segunda-feira, 15 de maio de 2017

Sobre materiais, produção de materiais e o que é antigo...

Raimunda era o nome dela...Dava pra se perder nos seus longos cabelos, tão compridos que eram. Enquanto "dava" suas aula, não dava para não nos perdermos em algum fio preso no coque, imaginando se, soltos, iam até os joelhos. As letras e os números se embaralhavam constantemente, interrompidos por esses pensamentos...

Raimunda tinha uma tesoura. Uma tesoura grande, de picote. Cortava bordas de pequenos papéis coloridos que se revelavam cheio de dentes, diante de nós, igualmente cheios de dentes em sorrisos de perplexidade... Chegavam assim os enunciados matemáticos ou as consignas de interpretação de textos, sempre embalados por cores e formas que os tornavam mais desejados, esperados, mais bem-vindos.
Os papeizinhos, que chegavam, às vezes, a nós, davam notícia de que as tesouras de Raimunda trabalhavam bastante (mas as de cortar papel, não a de cortar cabelo...esses insistiam em serem longos e misteriosos).

Eu adorava Raimunda. Eu adorava aqueles papeizinhos. Talvez eu adorasse Raimunda, porque eu adorava ardorosamente aqueles pedacinhos coloridos, cobertos de palavras, com marcas do gesto de escrever e de cortar. Talvez já se anunciasse aí minha vocação para as artesanias e para as "artes do fazer" próprias ao profesor. Eu a observava! Quieta, com adoração.

Eu era boa aluna. Sempre fui. Nunca precisei de banca. Mas, com Raimunda, eu fazia banca. Malandra! Era na banca que os papeizinhos nos frequentavam mais vezes. E mais coloridos. Podíamos, lá, observar as linhas retas se transformarem, diante de nossos olhos e ouvidos, em lindos picotes que formavam quadrados, retângulos, círculos, embalados pela melodia forte da tesoura deslizando no papel: crec, crec... Era uma tesoura pesada, o som que fazia era potente. E eu... eu observava atenta aquela transformação, que acontecia emoldurada por meus olhos ávidos de admiração e um desejo enorme de saber fazer tamanhas delicadezas. Ô tempo bom esse de ser tocado por algo singelo, de botar beleza em algo tão banal e pragmático, de demorar-se nos detalhes, durar nas belezas simples, de se sentir o vivido, tempo de ter tempo, tempo de silêncios, mesmo que barulhentos. Tempo de cultivar a atenção, a delicadeza, a espera. Esse pode ser também aprendizado do ofício docente, ajudar alunos a ver beleza no mundo.

Não sei nada de Raimunda...tanto tempo se passou...mas quando vejo hoje no que deu a menininha, aluna na escola e na banca, fico quase com certeza de que tem um pouquinho de Raimunda em mim e em meu "ser professora". E, claro, ela provavelmente nem se reconheceria em meu relato - ou nessa espécie de crônica - pois essa é a Raimunda que fiz para mim e transformei em um modelo de professora. Que, antes de tudo, soube me acolher na interação mais próxima, mesmo eu não precisando dela para questões de conteúdo escolar.
...
Vejo Raimunda hoje, quando observo olhos ávidos, embora já crescidos, diante de cores e formas, palavras e imagens, dentinhos e ondinhas, nas beiradas das coisinhas que faço. Não é só isso, claro, não é só sensorial ou material. Expressa um trabalho de alfabetização ali, e uma trabalho de formação. Expressa a própria artesania do ofício docente, para além das materialidades. É muito mais que isso, que papéis, gestos artesãos e recursos pedagógicos. Há sim, as mãos que fabricam, cortam, colam, escrevem, montam, numa ação de fazer pensando, gestos e pensamento formando amálgama. Mas há também as "mãos" que proporcionam experiências e apresentam aos estudantes o mundo a ser aprendido, apreciado, pensado, como Raimunda me apresentou também, por trás dos papéis. Ressoa em mim palavras de Jorge Larrosa aqui, quando penso nessas experiências singelas, mas potentes, e no cenário do ofício docente, de um professor artífice para além da dimensão material, que manipula materialidades, mas também o mundo, conduzindo a novos olhares sobre ele, transformações, aprendizagens. E também penso nele quanto ao tempo de cultivar a atenção e delicadezas, como a essas delicadezas das tesouras de Raimunda - ou delicadezas que criei ao olhar para esses gestos e materiais. Refiro-me aqui ao texto "Notas sobre a experiência e o saber de experiência" (LARROSA, 2002, p. 24). 

