quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Histórias Acumulativas

Oi, gente,

Se há um tipo de história de interesse quase unânime entre as crianças, são as histórias com repetição e acumulação. Desde as pequeninhas até as maiores, lá pelos 6, 7 anos, essas histórias encantam, prendem, provocam o riso e a graça. As crianças adoram histórias e brincadeiras que contêm elementos que se repetem, que são retomados.

O ritual, a repetição, o reconhecimento de situações, objetos, são elementos importantes para a criança pequena e seu aprendizado. Elas gostam de rever, refazer, repetir, redizer. Com a linguagem se dá a mesma coisa. Os jogos de linguagem nos quais aparecem elementos repetitivos são muito apreciados, por trazerem esse reconhecimento de formas à criança. Mesmo em relação às maiores, o reconhecimento de um elemento que já foi trazido, dito, mostrado, repetindo-o, acumulando-o, recriando-o, recontextualizando-o e mesmo torcendo-o do avesso, provoca graça e prazer, e esses são recursos usados em narrativas contemporâneas diversas, verbais ou audiovisuais, que buscam uma cumplicidade lúdica e inteligente com os leitores-espectadores.

Mas há no repertório narrativo, seja tradicional ou contemporâneo, histórias que se estruturam essencialmente pela repetição. Nesses casos, reencontrar uma mesma situação várias vezes na história e encontrar a recorrência dos enunciados, além de promover um prazer especial à criança, pelo retorno do conhecido, o reconhecimento, favorece a compreensão da história, a apropriação de sua estrutura e a memorização do enredo e mesmo do próprio texto. Esses gêneros agradam aos pequenos leitores pelo caráter repetitivo-acumulativo de fatos, situações e enunciados presentes no enredo. E suas características são muito produtivas na aprendizagem da leitura.

A cultura popular é rica em contos desse tipo e são contos essencialmente de tradição oral, quer dizer, em princípio, nascem em culturas orais, sendo constantemente criados e recriados. Foram e são, por um lado, preservadas ao longo do tempo através da narração oral e da memória – recursos típicos de culturas que não dispõem da escrita – e, por outro lado, por isso mesmo, sofreram e sofrem modificações que dão origem a várias versões. Assim, ainda que os contos populares sejam registrados por escrito, retomados em recontos autorais ou reelaborados em versões autorais contemporâneas, continuam marcados pela narrativa oral, pois mantêm características próximas à oralidade. Como diz Ricardo Azevedo (2008), o escritor aí escreve como quem fala e o leitor lê como quem ouve.

As histórias com repetição caracterizam-se por apresentar uma estrutura que contém sequências recorrentes, ou seja, que se repetem ao longo da trama. Falas, eventos e ações se repetem. Esse movimento repetitivo da estrutura do texto pode se apresentar de forma mais ou menos articulada, dando uma ideia de encadeamento. Geralmente essa recorrência se dá de maneira curiosa e divertida, ressaltando o caráter de brincadeira desse tipo de história. Há histórias em que a repetição se dá em todo o texto, como a história “Bruxa, Bruxa, venha a minha festa”, e outras em que a repetição se dá em situações mais pontuais, em certo trecho da trama, como em “O Grúfalo”. No primeiro caso, quando a essência da história é a repetição de frases, palavras, trechos, a leitura autônoma pelas crianças é bastante favorecida.

Muitas vezes, nessas histórias essencialmente repetitivas, mais do que o enredo em si, importam os recursos linguísticos que seus autores utilizam para criar essa forma lúdica de organizar a linguagem, com um ritmo especial e muitos jogos de palavras. Os acontecimentos ocorrem numa sequência linear que sempre repete ou retoma, de algum modo, uma situação ou evento anterior e, muitas vezes, no fim, ou retoma-se o início da narrativa, fechando-se o círculo, ou inverte-se algum elemento, ou há uma saída surpresa da sequência de repetições.

São muitas as histórias de repetição, tanto na tradição oral, quanto na literatura contemporânea, como “A galinha Ruiva”, “Dona Baratinha”, “Bruxa, Bruxa, venha a minha festa”,“Qual o sabor da lua?”, “Os bichos também sonham”, “O rei bigodeira e sua banheira”, “Quer brincar de pique-esconde?”, algumas delas bem conhecidas e já citadas no blog. Algumas trazem enredos mais complexos e a repetição é menos cadenciada, mais pontual, como em “O que tirou o sono dos animais?”, “O Grúfalo”, “Macaco Danado”, “Você pegou o meu ronrom?”, dentre muitas outras. Ou seja, algumas dessas histórias com repetição, além de excelentes jogos de linguagem, também trazem um enredo delicioso. Em outras, é a brincadeira com a repetição e com a linguagem que constitui a essência do texto.

A repetição nas histórias pode se dar por justaposição de situações, de enunciados, quando um ou alguns personagens realizam ações sucessivas que se repetem, pode se dar por acumulação, daí as histórias acumulativas, e pode se dar por subtração, como no caso dos tangolomangos e afins. Vamos ressaltar aqui as histórias acumulativas, na fronteira com as repetitivas por justaposição e, em posts seguintes, falaremos dos tangolomangos.

