemos esquecer que nesse tipo de leitura, para crianças tão pequenas, há algo muito, muito importante, que é a relação com elas, nessa leitura. Elas ouvem, reagem, participam e o leitor captura sua atenção e reage também. Há um jogo de interpretações, o adulto com a sua, que imprime na entonação e no ritmo, as crianças com as delas, na atenção que prestam ao todo daquele acontecimento narrativo. Ou seja, trata-se de conjunto de aspectos que delineiam uma relação, uma interação com as crianças e convoca os sentidos, o corpo, outros canais de compreensão da linguagem que não apenas a verbal. O livro favorece essa interação, o que era a intenção da própria autora.
Mas se quiser ouvir uma outra versão de leitura, já que cada uma traz uma camada de possíveis entendimentos, veja essa.
Teve tanto sucesso, ganhou até
prêmio, o Prêmio Andersen do melhor livro para 0-6 anos, em 2010. Foi tão bem
aceito que Emanuela Bussolati lançou mais dois livros em língua piripù: Bada...búm (2011) e Rulba Rulba
(2013), com mais aventuras do Piripù Bibi! Uma versão desses aqui e aqui. O primeiro é sensacional, mas vale conferir esses também. Lembrando, não é italiano, heim, gente! É língua piripù, rsrsrs.
Para quem gosta de onomatopeias, foi um
achado maravilhoso e singelo. Lógico que agora estou louca para importar os três. Vamos ver
como!
Para crianças maiores (o meu é da adulta aqui mesmo) tem um volume da série de quadrinho Graphic MSP, da Maurício de Sousa Editora e Panini Comics, que é quase todo composto de onomatopeias. É uma narrativa que exige muito do leitor, pois é contada basicamente por imagens, onomatopeias e poucos diálogos entre os personagens humanos.
Trata-se do volume "Bidu: caminhos", de Eduardo Damasceno e Luís Felipe Garrocho, que conta a história de Bidu antes de ele se encontrar com Franjinha.
Essa é uma coleção em que vários autores/ilustradores criam histórias próprias reinterpretando personagens de Mauricio de Sousa e se valendo de vários estilos diferentes de desenho, traço, uso de cores... Nesse volume, os autores usam e abusam da sensibilidade para contar uma história de amizade com efeitos de luz, sombra, tons, texturas, cores pasteis. A chuva é sensacional!
Para crianças maiores (o meu é da adulta aqui mesmo) tem um volume da série de quadrinho Graphic MSP, da Maurício de Sousa Editora e Panini Comics, que é quase todo composto de onomatopeias. É uma narrativa que exige muito do leitor, pois é contada basicamente por imagens, onomatopeias e poucos diálogos entre os personagens humanos.
Trata-se do volume "Bidu: caminhos", de Eduardo Damasceno e Luís Felipe Garrocho, que conta a história de Bidu antes de ele se encontrar com Franjinha.
Essa é uma coleção em que vários autores/ilustradores criam histórias próprias reinterpretando personagens de Mauricio de Sousa e se valendo de vários estilos diferentes de desenho, traço, uso de cores... Nesse volume, os autores usam e abusam da sensibilidade para contar uma história de amizade com efeitos de luz, sombra, tons, texturas, cores pasteis. A chuva é sensacional!
Bidu e Franjinha foram os primeiros personagens de Maurício e o Bidu, o primeiro a ganhar uma revistinha própria!
Bom, por ora, é isso...
Espero que tenham gostado das dicas!
Bom, por ora, é isso...
Espero que tenham gostado das dicas!
Minha tese está recheada de onomatopeias... não tinha como não falar um pouco delas, não é?
Abraços, vupt, fui!
Lica
quarta-feira, 18 de junho de 2014
Livros de ABC
...E volto às postagens com um post com novas dicas de livros de ABC, abecedários contemporâneos que se multiplicam enormemente, com novas roupagens.
Os abecedários, as cartas de ABC
e os silabários foram utilizados para ensinar a ler e escrever nas escolas
brasileiras até meados do século XX, com um foco no aprendizado das letras, da
ordem alfabética e das sílabas. Os abecedários tinham, assim, primordialmente
uma função pedagógica.