E destaco o seguinte trecho:
"A experiência, a possibilidade de que algo nos aconteça ou nos toque, requer um gesto de interrupção, um gesto que é quase impossível nos tempos que correm: requer parar para pensar, parar para olhar, parar para escutar, pensar mais devagar, olhar mais devagar, e escutar mais devagar; parar para sentir, sentir mais devagar, demorar-se nos detalhes, suspender a opinião, suspender o juízo, suspender a vontade, suspender o automatismo da ação, cultivar a atenção e a delicadeza, abrir os olhos e os ouvidos, falar sobre o que nos acontece, aprender a lentidão, escutar aos outros, cultivar a arte do encontro, calar muito, ter paciência e dar-se tempo e espaço”. (LARROSA, 2002)
O que os olhos ávidos de professores em formação me dizem sobre mim e o meu modo de ser professora, eu não sei ao certo...é como se eu aprendesse a fazer uma mágica, que só quem me olha, vê... Eu mesma não sei bem ver. Só fazer...só faço... é muito natural... O sensorial tem peso nessas coisas de afeto pelas artes e fazeres e na memória do que foi bom de nossa passagem pela escola. 

E a professora que sou revisita a menininha na escola, aluna de Raimunda, e a própria professora que ela era, com esses olhos de uma experiência que me tocou. Que olhei mais devagar, escutei mais devagar, que durei nela, e até hoje revisito no tempo da paciência de estar constantemente me reconhecendo, me formando e me constituindo como professora, esboçando a posteriori esse trajeto, e ajudando outros/as a se tornarem as/os professores que serão. E com isso tudo, busco sempre não perder meu laço com as experiências e a artesania desse ofício. É minha profissão, mas é também meu ofício, meu sonho, minha vida, minha forma de ver o mundo.

Mas é fato. Quer saber? Pensando em tudo isso, e mesmo que eu não saiba ao certo se tudo o que lembro e conto foi mesmo exatamente como lembro e conto, tenho agora certeza, mais do que absoluta, de que trouxe um pouquinho de Raimunda em mim. Do que fiz Raimunda significar para mim, os gestos, o acolhimento, as belezas singelas do ofício que aprendi observando-a em meu silêncio e maravilhamento.

E esses adultos de olhos ávidos que recebo em minhas oficinas de produção de materiais para alfabetizar também podem saber das mágicas que podem operar pequenos detalhes no dia a dia de uma sala de aula...inclusive valorando os gestos de fabricar coisinhas coloridas para seus alunos. São esses que vejo chegar perto de mim, querendo aprender a fazer esses materiais, deslumbrados quando percebem que podem mais do que pensavam; felizes de se verem em suas produções, pois mesmo materiais idênticos saem muito diferentes pela arte de cada um; surpresos de aprender alguma técnica ou estética bem simples, mas que nunca tinha ocorrido antes; atentos para tudo o que pode ajudar na beleza e funcionalidade do material para o uso na sala cheia de meninos e meninas aprendendo a ler e a escrever; e refletindo para além do material, sobre seus usos pedagógicos, alcances, limites e adaptações...

Mas eis que, vez por outra, encontramos um que – mesmo que com certo encanto no canto do olho – avalia essas produções como algo “meio antigo”...E aí vamos falar sobre isso de "antigo".