Nas histórias acumulativas, a repetição de um mesmo evento se dá, assim, por acumulação. Além dos eventos ou alguma situação ou situações semelhantes se repetirem várias vezes – bem como o modo como são expressos pela linguagem – esses eventos, situações e os enunciados que os expressam, vão se acumulando sucessivamente, até que a história se inverte ou surpreende com alguma situação inusitada, que quebra o redemoinho que vem acumulando coisas no caminho, e leva ao desfecho. Geralmente, uma mesma ação é realizada por diversos personagens ou, a cada um que chega, uma ação diferente voltada para um mesmo fim é proposta, ou ainda uma ação desencadeia outras, que são exigidas para que a anterior seja possível, e assim sucessivamente. São narrativas cadenciadas, encadeadas, humorísticas, divertidas, algumas se valem do nonsense, da quebra repentina de sentido lógico. Também nas histórias acumulativas, frequentemente, o jogo de palavras é mais importante do que o aspecto narrativo propriamente dito, prevalecendo o aspecto lúdico. Há narrativas desse tipo que são versificadas, outras não.


Para Luis da Câmara Cascudo, pesquisador muito importante da literatura oral brasileira, o que define os contos acumulativos é o fato de que os episódios são sucessivamente articulados, as fases temáticas consecutivamente encadeadas. No “Dicionário do Folclore Brasileiro” ele diz que são “narrativas em que as palavras ou os períodos são encadeados, articulando-se numa longa seriação”. Assim, além da acumulação em si, o encadeamento é essencial a esse gênero.

Desse modo, embora nesses exemplos de histórias com repetição acima, as situações e enunciados repetidos não se acumulem, algumas delas também ressaltam o caráter acumulativo e são, por vezes, inclusive, considerados como tal, devido a sua estrutura encadeada. A estrutura aí é repetitiva, havendo a recorrência de uma mesma situação ou situações semelhantes, sem se acumularem a cada passagem, sem repetir, no enunciado, a situação anterior. Algo, de fato, pode ser retomado para seguir – veja o exemplo dos personagens de Bruxa, Bruxa, sempre retomados para serem convidados à festa. Mas cada situação não vai, de fato, sendo acumulada no texto, a cada passagem. A presença da repetição, em muitas histórias com repetição, dá a ideia de que os personagens estão interligados. Por esse motivo, nem sempre é tão simples diferenciar as histórias com repetição e as histórias com acumulação. O modo de encadear pode fazer toda a diferença. Contos como “O Macaco e o rabo”, “O Macaco que perdeu a banana”, “A Formiguinha e a Neve”, bem como livros de literatura infantil como “A Casa Sonolenta” e “O Nabo gigante” são acumulativos. É bom lembrar que as histórias acumulativas são, de qualquer modo, um tipo especial de história com repetição. 

É interessante ressaltar que numa história acumulativa como “A Casa Sonolenta”, as novas personagens e ações vão se agregando à trama, numa sequência recorrente, porém, estas não marcam a ideia da repetição de um mesmo evento, como em “A galinha ruiva” e “Dona Baratinha”, consideradas histórias de repetição, não de acumulação. É a essência da acumulação que está aí em jogo, como em muitos contos cumulativos tradicionais.


Um exemplo muito interessante dessa fronteira meio fluida entre contos de repetição e contos de acumulação é a história “A velhinha maluquete”, de Ana Maria Machado, que é uma narrativa bem-humorada, com muita sonoridade e nonsense, de uma velhinha que quer fazer com que os bichos de uma fazenda inteira caibam num cesto de balão. Considera-se que a história remete aos contos cumulativos da tradição popular, pois os personagens vão sendo acrescentados, há a repetições de motes de pergunta e resposta e apresenta-se um encadeamento sucessivo de uma mesma sequência de falas e ações, que caracterizam sua natureza cumulativa. O que se acumulam mesmo são os personagens, que vão se amontoando dentro do balão, no espaço apertado do cesto. Há um encadeamento, mas não há a retomada de cada situação para apresentar a próxima. No final dessa história, tem uma passagem semelhante à da “Casa Sonolenta”, quando todos começam a acordar:

“Daí começou a confusão inteira. Porque acertou foi no cavalo...
...que se assustou e deu um coice na cabra,
...que se assustou e deu uma marrada no cachorro,
...que se assustou e deu uma mordida no gato,
...que se assustou e deu uma patada no rato,
...que se assustou e começou a roer tudo no balão.”

Se analisarmos as ações e as falas dos personagens ao longo do texto, no entanto, diferentemente de “A Casa Sonolenta”, são expressas por enunciados que se repetem sempre, a cada personagem, sendo a estrutura mais próxima da de “Bruxa, Bruxa” – considerados por alguns como uma história de repetição – do que da estrutura de “A Casa Sonolenta”, que é claramente acumulativa. Essas frases, repetidas a cada personagem que chega, são:

"-Posso ir junto ?"
"-Poder, pode, mas trate de se comportar."