De outro lado, a tradição oral e
alguns jogos também apresentam brincadeiras com as letras e a ordem alfabética,
a exemplo da parlenda que acompanha a brincadeira de pular corda: "Suco
gelado, cabelo arrepiado, qual a letra do seu namorado? A, B,C...Z” ou “Água
gelada, com pão e marmelada, qual é a letra da sua namorada?”. Ainda que essas
parlendas também possam ajudar a memorizar a ordem alfabética, sua função
primordial é acompanhar a brincadeira. Nesse sentido podemos dizer que é comum
o uso do alfabeto ter também funções lúdicas e poéticas.
Organizar conteúdos em forma de
alfabeto, com estratégias diversas como listas de palavras, verbetes,
repertório de determinada classe de objetos ou seres (como animais, que são
campeões em termos de organização alfabética) tem sido uma prática bem comum em
livros informativos e agora, também, em livros de literatura infantil.
Então, minha proposta é olharmos
para esses novos abecedários com novos olhos, pois eles têm aparecido no
domínio do livro para crianças que pouco a pouco se liberou do caráter pedagógico
para investir no terreno do estético, da criação, da arte literária.
Assim, no decorrer do tempo, embora
possa carregar ainda, de certa forma, sua marca de origem como manual de
aprendizagem da leitura, os abecedários encontraram novos fôlegos, outras vias para
se metamorfosear, entrar para a literatura e inscrever em cada uma das letras
que usamos para escrever um convite à poesia, ao sonho, à criação, à surpresa, ao
desvio, à beleza, enfim, à brincadeira com a linguagem. Como os gêneros de
texto em geral, os abecedários também foram se transformando com o tempo, bem
como são influenciados pela tendência contemporânea de esmaecimento das
fronteiras genéricas.
Hoje, os abecedários, ou seja, livros
organizados em forma de alfabeto, associando as letras a texto ou imagem, reaparecem
e se multiplicam nessa nova forma poética, não com uma função primordialmente
didática, mas sim literária. E com essa função estética, podem ainda ser fonte
riquíssima de boas aprendizagens sobre os signos da escrita, de forma lúdica,
gostosa e produtiva. Eles não têm necessariamente a função de ensinar as
letras, o alfabeto, mas de brincar com elas, de usar o alfabeto como pretexto
para pequenos textos literários, brincadeiras com a linguagem, motes para
criações verbais e visuais. Mas também aproximam as crianças desses signos da
escrita.
Afinal, para além da grafia das letras,
elas evocam sons, e não podemos esquecer que a matéria sonora dos textos
poéticos é também matéria riquíssima para a alfabetização, favorecendo a reflexão
sobre as sonoridades da língua. Em matéria de poesia o letramento literário se
imbrica ricamente com o processo específico de alfabetização.
Faz tempo que fiz dois posts
sobre esse tipo de livro, um com indicação de abecedários poéticos ou outros
livros de alfabeto,
e outro apresentando o material intitulado Arquivo Alfabético Poético.
E ainda teve um post introdutório sobre Abecedários.
Postei também alguns exemplos de
atividades a partir de textos poéticos desses abecedários literários, aqui e aqui.
Isso para mostrar como podem possibilitar aprendizagens interessantes que
articulam letramento literário, alfabetização e apropriação de vários aspectos
da língua.
Bom, agora trago novas dicas de
livros de alfabeto, alguns poéticos, com pequenos poemas ou enunciados poéticos
para cada letra, outros com outras estratégias, mas interessantes de algum
modo, afinal, os abecedários de hoje em dia constituem quase um gênero
específico no âmbito da literatura infantil, com características lúdicas e
estéticas, tanto em termos do texto, quanto da imagem.
Alguns abecedários parecidos com
os antigos ainda se acham, em forma de dicionário ilustrado ou de alfabeto
ilustrado, trazendo apenas algumas palavras começadas pelas letras a cada vez,
sem um rearranjo poético, sem um trabalho sobre a linguagem, mas apenas como um
repertório de palavras associadas às letras e a imagens que representam o que
as palavras expressam.
Exemplo disso é o ABC
Curumim já sabe ler (Bia Hetzel, Ed. Manati).