Se antigo é esse fazer do professor, que como Raimunda cortava coisinhas para suas crianças, digo “que pena”! Que pena que a necessária profissionalização docente, combinada com condições de trabalho frequentemente sufocantes, tirou essa fabricação de materiais das agendas do professor, assim como a escola mercantilizada vem minando a dimensão artesã e autoral desse ofício. Que pena que não se tem mais tempo para fazer isso, que há tantos sistemas estruturados, pré-determinados, que pena que há muitas patrulhas sobre a produção autoral dos professores, que pena que muitos esperam que tudo já venha pronto, padronizado... e com menos chance de despertar a lembrança de um professor por aquele gesto singelo que só ele tinha de cortar o papel e de nos tirar um sorriso, ou de chamar nossa atenção para algo do mundo pedindo um outro olhar... Tá, se sou antiga? Sou...e sou com certo orgulho de mim por isso. Ponto! Tenho alguma nostalgia da escola de outro tempo? Talvez. Nada que não possa suscitar argumentações interessantes, que deixo para outra ocasião. Por ora vamos futucar essa ideia de "antigo".

Mas se "antigo" é porque são materiais feitos com papel, essa “coisa antiga”, diante de um mundo cada vez mais tecnológico, quanto a isso, também há muitos argumentos, mas estou com preguiça de desenvolver. Quem vive a sala de aula e quem experimenta os materiais, sabe bem do que estou falando. Ademais, numa escola que vai se alinhando, cada vez mais aos ditames do mercado, à lógica dos resultados, dos imperativos tecnológicos, das performances instrumentais, vejo algum valor na afirmação da dimensão artífice do ofício docente. De todo modo, já escrevi um pouco sobre isso aqui, há muito tempo atrás, e lá já trago alguns argumentos sobre a questão da tecnologia. Por ora bastam. AQUI

Por último, e mais grave de todas as observações (e por isso desenvolverei mais detalhadamente), é de quem faz muxoxo, por julgar antigo um material que traz palavras, letras, reflexão sobre sons – essas unidades da língua menores que o texto, tão mal compreendidas em um modo tradicional de alfabetizar, e tão maltratadas quando encontramos modos mais amplos de compreender a questão da linguagem.

Ora, ninguém está negando o fundamento de base de que a apropriação da escrita se dá no contexto da linguagem viva, de práticas letradas, no convívio com a cultura escrita. Afirmar o texto, os gêneros discursivos, foi um avanço nas concepções de ensino e aprendizagem da língua escrita, mas na prática, houve equívocos, dicotomizações e também reducionismos ligados a isso. Mas falarei hoje apenas de um aspecto dessa discussão, que se refere ao lugar em que se jogou o trabalho com a "faceta linguística" da apropriação da língua escrita. Não podemos “jogar o bebê fora com a água do banho”, como se diz. Virou quase heresia propor atividades em que a reflexão foca em letras, sons, palavras, sem o contexto de um texto (como se, aliás, jogar e brincar com sonoridades e palavras não fossem também, por si só, práticas socioculturais, em contexto de jogos, de brincadeiras com a oralidade lúdica). A alfabetização precisa focar também nos aspectos linguísticos, sejam esses notacionais ou fonológicos – não podemos esquecer que a notação alfabética é de base fonológica, ou seja, não é possível alfabetizar sem que essa dimensão esteja presente de algum modo. E ortográfica, ou seja, é preciso ir dando conta das convenções da escrita, perverso é esperar que descubram isso sozinhos.
Então, é preciso que se possa compreender a importância da faceta linguística (como diz Magda Soares), junto às facetas socioculturais e interativas – e nisso não há nada de antigo. As crianças são capazes de explorar inteligentemente o mundo da linguagem, dos textos, das palavras, mas também das letras, dos sons da língua, de palavras e parte de palavras... Trata-se de cognição, não de percepção. De metacognição. Refletir, construir conhecimentos na interação com os outros e com o objeto de conhecimento é diferente de treinamento mecânico, descontextualizado. 