As ações se repetem, as frases (perguntas e respostas) também, mas não há acumulação de ações e enunciados. Entretanto, o caráter acumulativo se deve, nesse caso, ao encadeamento das ações e à acumulação dos personagens à medida que o texto avança. E esse encadeamento parece ser, de fato, característico de contos acumulativos.

Ou seja, há contos acumulativos cuja acumulação é expressa pelas ações e pelos enunciados que vão sendo acumulados e não apenas repetidos, e há contos acumulativos cuja acumulação é expressa apenas pelo encadeamento sucessivo das ações e enunciados, ao acréscimo sucessivo de personagens. Desse modo, podemos compreender porque uma história como “Bruxa, Bruxa” e “Qual o sabor da lua” são, por vezes, classificadas como acumulativas – e não apenas repetitivas – e porque, por vezes, é difícil definirmos se é uma coisa ou outra. No livro “Uma viagem desastrada e outros contos cumulativos”, de Zuleika Prado, a maioria dos contos tidos como cumulativos são de estrutura repetitiva, por vezes encadeada, mas apenas um, intitulado “O Paiol” tem, de fato, acumulação dos enunciados, como nos contos cumulativos tradicionais de macaco e em “A Casa Sonolenta”.


Além disso, os contos acumulativos podem apresentar uma acumulação ao avesso, ao contrário, na medida em que ações, eventos e personagens vão sendo retirados de cena, um a um, até o final, diferente da história, já citada, “A Velhinha Maluquete”, em que os personagens vão sendo acrescentados um a um. É o caso do conto “Uma viagem desastrada”, presente no livro de mesmo nome, de Zuleika Prado, em que os animais vão, de um a um, saíndo da carroça em que estavam amontoados. Seguindo essa mesma ideia de conto cumulativo ao contrário (repetitivo e encadeado) entram os Tangolomangos (do qual falaremos em outro post). Nesses casos, há repetição de enunciados e situações, sem acumulação de enunciados, mas o encadeamento e a sucessão enumerativa, na ordem decrescente, garantem o caráter cumulativo das narrativas.

Os contos de repetição e os acumulativos estão presentes nas narrativas da tradição oral de várias culturas. Na origem, os contos acumulativos, cumulativos ou enumerativos, também conhecidos como contos de encadear, lengalengas, giros ou parlendas longas, pertencem à classificação dos contos populares, de tradição oral, mas sua estrutura aparece hoje em muitas obras de literatura infantil e em outros gêneros que não contos.


Cascudo propôs doze tipos de contos em seu livro "Contos Tradicionais do Brasil" e registrou dois contos acumulativos: “O Menino e a avó gulosa” e “O Macaco perdeu a banana”, referindo-se também, em nota, ao “Macaco e o rabo”, ao “O Macaco e o Confeiteiro” e ao “O Macaco e a Viola”, dentre outros, registrados por outros folcloristas. É interessante notar que esses contos de macaco, por exemplo, dialogam também com os contos tradicionais de animais, como os de macaco, onça, bode, etc. Isso justamente porque as classificações consideram por vezes o critério temático e por vezes critérios formais, estruturais, inclusive misturando-os em uma mesma categorização, como é o caso da de Cascudo. Assim, seria natural que determinados contos pudessem ser classificados em mais de uma categoria, apesar de poderem ter um aspecto mais determinante. 

No Dicionário do Folclore Brasileiro, Cascudo inclui na classificação de acumulativos também o conto “O Macaco e a espiga de milho”, semelhante ao “O Macaco perdeu a banana”. Esse conto, aliás, tem diversas versões, tradicionais ou não, e uma delas é uma versão cantada, produzida pelo programa de TV Cocoricó, no qual nem banana, nem milho, o macaco perde é um saco de amendoim. Confira aqui aqui. A Cabriola Cia de Teatro, aqui de Salvador, apresentou no espetáculo O cordel das fábulas fabulosas, uma versão da história do macaco que perdeu a banana e de um jeito que achei muito interessante. Os personagens que vão entrando na história acumulativa são representados por origamis enormes, dobrados em folhas de duplex em pleno palco (mesmo pré-dobradas, o efeito é muito bonito). São, então, pendurados em um varal para a história seguir com novos personagens-origamis. Também é interessante, pois o que faz a ajuda não vir é, geralmente, traduzido por um ditado popular. O ferreiro, por exemplo, não ajuda o macaco porque "em casa de ferreiro, o espeto é de pau", o cão não ajuda porque "cão que late, não morde" e por aí vai... Tudo costurado com muita música... 

E por falar em música, dica fantástica é o conto acumulativo "Malaquias, o macaco cismado",  outra versão do macaco que perde alguma coisa - nesse caso, um docinho. A história, contada e cantada por Tom Zé no disquinho de vinil da Coleção Taba, que você pode degustar aqui. Nesse link você pode ouvir muitas outras histórias da Coleção de disquinhos de vinil da nossa infância. Raridade! 