Outro exemplo é o Meu primeiro Bichonário (Marco Hailer, Ed. Carochinha), que traz as letras inicias e a imagem do bicho, para adivinharmos que bicho é.
Nesse caso, aproxima-se de um livro brinquedo, livro visual, mais próximo dos manuais de ABC de antigamente, mas ainda assim bonitos e com uma proposta brincante.
Dito isto, então vamos lá às
dicas de livros! Aos 16 livros indicados no post do Arquivo Alfabético Poético,
somam-se mais esses... por enquanto... Não paro de
descobri-los por aí...
Uns desses eu já tenho ou conheço
faz tempo, mas não entraram no Arquivo Alfabético, outros fui encontrando de lá
para cá. Alguns já tenho, outros estão na lista de desejos, mas já vi na
livraria ou na mão de alguém, outros foram indicados, mas ainda não vi.
Entretanto, as indicações são de livros bacanas, pois tem muitos outros por aí
nesse estilo, mas sem a qualidade que penso que devem ter.
Uns desses livros exploram mais
os sons das letras, outros as palavras iniciadas com cada uma delas, uns
investem no formato das letras, outros usam as letras como iniciais de palavras
que são apenas motes para o texto.
O livro Deu zebra no ABC, de Fernando Vilela (Pulo do Gato) vai emendando um animal no outros de forma divertida.
Assista aqui a leitura dele e há também um vídeo bacana do autor contando como fez o livro. Tem um livro interessante que brinca com essa ideia de bicho chamando outro, mas não é livro de alfabeto...o que vai chamando o próximo bicho é uma parte de seu corpo e uma espécie de adivinha, ou ao menos de dica que é dada. Chama "Os bichos também sonham", é bem legal!
Dois livros maravilhosos são: o Alfabeto escalafobético (Claudio
Fragata e Raquel Matsushita, Ed. Jujuba) e o ABC Doido (Ângela Lago, Ed. Melhoramentos). O Alfabeto
escalafobético é fantástico, unindo imagem e
grafia, sentido e letras. O ponto de partida das ilustrações é o próprio
desenho da letra. Em muitas é o próprio desenho tipográfico que comanda a cena tanto
nas ilustrações quanto no textinho que acompanha cada letra, mas nem sempre é o
principal. Veja o da letra i...
Já o Alfabeto Doido é tão doido que começa pelo fim, pelo Z! Cada letra
é apresentada a partir de uma espécie de adivinha, que brinca com as palavras, decompondo-as,
recompondo-as, criando deliciosos enigmas. E virando a página, a resposta!
O que é, o que é?
Responda sem demora
O rouxinol tem
dentro,
E a xícara...do lado
de fora?
A letra X
Como começa pelo fim, é mais
desafiante saber a letra seguinte no alfabeto de trás pra frente, que faz a
gente ter que pensar um pouco para responder e para compreender o sentido da
resposta. Por exemplo, podemos até conseguir responder a adivinha por saber que
se trata da sequência alfabética e que, de trás pra frente, depois do V vem a
letra U, mas pense que para entender a brincadeira, precisa de algo a mais,
como nessa do U:
Pode gritar já, sem
dó:
O que é que a
assombração
Usa seis e de uma vez
só?
A letra U (UUUUUU!)
Um de que gosto bastante é o ABC do trava-língua (Rosinha, Editora
Do Brasil). Para cada letra versinhos que lembram trava-línguas populares, um
para cada letra, cada letra aparecendo em aliteração (sons consoanantais) ou
assonância (sons orais das vogais) provocando “travas” na língua e desafinado o
leitor. Muitos desses pequenos textos vêm em forma de quadrinhas – outro gênero
poético, de forma fixa, diferente do trava-língua, que pode ser mais livre. Mas
nem sempre são quadrinhas. Vejam dois exemplos, com o R
e com o A:
O rato Romualdo
Rói o rei, rói a
rainha
Rói a roupa do Romeu
Rói as rendas da
Rosinha.
A ararinha assanhada
Adora andar arrumada
Arruma a saia
amassada
Alinha a blusa
azulada
Amarra a rosa dourada
Arrasta a turma
animada.