Não há porque deixar as unidades menores que as palavras de fora das possibilidades de reflexão na alfabetização. A criança pensa – e pensa sobre tudo! Desse modo, é preciso rediscutir certas práticas e didáticas que ignoram a reflexão fonológica e o ensino sistemático de aspectos linguísticos do sistema como situações produtivas para a criança avançar nas suas construções e apropriações do funcionamento da escrita. Já viu banir as letras como algo meio “pouco” e menor no ensino da escrita? Já viu que absurdo tomar unidades como sílaba, fonema quase que como “palavrões”? Claro que a questão é COMO se faz isso. Não precisamos sair do oposto de uma alfabetização mecânica, baseada no ensino descontextualizado e repetitivo de letras e sílabas para o extremo de banir essas unidades do processo de ensino da língua escrita. É perverso não abordá-las, ou abordá-las muito assistematicamente em situação de uso dos textos, mas esperar das crianças que construam sozinhas esses conhecimentos. As situações de usos de textos podem ser também sistematizadas para se refletir sobre a notação escrita. Aliás, não é justo isso que propomos ao partir de textos da tradição oral? 

E aí, justamente, é que os jogos e materiais diversos para a alfabetização entram, como possibilidade metodológica produtiva de reflexão sobre a língua em contextos lúdicos e letrados. Assim, longe de antiga, a concepção que embasa os usos desses materiais é muito contemporânea, pois, assumindo a escrita como prática social e sistema complexo de notação da língua, busca caminhos para articular as aprendizagens linguísticas às socioculturais e discursivas, já liberta de concepções hegemônicas que, ao questionar os velhos métodos, jogaram fora junto aspectos importantes para a alfabetização. Busca a INTEGRAÇÃO! 

De qualquer modo, embora possibilitando situações de reflexão sobre a escrita baseadas em concepções contemporâneas de alfabetização, esse momento de fabricação e conversa, de recorte e picote, de colagem e bricolagem, me lembra, sim, um viés de tempo mais antigo, mas bem positivo, em que as professoras faziam manualidades para levar aos seus alunos, num gesto jeitoso que, certamente, deixa marcas. Como Raimunda me deixou.

Se há algo de antigo relativo aos materiais que proponho nas oficinas, não é o seu uso ou as concepções subjacentes a eles. Talvez sim (ou não) os próprios materiais – artesanais na contramão de um mundo cada vez mais pré-fabricado – e a sua produção pelos próprios professores – que já não têm tempo, que “querem tudo pronto” - ou querem tudo pronto por eles, em um esforço de instrumentalização dos sujeitos, que passam a ser meros aplicadores do feito por terceiros. Não, não estou dizendo que os/as professores/as têm que fazer tudo, todo material. Não é isso, evidentemente. Materiais de referência, assim com práticas de referência são importantes referenciais para a ação docente qualificada, e lançar mão deles não significa não terem autoria. Ao selecionar, combinar, organizar a situação de ensino, tudo isso é essencial do ofício e é o que, de fato, torna materiais em recursos didáticos. Mas creio que deva também haver espaço para se fazer coisas para as demandas singulares de cada docente, considerando suas próprias experiências, repertórios culturais, e as próprias experiências singulares da turma. Eu ainda acredito em professores/as que querem ser autores/as de sua prática, que não querem tudo pronto, que querem sua marca e de suas crianças nas estratégias e recursos didático-pedagógicos que selecionam, utilizam e produzem. Desse antigo outro - ah, desse - eu quero sim que falem, desse tenho orgulho!

Por ora, é isso. Um abraço a Raimunda, onde quer que ela esteja! Ah, tem uma pró Vera também em minhas memórias...mas fica ela em suspenso. O que me restou dela foi o sentimento, a referência que foi para mim de acolhimento, a ponto de, mais tarde no meu percurso de escolarização, ter conquistado ir visitá-la em sua casa. Não lembro muito mais que isso. E tem Bisa - sobre essa guardo para mim, por ora - mas foi uma luz. Professoras que me constituíram e me fizeram, também, professora.
Lica  

Texto escrito no período das Oficinas de produção de material para alfabetização na FACED/UFBA, em maio de 2017.