Os contos acumulativos são muito comuns nas Américas e em Portugal, mas aparecem no folclore de diversas partes do mundo.  Veja nota de cascudo sobre contos acumulativos em outros países, aquiMuitos contos desse gênero e em versões diversas já foram recolhidos no Brasil por diversos autores, em muitos casos de origem portuguesa ou espanhola, com acréscimos locais.

Há versões diferentes do conto sobre o macaco que perdeu o rabo, uma delas semelhante à “História da Coca” e outra semelhante a outros contos, como “A História da Pimenta” e o conto da galinha que subiu ao céu, referido abaixo. Veja essa versão do “Macaco e o rabo”:



Confiram alguns desses e outros contos aqui no site da Jangada Brasil, um ótimo site sobre cultura popular do Brasil. Nesse post tem doze contos cumulativos, mas no site sempre aparecem outros. 

Baseado em conto popular africano, temos o conto acumulativo de autoria de Tarak Hammam, com tradução do Tapetes Contadores de Histórias : “A história da galinha que subiu até o céu”. Veja-a aqui.


No livro de Ricardo Azevedo “Você diz que sabe tudo borboleta sabe mais”, podemos encontrar também o conto cumulativo “O Macaco e a goiabeira” e, no seu outro livro “Contos de bichos do mato”, mais alguns, como o conto “O cachorro-do-mato e a galinha-carijó” e “O gato e o burro”, versão parecida com o do “Macaco e o Rabo”. De fato, muitos desses contos cumulativos apresentam uma semelhança muito grande entre si e há uma variedade de versões parecidas, com estrutura muito próxima e pequenas variações, o que é próprio aos textos de tradição oral.

Entretanto, cada tipo de história acumulativa tem sua forma peculiar de acumular e encadear eventos e elementos, a depender do enredo e de sua temática. Não há uma fórmula única. 


Alguns acumulam personagens, as ações que fizeram, podendo também trazer algum qualificativo deles, como em “O nabo gigante”, em que cada animal, cuja ação é a mesma (ajudar a puxar o nabo), é apresentado com uma característica: canários amarelos, galinhas pintadas, porcos barrigudos, e assim por diante. Já em outros são as ações ou sugestões de cada um que são diversas. 

Na “Casa Sonolenta” são as ações de cada personagem que são acumuladas junto com eles: avó roncando, menino sonhando, cachorro cochilando... e por aí vai. É interessante também observar as semelhanças e diferenças nos modos de encadear as situações.  Isso mostra a variedade de elementos que, inclusive, possibilita uma variedade de modos de ler, de recontar, e de propostas e materiais que podemos pensar a partir de cada um deles. Assim, cada um pode e deve ser visto como um, embora tenha uma estrutura acumulativa semelhante.

Por vezes, nos contos acumulativos, ditos também enumerativos, há, de fato, a presença de enumeração. A acumulação das ações são acompanhadas de enumerações, como a contagem dos personagens, por exemplo. Ainda no livro “O nabo gigante”, os animais que vão ajudar a arrancar o nabo da terra são a cada vez em maior número: uma vaca, dois porcos, três gatos, quatro galinhas, cinco gansos e seis canários. No “E o dente ainda doía”, de Ana Terra, acontece a mesma coisa, bem como nos "Uma boa cantoria" e "O domador de monstros", ambos de Ana Maria Machado.

Outra coisa interessante é que, por vezes, a história agrega naturalmente partes cantadas. Na “História da Coca” o trecho acumulativo, por exemplo, é cantado:

“Lavadeira, me dê meu sabão
Sabão que a parede me deu
Parede comeu meu angu
Angu que minha avó me deu
Minha avó comeu minha coca
Coca recoca que o mato me deu”.

Alguns autores ampliam a classe dos contos acumulativos, abrangendo outros gêneros que não os contos propriamente. Na tradição oral, os contos cumulativos são conhecidos também como lengalengas e por vezes são aproximados das parlendas e trava-línguas. Assim, entrariam aí parlendas como “Cadê o toucinho que estava aqui?”, “Hoje é domingo”, “Um elefante incomoda muita gente...”, dentre outros, bem como o “Tangolomango” (falaremos dele em outro post). O próprio Cascudo, no seu livro “Literatura Oral no Brasil”, incluiu os trava-línguas nos contos acumulativos, com o que não concordam outros autores, a exemplo de Renato Almeida, no “Manual de coleta folclórica”. O autor argumenta que os trava-línguas geralmente não são narrativas, mas jogos de palavras. São, na verdade, brincadeiras com a linguagem. Alguns autores falam que os próprios contos acumulativos são como uma parlenda longa. De qualquer modo, os contos acumulativos aproximam-se das parlendas por sua estrutura repetitiva, sonora, e, muitas vezes, por parecerem de fato uma longa parlenda ou trava-língua, contada e recontada para divertir as crianças.