Já o Abecedário dos bichos (Klévisson Viana,
Ed. Edelbra) é um abecedário em forma de cordel. Cada estrofe, que vem na forma
métrica própria a esse gênero, traz um repertório de animais começados com a
letra em questão. Por vezes, quando há muitos bichos iniciados com aquela
letra, as estrofes trazem os nomes dos bichos organizados de forma sonoramente
interessante, para conseguir o efeito da forma, da métrica e das sonoridades
próprias ao cordel, e por vezes trazem pequenos textos sobre o animal ali referido. E tudo isso ilustrado
por xilogravuras, técnica de gravação bem comum nos folhetos de cordel.
Aliás, bichos e alfabeto parecem
que têm um longo namoro, pois sempre tem livros que os unem.
Assim são também o
ABC da Bicharada (Glaucia de Souz,
Ed. Prumo), o Abc e outros bichos
(Mario Bag, Ed. Ao Livro Técnico) e o Meu
primeiro bichonário (Marco Antonio Almeida Hailer, Ed. Carochinha), que já
citei aqui no post, fazendo coro com outros de bichos que já foram indicados
antes (no post do Arquivo Poético Alfabético tem uma lista dos livros), como o Bichodário
(Telma Guimarães, Ed. Escala) e o Bichionário (Nilson José Machado, Ed. Escrituras).
Esse de Mario Bag, o Abc e outros bichos, traz pequenas
frases para cada letra, contendo palavras iniciadas pela letra em questão, além
daquela referente ao animal representante daquela letra. Esse livro já está no Arquivo Alfabético Poético, mas não sei porque, acho que não entrou na lista dos livros no final do post. Então retomo-o aqui.
Já o ABC da bicharada traz uma quadrinha para cada animal, representante
de cada letra. Para a letra B, o besouro:
No ouvido de uma flor
Um zumbido brilha
ouro
Seja frio ou calor
Vem voando o BESOURO.
As quadrinhas exploram as rimas, o ritmo próprio a esse gênero e traz o nome do bicho em letras maiúsculas, o que pode favorecer as leituras e pseudoleituras das crianças.
Além do Bichonário citado, do Marco Hailer tem também o Um mundo chamado alfabeto
(Ed.Carochinha), em que cada letra traz um repertório de palavras, mas também
pequenos textos poéticos geralmente textos da tradição oral como parlendas,
cantigas e trava-línguas.
No ABC da criançada (Soraia Vasconcelos, Ed. Miguilin), a autora faz
poemas com os nomes de crianças iniciados por cada letra do alfabeto. Geralmente são poemas mais longos, contendo outras palavras começadas pela letra em questão.
É um mote
bacana para construir pequenos poemas com os nomes das crianças de uma turma e
organizá-los em ordem alfabética. Aliás, as ilustrações são feitas por crianças!
Um abecedário diferente, que parece bem interessante, especialmente para nós aqui da Bahia (mas não apenas), é o Abecedário
Afro de poesia (Silvio Costta, Ed. Paulus). O livro traz textos
poeticamente trabalhados, embora não sejam poemas propriamente ditos, com um
rico vocabulário, de A a Z, que descende da cultura africana.
Traz palavras mais
conhecidas, integradas ao nosso dia a dia, como bagunça e xingar, outras menos usadas
fora de Estados com rica influência da cultura africana na linguagem, como a
Bahia, e outras, ainda, menos conhecidas. No final há um glossário com os
termos citados e suas significações.
Além de conhecer mais a cultura africana, a origem de palavras que usamos e sua forte presença no nosso léxico, o leitor pode também ampliar seu vocabulário. Ainda não vi o livro, mas adianto um exemplo, com a letra A:
Além de conhecer mais a cultura africana, a origem de palavras que usamos e sua forte presença no nosso léxico, o leitor pode também ampliar seu vocabulário. Ainda não vi o livro, mas adianto um exemplo, com a letra A:
“A azoeira estava pronta:
gente na casa que ninguém dava conta. Por sobre a toalha a enfeitar a mesa
posta, o abará em porção, num grande
tacho, pra saciar quem quisesse. E ainda, mais abaixo, recém-chegado da fervura
numa travessa que dava gosto, o acarajé
em fartura. Do lado oposto, pra acompanhar, reluzia quase dourada uma jarra
carregada de aluá. Mas não se dê por
saciado. Veja só o que vinha por lá: Num abadá
todo florido, espalhando axé com sua presença, Dona Florença, a dona da festa,
carregava o seu tesouro; o melhor angu que
já veio de Angola. Antes da ceia, num ritual, o afoxé se antecipou. Feito um som que lembrou um sino, o agogô deu um aviso: a festa afro
começou”.