Adendo em 2020: Lendo o livro Esperando não se sabe o quê: sobre o ofício de professor, de Larrosa com a colaboração de outros colegas, associei algumas das ideias ali discutidas a essa "crônica" de Raimunda, especialmente no momento em que li o trecho abaixo: 

(Belo Horizonte: Autêntica, 2018)

Observação: Entende-se "vocação" aqui no sentido discutido por Larrosa não como um termo que remeteria a um ofício idealizado e com tudo o que a ideia de ser vocacionado traria, o que ajudaria a deslegitimar a profissionalização docente, mas valorizando signos potentes desse ofício que traz (ou trazia) algo de artífice e  avaliando os ganhos e perdas do banimento da palavra "vocação" do léxico docente. No livro de 2021, Elogio do Professor, outras ideias sobre a palavra vocação aparecem no diálogo de Larrosa com Glaucia Costa. Larrosa assume aí também certa "nostalgia de outro estado de escola" nessa argumentação da docência como ofício e sua dimensão de vocação. 

20 comentários:

  1. Ah, Lica! Que bom chegar até aqui e ler esse texto! Suspiro assim igual essa menina. Não me recordo de nada disso na minha formação. Não sei nem o momento que comecei a ler, só sei que peguei um livro e o devorei. Não me recordo de brincar, não me recordo da leitura de algum professor. Não sei porque tenho tudo isso apagado na memória. Mas eu me recordo do meu pai fazendo versos, da minha mãe cantando hinos da harpa, da leitura da bíblia quando criança. Também recordo dos livros da Sabrina e Júlia que minha irmã trazia e eu lia escondido. Então, não sei como a menina se formou professora, só sei que encontro prazer a cada ano, e acompanhar você só me faz bem. Que bom que voltou com as oficinas, que pena que é tão longe. Tenho tanto a dizer! Estou fazendo um curso de alfabetização porque estou com uma turma de 2º ano, e faço uso dos materiais que você me orientou a fazer, tão gostoso vê-los interagindo, eles me dizem: professora, hoje vamos brincar com as letrinhas? rsrsrs. Te mandei um e-mail, bjs!!

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    1. Oi, linda!
      E eu já te respondi!
      Vejo memórias lindas aí também... com potencial grande para se embalar em uma narrativa bonita!
      E se há prazer, é porque teve vínculos bem potentes, mesmo esquecidos...
      Ou os vínculos familiares, que também contam muito!
      Vê lá no email as outras coisinhas que escrevi, viu?
      Bjossss
      Lica

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  2. Lica, linda, como foi bom ter vindo aqui, conversado tanto com você, querer aprender mais sobre o material que você desenvolve. Peguei uma turma de 2º ano e eles precisaram tanto desse material, e eu fui construindo, articulando, pensando em cada aluno, nas suas hipóteses, e eles vão avançando dia a dia, muitooo!! Meu coordenador pediu que eu enviasse o projeto para o Prêmio Educador Nota 10, e você acredita que estou entre os 50 finalistas? Estou maravilhada com tudo o que está acontecendo. Vai lá na página da Fundação e veja um resumo https://goo.gl/wM29TG Te agradeço muito por tantas e tantas conversas.

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    1. Que maravilhaaaaa, Susana!!!
      Me mantenha informada de tudo, heim?
      Só a classificação entre os 50 já é uma grande conquista.
      Fico muito feliz, mas principalmente, por saber que as crianças estão sendo contempladas, confirmando esses materiais como recursos pedagógicos produtivos.
      Parabéns para você e para sua escola...
      Comentei lá na página do Facebook da FVC.
      Bjos,
      Lica

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  3. Oi, Lica, os 10 finalistas já saíram, não fiquei entre eles, mas fazer parte dos 50 deu muita notoriedade para o meu trabalho. Os meus alunos estão todos felizes por darem entrevista para os jornais locais, rsrs, fofos de tudo. Obrigada sempre! Ainda tenho muito material para montar.