Cascudo diz que os contos acumulativos são contos com palavras ou períodos encadeados, ações ou gestos que se articulam numa longa seriação. As sequências narrativas se repetem e se encadeiam com acréscimos e recorrências de alguns elementos, sempre na mesma ordem, até o fim. Aproximam-se também, em alguns casos, dos "contos de nunca acabar", pois os episódios, que se articulam num longo encadeamento, parecem não ter fim. Por vezes, por certas circunstâncias, de fato não terminam ou não terminariam nunca. As histórias de nunca acabar trazem trechos, mais ou menos longos, que se repetem e/ou se acumulam, e têm como principal característica a ideia de um eterno recomeço, de um ciclo que nunca se fecha, de circularidade: a história não tem desfecho, podendo seguir indefinidamente ou volta para o começo. Um exemplo é o conto cumulativo “A Casa que Pedro fez”, que às vezes é graficamente apresentado com fontes/letras que vão aumentando à medida que a acumulação aumenta:

Esta é a casa que Pedro fez.
Este é o trigo que está na casa que Pedro fez.
Este é o rato que comeu o trigo que está na casa que Pedro fez.
Este é o gato que matou o rato que comeu o trigo que está na casa que Pedro fez.
Este é o cão que espantou o gato que matou o rato que comeu o trigo que está na casa que Pedro fez.
Esta é a vaca de chifre torto que atacou o cão que espantou o gato que matou o rato que comeu o trigo que está na casa que Pedro fez.
Esta é a moça mal vestida que ordenhou a vaca de chifre torto que atacou o cão que espantou o gato que matou o rato que comeu o trigo que está na casa que Pedro fez.
Este é o moço todo rasgado, noivo da moça mal vestida que ordenhou a vaca de chifre torto que atacou o cão que espantou o gato que matou o rato que comeu o trigo que está na casa que Pedro fez.
Este é o padre de barba feita que casou o moço todo rasgado, noivo da moça mal vestida que ordenhou a vaca de chifre torto que atacou o cão que espantou o gato que matou o rato que comeu o trigo que está na casa que Pedro fez.
Este é o galo que cantou de manhã que acordou o padre de barba feita que casou o moço todo rasgado, noivo da moça mal vestida que ordenhou a vaca de chifre torto que atacou o cão que espantou o gato que matou o rato que comeu o trigo que está na casa que Pedro fez.
Este é o fazendeiro que espalhou o milho para o galo que cantou de manhã que acordou o padre de barba feita que casou o moço todo rasgado, noivo da moça mal vestida que ordenhou a vaca de chifre torto que atacou o cão que espantou o gato que matou o rato que comeu o trigo que está na casa que Pedro fez.
(In RUIZ, Corina Maria Peixoto. Didática do folclore)


Além das parlendas, os contos acumulativos se aparentam por vezes de outras formas orais, como a cantiga, que pode também apresentar estrutura acumulativa. E mesmo as formas poéticas literárias podem beber na fonte dos contos cumulativos da tradição oral, como é o caso desse poema de Sérgio Caparelli, O Capitão sem fim, que se assemelha a uma história de nunca acabar.

O capitão sem fim

 

 No mar tem um navio,
No navio, um capitão
O capitão desce a escada
A escada vai ao porão
No porão tem uma caixa
— caixinha e não caixão —
Dentro dela, um anel
De um mágico do japão
E no jade do anel
Encontra-se, escrita a mão,
A história de um mar
De um navio e de um capitão
Que desce por uma escada
Que conduz ao porão
Onde existe uma caixa
— caixinha e não caixão —
Que tem guardado um anel
De um mágico do Japão
E no jade do anel
Existe, escrita a mão,
A história de um mar,
De um mar com seu capitão
Que está em um navio...


In: AGUIAR, Vera (Coord.). Poesia fora da estante. Porto Alegre: Projeto, 2009.



Alguns autores intitulam de “contos de nunca acabar” também as pequenas narrativas circulares, nas quais o desfecho retorna à fórmula do início, repetindo-a outra vez, sem nunca chegar ao final, como “Era uma vez... três!”, “Era uma vez uma velha atrás da ponte”, “Era uma vez uma galinha pedrês” e “Era uma vez um gato maltês”. Não são exatamente acumulativas, mas circulares e, muitas delas terminam com uma pergunta cuja resposta afirmativa remete invariavelmente ao início da história, marcando sua circularidade: “Era uma vez... três!/dois polacos e um francês./Quer que eu conte outra vez?”. Abaixo, um exemplo do livro “Era uma vez...três: histórias de enrolar”, de Regina Pamplona, que traz histórias de nunca acabar e acumulativas, assim como outros textos, trocadilhos de enrolar a língua, verdadeiros jogos de linguagem. 

“Era uma vez um rei
sentado no sofá
que pediu para a sua babá
que contasse uma história.
A história começou:
Era uma vez um rei
sentado no sofá...”