Engraçadíssimo, como o nome já
diz, é o Abecedário Hilário (Nani, Ed.
Hedra). Cada letra gera um texto composto basicamente de palavras
começadas pela letra em questão, quase como um trava-língua. O textinho da
letra D, por exemplo:
Dado
Doado a
Dorival foi
Devolvido
Devido a
Dar o
Dois
Duas vezes.
No Letra de forma (Laura Texeira, Ed. Hedra) a autora brinca com palavras
e com a forma das letras... isso porque traz pequenos textos poéticos que fazem
alguma referência, de modo mais direto ou indireto, às formas das letras, seu
desenho. A ilustração, assim, completa muito o sentido, pois por vezes é na
imagem que captamos a relação do traçado da letra com o que o texto diz. O G,
por exemplo, mostra a letra de gravata borboleta carregando no seu traço
horizontal um prato, e diz:
Adivinhe qual é
A profissão do G?
Ele serve uma comida
muito gostosa.
Já o J, em forma de anzol,
mergulha em um mar de letras e diz:
O que será que o J
Preparou para o
janta?
Já sei! Sopa de
letrinhas!
A Editora Edelbra apresenta três livros de alfabeto poéticos, da Gláucia de Souza, um com frutas, outro com
flores e um com o tema do futebol. Não vi esse último ainda, mas o do pomar e do jardim são bem bacanas, dá vontade de ir pensando nomes de frutas e flores com todas as letras e fazendo novas quadrinhas para eles. São
eles Um pomar de A a Z e Um jardim de A a Z.
O do futebol é o Uma partida de A a Z...e tem como autor
também o Marcelo Pizarro Noronha. É, futebol ainda é mais uma coisa de meninos...rsrsrs!
Não conheço, não vi o texto, mas tirando pelos outros da coleção, talvez seja legal.
Um livro diferente é o Alfabeto Perigoso (Neil Gaiman, Ed. Rocco - Pequenos leitores). É um abecedário de terror! É um livro ilustrado, com a imagem meio sépia do ilustrador Gris Grimly.
Duas crianças e
sua gazela de estimação entram com um mapa em um mundo subterrâneo
desconhecido, onde habitam monstros, fantasmas e outras criaturas estranhas.
Cada letra traz estranhezas diferentes que criam a atmosfera subterrânea do livro.
São assim 26 versos alfabéticos e tenebrosos a desvendar!
No mesmo tema, mas mais para
engraçado, o Alfabeto assombrado
(Flávia Muniz, Ed. Girassol), por sua vez, é mais simples, e traz quadrinhas inventadas para cada letra que são iniciais de seres ou coisas mais ou menos assombradas: caveiras, fantasma, vampiro, ogro, jiboia, King Kong...
Simples, mas divertido. Vejam o E de esqueleto:
O esqueleto, quem diria,
não tem banheiro pra usar,
De menino, de menina?
Em qual ele deve entrar?
Da mesma autora tem o Números Assombrados, que
traz uma espécie de tangolomango com os números de 10 a...(zero, será?).
Indiquei este no segundo post do Tangolomango.
Outro estilo é o livro Alfabeto (Ed. GG - Espanha), que, na verdade, traz a arte da artista
plástica e designer gráfica Sonia Delaunay acompanhada de cantigas e parlendas
brasileiras.
As letras do alfabeto dançam em um baile de cores vibrantes, um
misto de livro alfabeto e livro de arte. Em cada língua que o livro foi
traduzido, escolheram cantigas e parlendas próprias à cultura oral daquele país
ou criadas por um autor. No original em francês, o livro traz textos escritos
por Jacques Damase, que lembram parlendas, cada uma fazendo uma ligação com a
letra em questão.