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  4. Claaaaaro!!!
    E isso também significa que tem muita gente boa fazendo coisas bacanas com as nossas crianças.
    Bjos,
    Lica

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  5. Pró, que bom que vai na contramão do mundo moderno. Desde a primeira vez que vi suas caixinhas de livros, os jogos pedagógicos fiquei encantada com o cuidado na fabricação do material, com a escolha de cada pedacinho de papel colorido para fazer surgir um jogo, com o cuidado e carinho que deixa expresso em cada material. Quero ser uma professora como a Raimunda, como você. Quero me deixar contagiar cada dia mais por esse cuidado, pela imaginação, por esse compromisso e dedicação à profissão. Parabéns pelo trabalho que desenvolve, me faz perceber que existe muitas possibilidades pedagógicas.

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    1. Que maravilha, Ana Paula!!!
      Vamos multiplicar as Raimundas, vamos abrir estradas, avenidas, mundos, no que parece contramão.
      Bjos

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  6. Ainda acredito nessa forma fascinante de ensinar! Concordo contigo, quando fala que tudo está automatizado e pré fabricado, hoje em dia na prática docente os professores não possuem tempo para nada. A falta de contato do professor e do aluno com o material que irá produzir alguma atividade é cada vez mais constante, vistos em caderno com carimbos, a falta do recadinho no diário e outras práticas distanciam os laços tão valiosos entre aluno e professor.Mesmo que pareça algo antigo ou desnecessário, a dedicação do professor em preparar suas atividades, a decoração da sala, jogos educativos etc.,demonstra o amor e empenho por seus alunos. A participação do aluno nessa produção é fundamental no seu processo de aprendizagem, o contato dele com os materiais possibilita que a cada passo ele compreenda o significado desses conhecimentos e de como ele acontece. Que a cada dia possa surgir várias Raimundas com essa linda essência do amor pelo educar!

    EDCB85- Mariana Costa.

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  7. Que bom que ainda há em nós, mesmo nesse tempo de hoje, essas Raimundas, em desejo ou em ação, não é Mariana?
    Abraço!

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  8. Na era da tecnologia e facilitação de aquisição de informação e estudo, materiais como a tesoura de Raimunda ainda possuem um elevado poder pedagógico em si.
    O recorte, o desenho, a colagem são brincadeiras antigas que precisam ser inseridas nos planos pedagógicos, pois trabalham a expressão de ideias, pensamentos e sentimentos. Tudo isto é linguagem e merece ter sua importância. Além destas qualidades ainda existe o quesito interação social, pois trabalhos como esse geralmente são feitos em grupo, reforçando laços de coleguismo e afeto.

    UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
    FACULDADE DE EDUCAÇÃO
    DISCIPLINA: EDCB85 ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
    ESTUDANTE: SANDRA MACHADO DA SILVA
    PROFESSORA: LIANE CASTRO DE ARAÚJO
    TURNO: MATUTINO

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    1. Pois é...temos que valorizar essas pequenas coisas que, de outro modo, vão ficando escondidinhas e invisíveis nas práticas pedagógicas...

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  9. Que bom seria se existissem outras Raimundas... Outras Licas.
    Só quem tem o privilégio de tê-lá como professora entende na prática que educar é um ato de amor. Pois, "perder tempo" produzindo material, já que estamos submersos no mundo da facilidade, é coisa que só o amor pela educação traduz.
    Se eu, adulta, espero ansiosamente por cada aula, para saber qual será o papelzinho da vez, imagina para uma criança que está recente e tem muita ânsia de conhecer as letras, os sons e as possibilidades.
    Assim como Raimunda, você inspira. E nos faz perceber quão importante é utilizar esses recursos, pois... papel e caneta sempre é ferramenta acessível para todos, enquanto que a tecnologia é apenas de um grupo.
    Que tenhamos cada vez mais Raimundas, Licas, papeizinhos coloridos, tesouras, colas... Que tenhamos vontade de construir, transformar, alfabetizar e letrar por amor.