Nesse livro, aliás, além dos contos de nunca acabar, tem dois contos cumulativos, um é "A verdadeira história da Carochinha", com dois blocos de acumulação, e o outro, "O céu está caindo", versão encontrada também com outros nomes, como indico mais adiante. No mais, o livro apresenta também histórias enroladas, meio parlendas, meio trava-línguas, cujo humor decorre de jogos de palavras típicos dos trocadilhos. O livro é muuuuuito divertido!

Nota-se, assim, como o conto acumulativo dialoga com diversos outros gêneros de texto e outras formas de narrativa. Acho, entretanto, que o melhor exemplo de diálogo entre o gênero conto cumulativo e outras formas de estrutura semelhante é a canção da tradição popular “A Velha a Fiar”, também conhecida como “A Velha a Bordar”. Nessa canção os episódios são encadeados com ações e gestos que se relacionam, se repetem e se acumulam. Essa canção popular virou um filme, em 1964, do cineasta Humberto Mauro, obra que é considerado como o primeiro videoclipe brasileiro, e está entre os primeiros do mundo também. É uma versão antiga, mas muito interessante e significativa. Vale à pena conferir. A canção é executada pelo Trio Irakitã. Veja no site do Portacurtas.  

Outras versões da canção podem ser encontradas no Youtube, contadas/cantadas por contadores de histórias contemporâneos, assim como apropriadas por programas infantis, como o Cocoricó. 

Outra canção muito conhecida com estrutura cumulativa é “A Árvore da montanha”, como vocês podem conferir aqui. Essa é geralmente acompanhada de gestos.

Contemporaneamente muitos autores de literatura infantil recorrem aos contos acumulativos da literatura oral, como já dito, bebendo nessa fonte para construir suas histórias, propondo novas situações cumulativas dentro de seus enredos. A presença da tradição popular e da oralidade na literatura infantil  contemporânea, seja em verso ou em prosa, é muito contundente e se apresenta de formas diversas. No caso das histórias cumulativas, se apresentam, por um lado, como histórias com estrutura similar aos contos cumulativos tradicionais, em que a essência está na brincadeira com a linguagem, na acumulação das situações ou, por outro, como histórias nas quais a estrutura cumulativa aparece, em algum momento, no contexto de um enredo mais elaborado.



No primeiro caso, temos histórias como “A Casa Sonolenta”, “O grande rabanete”, “E o Dente ainda doía”, “Uma girafa e tanto”, “O maior nabo do mundo”, dentre outros. “A Casa sonolenta” já é um clássico e eu gosto muito também de “E o dente ainda doía”. Nesses livros, como nos contos tradicionais, o que seduz as crianças é essa maneira especial de contar aquela situação, de jogar com a linguagem, e sua composição meio nonsense, própria da narrativa fantástica. Esses livros contam mais uma situação – geralmente bem nonsense ou engraçada – do que propriamente uma história, com enredo que guia o leitor para o desfecho. O que prende aqui é o jogo da repetição e acumulação em si mesmo, embora o desfecho seja quase sempre uma surpresa. Algumas, entretanto, têm um enredo um pouco mais desenvolvido, como "O Nabo gigante". Recursos da linguagem poética se fazem frequentemente presentes nessas histórias, seja na utilização de versos e rimas ou no uso de elementos sonoros, como a repetição de palavras e as onomatopeias. No final das contas, constituem um tipo de narrativa que interage com o universo infantil naquilo que ele tem de mais precioso: a brincadeira. Brincadeira com a repetição, a recorrência, a surpresa e também com a linguagem.

Algumas histórias têm estrutura repetitiva e, lá em algum trecho, traz a acumulação. É o caso, por exemplo, do livro O caso do bolinho, de Tatiana Belinky, que tem elementos acumulativos no trecho que o bolinho fala que é redondo e fofinho e vai acumulando a enumeração dos personagens que não conseguem pegá-lo: a avó, a lebre, o lobo. Ver aqui.

Não é, como a Casa Sonolenta por exemplo, essencialmente acumulativo, pois nessa história, a estrutura do enredo é essencialmente acumulativa, desde a avó até o rato. O caso do bolinho, por sua vez, tem uma estrutura essencialmente repetitiva, seja na voz do narrador, seja quando todo personagem diz a mesma coisa do mesmo modo para o bolinho. Mas tem a acumulação na fala do bolinho...

É bom ressaltar que as definições de gêneros não são tão rígidas...elas são produtivas para organizar os diferentes gêneros e subgêneros, mas nunca devemos nos preocupar em colocar tudo em caixas muito bem definidas, pois essas fronteiras não são sempre tão bem delineadas. As obras em si mesmas são muito diversas e, frequentemente misturam esses elementos, ficando difícil delimitar. E, talvez, desnecessário. Bakhtin diz que os gêneros discursivos são enunciados relativamente estáveis...Então...não vamos ficar enlouquecidos buscando a todo custo querendo achar a "caixinha" onde classificar as histórias, ok? 