Um livro bem diferente, que traz
o gênero anúncio de jornal (classificados), é o ABC Procura-se (Gwénola Carrère, Ed. Edelbra). A cada letra do
alfabeto temos um nome próprio que é o nome do bicho – novamente animais! – que
está a procura de alguma coisa. Por exemplo, na letra A, de Aline, uma
tarântula, diz:
“Jovem tarântula solitária
procura amigos. Adora jantar em boa companhia. Escrever para a Caixa postal n
456”.
No B, de Bruno, que é um bicho
que não dá para saber qual é, diz: “Todas as quartas-feiras, espero vocês na
minha casa para jantar. Cardápio surpresa!”
O interessante é que um vai se
ligando ao outro por algum elemento do texto, Aline pode jantar com o Bruno, o
Bruno puxa a Carol, que diz “Surpresa sou eu! Animadora profissional, alegro
suas noites. De hoje em diante, TV desligada”. Aí o próximo puxa algo com TV, e
alinhava com livros, o próximo puxa livros e fala numa fábrica de papel, que
puxa uma funcionária de uma fábrica de papel. Assim, o alfabeto de bichos e
anúncios vai sendo todo interligado.
A ideia é muito legal! Dá para fazer brincadeiras com classificados e até tentar fazer um ir puxando o outro também. Para ler todo e uma só vez, talvez seja muito, mesmo sendo textinhos pequenos. Mas lido aos poucos, restabelecendo os "links" a cada vez, explorando os anúncios, acho que promete alguns momentos de deleite.
A ideia é muito legal! Dá para fazer brincadeiras com classificados e até tentar fazer um ir puxando o outro também. Para ler todo e uma só vez, talvez seja muito, mesmo sendo textinhos pequenos. Mas lido aos poucos, restabelecendo os "links" a cada vez, explorando os anúncios, acho que promete alguns momentos de deleite.
Por fim, o livro A turma do ABC (Fátima Miguez, Ed. Nova
Fronteira), na verdade, não se organiza em ordem alfabética. Ele traz
brincadeira com as palavras, especialmente a troca de letras ou apenas juntar
várias palavras iniciadas com a mesma letra em uns versinhos.
Dois exemplos:
Troco o L de lama
Pelo F de fama
O C logo reclama
Seu lugar na cama.
O Z de zoada
Faz muita zoeira
Prefiro o T de toada.
É som de primeira.
Outros tantos livros de alfabeto
podemos encontrar em edições portuguesas. Chamo a atenção a três deles. Um tem
o título idêntico ao do nosso abecedário poético de Elias José, referido no
post sobre o Arquivo Alfabético... É O
que se vê no abc (Dafne W. Rocha e Danuta Wojciechowska, Ed. Caminho).
Os outros são O Livro das Letras (António Mota e Elsa Fernandes, Ed.
Gailivro) e O Hospital das Letras (José Jorge Letria, Portugália Editora). Outro
do Letria já fazia parte do Arquivo Alfabético, O Alfabeto dos Bichos (mais bichos). O do Hospital traz textos como A Otite do O e coisas do gênero. Interessante!
É isso, minha gente... são infinitas as possibilidades de brincar com esses livros, suas rimas, outras sonoridades, seus desafios, seus jogos de linguagem. Espero que tenham gostado das dicas... São modos belos de apresentar as letras, o alfabeto, junto à riqueza da linguagem e da literatura. Outros livros sempre poderão via a se juntar a esses. O acervo pesquisado já conta com mais de 30 livros de ABC!
Aliás, revendo os outros posts de abecedários, percebi que não apresentei todos os livros do Arquivo Alfabético, só alguns no post sobre livros de alfabeto, mas nem todos os que aparecem listados no post do Arquivo. Quem sabe retomo-os depois, para apresentar como fiz com esses aqui, não é?
Aliás, revendo os outros posts de abecedários, percebi que não apresentei todos os livros do Arquivo Alfabético, só alguns no post sobre livros de alfabeto, mas nem todos os que aparecem listados no post do Arquivo. Quem sabe retomo-os depois, para apresentar como fiz com esses aqui, não é?
E com certeza, há muitos outros e muitos que ainda vão chegar!
Abraço,
Lica
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