    EDCB85 - Daniele Lima de Amorim

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    1. Inspirar isso em você é a minha glória!
      Obrigada, Daniele!

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  10. Como é significativo ter a certeza que é bom ser antigo!. Passei por esse período, mas, como aluna, onde tudo se era criado com muito amor e carinho, onde o trabalho manual de fazer os pequenos detalhes acabava sendo prazeroso e um deleite(digo isso com propriedade, pois ainda carrego alguns desses detalhes). É muito bom ler histórias assim, e conforta saber que ainda existe profissionais que pendem para esse lado, o lado da criação.
    Vejo que é muito mais fácil procurar na internet ou ir a armarinhos em busca de algum brinquedo ou algo de cunho pedagógico que ajude em sala de aula, mas por que não viver a sala de aula um pouco com os alunos e tentar produzir algo a altura do que eles realmente necessitem? Buscar explorar as dificuldades de cada um e desenvolver atividades que venham a despertar esse lado deslumbrante da criança! Esse é um dos desafios que são encontrados e questionados por alguns profissionais da educação que realmente se importam com a educação e o educar dos pequeninos. Aprendi há pouco tempo com uma amiga, que se faz muito mais preciso um material para as crianças no qual tenha sido criado pelos professores, pois é uma forma de se está ligado à criança e as suas dificuldades dentro do processo de aprendizagem. Ajudei muito no processo de alfabetização da minha irmã, mas ainda não tinha o conhecimento da produção de matérias didático, hoje eu tenho a plena certeza que eles teriam ajudado bastante! Depois da leitura desse texto, sinto que tenho uma missão. A missão de ser antiga!!

    EDCB85-Sirlândia Oliveira Anjos

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    1. Eita missão boa, né? Melhor ainda é ser antiga e contemporânea, tudo ao mesmo tempo agora...porque aí é bem prafrentex, nada antigo!
      Agora, veja, não podemos dizer que os professores que não fazem materiais sejam profissionais da educação que não se importam com a educação e o educar...são muitos fatores em jogo, o tempo - que por vezes é cruel pela necessidade de trabalhar dois, três turnos - as exigências das redes...são tantas, tantas coisas que extrapolam o professor, que é injusto que ele seja responsabilizado sozinho por isso. Pense nisso!

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  11. Lica, lembrei de sua fala na aula sobre Raimunda e vim aqui procurar mais um pouco sobre ela... Ter uma inspiração é sempre bom, né? Melhor ainda é quando se é possível dividir com outras pessoas suas vivências, aprendizados e experiências como você faz!
    Os jogos promovem a aprendizagem de uma forma bem mais lúdica, auxiliando no processo ensino-aprendizagem e no desenvolvimento psicomotor. Esse é um comentário de agradecimento pelos ensinamentos dados até aqui e pelos que ainda virão! Um grande abraço!!

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    1. Flávia, depois que passar a correria de fim de ano e hospital, vai lendo com calma os posts que te interessem, tá?
      Vamos lá!

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  12. Que coisa mais linda a sua quase-crônica. Que bonito falar desse assunto passeando e costurando com suas memórias. E gostei demais de refletir a partir de suas palavras no nosso ofício artesão para além da concretude da feitura de materiais concretos. Fiquei achando muito moderno ser "antigo"! Obrigada, Lica!
    Silvia Maria

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    1. Ei, Silvia! Que bom que gostou! Recuperar essa dimensão artesã e ser "antigo", de certo modo, nos ajuda a entrar em contato com uma ideia de professor e de escola que vem se perdendo diante da transformação do mundo em um grande mercado, pautado pela lógica de resultados imediatos, recompensas, utilidade, com a crescente mercantilização da educação e sua submissão à lógica de mercado e adesão ao léxico corporativo. De algum modo, essa experiência de conexão com esses rastros de nosso ofício no passado salvaguarda aspectos de nossa função docente bem esquecidas na contemporaneidade. É como vejo...
      Obrigada!

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