No segundo caso de apropriação da estrutura cumulativa na literatura infantil contemporânea, temos enredos mais desenvolvidos, que de fato contam uma história mais elaborada, constituída não essencialmente da sequência acumulativa, mas agregando à trama elementos próprios aos contos acumulativos em algum momento ou em certos trechos. Um exemplo de que gosto é o “Maneco Caneco Chapéu de Funil”, no qual seu autor, Luis Camargo, lança mão de um recurso próximo à acumulação em uma parte da história, quando conta como foi criado o personagem. 

Tatiana Belinky tem um conto intitulado "Que bagagem", no livro "Di-Versos Russos", em que uma mulher viaja com muita bagagem  e com seu cãozinho,  que, no decorrer da viagem,  se extravia. E aí se apresenta a situação-problema. A lista da sua bagagem - "uma arca, um cestão, um quadro, um colchão, um saco, um caixote, mais um cachorrinho-filhote..." - é repetida a cada momento da história, variando apenas o refrão. 

O livro “Tanto, Tanto”, de Trish Cooke, da Ática, utiliza-se também do recurso e a autora Eloí Elisabet Bocheco apresenta dois livros em que usa bastante a acumulação para contar as aventuras da bruxinha Elisa: “O pacote que tava no pote” e “Contra feitiço, feitiço e meio”, histórias que dão margem a muitas propostas inter e extratextuais e levantamento de hipóteses... 

Bem interessantes são as histórias da coleção Conta de Novo (FTD), de Ana Maria Machado que, com maestria, retoma os elementos dos contos acumulativos tradicionais – alguns são contos folclóricos recontados – e os insere em enredos engraçados, mirabolantes, que podem agradar bastante às crianças maiores, do primeiro ano. Traz um vocabulário também mais  próprio a crianças dessa faixa etária. Cito “O Barbeiro e o Coronel”, “Pimenta no Cocuruto”, “Uma boa Cantoria”, Ah, cambaxirra se eu pudesse... e “O Domador de Monstros”, todos recorrendo a sequências acumulativas e repetitivas em seus enredos. E muitos devem lembrar de alguns deles de sua infância... Devo a Ana Lúcia Antunes a lembrança dessa coleção, quando falei para ela que estava fazendo um post sobre histórias acumulativas. Valeu, Aninha!


  

Ah, cambaxirra se eu pudesse... e “Pimenta no Cocuruto” são típicas histórias de acumulação, bem próxima da estrutura dos contos tradicionais. Aliás, como a autora mesma revela, em geral são contos que ouviu por aí recontados por ela. O conto “Pimenta no Cocuruto” é uma versão do “O cachorro-do-mato e a galinha-carijó”, registrado no livro citado de Ricardo Azevedo, bem como do "O céu está caindo", no livro citado de Rosane Pamplona.  Já em “O Barbeiro e o Coronel” há um enredo mais elaborado e, em certo momento, aparece a estrutura cumulativa, bem como trechos de repetição. Dá para ouvir um pedacinho dessa história, pois ela era uma das histórias da Coleção Taba, que citei anteriormente. Eu tenho ainda esses vinis, mas na internet só achei a versão pela metade...aqui

Em “Uma boa cantoria” também há um enredo mais elaborado, mas a acumulação é igualmente bem presente e marcante na trama. No “O Domador de Monstros” – como também é o caso do “Maneco Caneco”, de Luis Camargo, citado acima – aparece tanto sequências de repetição encadeadas quanto de acumulação de enunciados propriamente. 

O que é interessante ressaltar é que, nessas histórias, não se trata de enredos simples, cadenciados, nos quais a graça maior é no jogo de palavras, a embolação da acumulação, como são geralmente caracterizados os contos cumulativos. Embora esses elementos estejam presentes, trata-se, nesse caso, de narrativas propriamente ditas, em que os enredos, mais complexos, prendem o leitor não apenas pela brincadeira com a linguagem, mas igualmente, e talvez principalmente, por sua trama bem armada, independentemente da estrutura acumulativa.

Aliás, Ana Maria Machado tem outros livros com estrutura cumulativa, a exemplo do "Camilão, o comilão", da Salamandra, que é mais simples que esses, para crianças menores. Muito divertido, já tem várias edições também. E deve ter outros... 


Encontrei uma história acumulativa curiosa no livro “De onde tudo surgiu e como tudo começou (tudo, tudo mesmo!)”, de Lia Zatz e Graça Abreu, da Moderna, um livro de narrativas do “como” e do “porquê” de várias coisas. Inspiradas nos contos tradicionais, as autoras criam explicações divertidas para várias situações como: por que a girafa tem pescoço comprido, por que o caracol carrega a casa nas costas, como surgiram as línguas, dentre outros mistérios. O conto “Por que o caranguejo não tem cabeça” é um conto acumulativo curioso. É que ele começa já apresentando uma situação acumulada, desencadeada pelo caranguejo, e, depois, o chefe dos animais vai questionando de um por um, cada personagem, sobre o porquê de terem feito certa ação. Nisso as situações vão se desenrolando ao avesso, sendo narradas por cada um, que vai colocando a culpa no outro e no outro, e novamente se acumulando. E o caranguejo termina sendo o grande culpado por ter perdido sua cabeça.


Há alguns livros que trazem coletâneas de contos acumulativos e gêneros semelhantes. Além do livro já citado de Ricardo Azevedo, “Contos de bichos do mato”, que traz alguns contos com essa estrutura, sugiro mais três deles, dois já referidos acima. Um é o “Era uma vez...três”, de Rosana Pamplona,  que traz contos de nunca acabar, acumulativos, trocadilhos e outros. O outro é o livro intitulado “Uma Viagem Desastrada e outros contos cumulativos”, de Zuleika de Almeida Prado, que contém seis contos cumulativos bem brasileiros e com diferentes estruturas.


E a outra sugestão é um livro chamado “Giros: contos de encantar”, de Mila Behrendt, com contos cumulativos, enumerativos, repetitivos, ampliando esse conceito para algumas parlendas encadeadas.

Bom, gente, por ora, as sugestões de contos que têm a estrutura repetitiva ou acumulativa, seja da tradição oral ou da literatura infantil contemporânea, são essas. Muitos outros estão por aí, para irmos descobrindo, uma vez que possamos identificar suas características. E lembrando-se sempre de que conhecer essas características nos ajudam a explorar melhor os textos, mas as classificações rígida de gêneros, colocar rótulos, não é o que importa mais, especialmente para as crianças, e sim sua fruição.

E como quem conta um conto, aumenta um ponto... é interessante ressaltar uma curiosidade que li no livro de Zuleika citado acima: não se sabe a origem dos contos acumulativos, mas é muito provável que alguns deles tenham sido criados coletivamente, nas contações em volta de fogueiras, alguém começando e outro continuando, amarrando ao anterior, acumulando de contador em contador, cada um aumentando um ponto, criando-se, assim, um conto. Daí já nos dá uma ideia para criar, oralmente e coletivamente, novas histórias também...

É isso, gente. Logo mais continuo esse post com a discussão sobre histórias acumulativas  e a leitura e alfabetização, anúncio de material a partir desses textos, bem como com o post dos Tangolomangos. Em breve! (E agora já estão devidamente postados aqui, aqui e aqui).

Abraços,
Lica

P.S. Depois, muito depois, de fazer esse post, encontrei alguns livros legais com histórias acumulativas. 

Um é o Ponto por ponto: costura pronta, que vocês podem ver aqui. A acumulação vai mostrando desde a linha no tecido, passando pelo algodão que faz a roupa, indo a outras peripécias impensáveis. É esse:



Um muito muito simpático, chama O grande livro de Zack, de Ethan Long. Ele traz uma acumulação bem tradicional, mas lá para o fim, apresenta uma reviravolta interessante. Além disso, tem um formato interessante de caderno de linha, trazendo o texto e as ilustrações como se fossem desenhadas nele. Muito legal! Olha ele aqui:



Já estamos no planejamento da produção de nossa história acumulativa para por no caderno fornecido no livro do Zack, eu e o meu filho, que, ao vê-lo, já bolou essa estratégia: vamos bolar e formatar a história em um caderno comum primeiro, fazer um planejamento, um rascunho, e depois passar para o Caderno, segundo ele, para ver se vai caber e para ficar mais bonito depois. É... 



E um outro livro, esse bem diferente, é o Abra este pequeno livro, que traz vários livrinhos dentro uns dos outros. A história acumulativa vai seguindo o abrir de cada um deles e, depois, o fechar de cada. 

É um livro não só para ler, mas para apreciar. Para ver uma demonstração da versão em inglês, acesso o youtube, aqui.




Ah, na Revista Emília tem uma boa crítica a ele: Revista Emília

É isso, gente, mais algumas dicas renovando esse post! 
(Maio 2014)

Divirtam-se!
Lica


Algumas referências:

AZEVEDO, Ricardo. Conto popular, literatura e formação de leitores. In: SILVA. René M.C. Cultura popular e educação: salto para o futuro, Brasília, 2008. Disponível em: 
http://www.tvbrasil.org.br/fotos/salto/series/151433Contoreconto.pdf
CASCUDO, Luís da Câmara. Literatura Oral no Brasil. 3 ed. Belo Horizonte: Ed. Itatiaia; São Paulo: Ed. Da Universidade de São Paulo, 1984.
_________. Contos Tradicionais do Brasil. Rio de Janeiro: Edições de Ouro:1967.
_________. Dicionário de folclore brasileiro. 10.ed. rev. atual. e ilust. São Paulo: Global, 2001
ROMERO, Sílvio. Contos Populares do Brasil. Belo Horizonte: Ed. Itatiaia; São Paulo: Ed. Da Universidade de São Paulo, 1985.